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economia; todos os ministros economicos fizeram esforços poderosos para salvar o seu paiz, mas não sendo esses esforços acompanhados de outras medidas, teem sido sempre infructiferos, e inefficazes: as revoluções é que tem vindo com os seus principios economicos e regenerativos salval-os do chãos em que se acham. Neker dizia, e impossivel lançar um tributo novo sem fazer todas as economias possiveis, mas essas economias não dispensam outras medidas; e Neker apesar da sua grande intelligencia, apresenta nos seus orçamentos muito maior despeza do que a receita produzia.

Sr. presidente, vamos ás economias, e peço licença aos meus illustres collegas militares para dar a minha opinião sobre o exercito. Eu intendo que nada ha capaz de satisfazer mais a ambição humana de elevar o espirito, e de embriagar as faculdades do homem, como a gloria militar, e as virtudes e grandezas da guerra; mas conservar um exercito sem distracção não se póde sustentar por modo nenhum.

Eu intendo, sr. presidente, que um exercito, no meio da Europa, em tempo de paz, perdoe-se a comparação, e como os caes do sr. Visconde de Laborim, que estão deitados e amarrados á porta, e em descanço, cançados das correrias das lebres, e promptos com o dente afiado para quantas montarias houver, a fim de mostrarem se o seu prestimo será como era d'antes.

Antes de tudo declaro que não tenho espirito de classe, mas se tenho algum, confesso que é pela classe militar; não posso negar os serviços prestados por essa classe, mas intendo na minha consciencia, que se os exercitos não tractarem de ganhar para si; se não tractarem de ajudar o seu paiz, se elles não derem ao paiz alguma utilidade pelos seus trabalhos, em recompensa daquillo que o estado gasta com elles, os exercitos devem acabar, porque a paz armada como está, é o maior flagello: por exemplo, a Russia diz mais 6:000 homens para ter a paz armada, a Inglaterra diz mais 6:000 homens para ter a paz armada; diz depois a Russia mais tantos mil homens para ler a paz armada; vem a Inglaterra mais tantos mil homem para conservar a paz armada, e deste modo gasta-se muito dinheiro sem necessidade, e tão segura fica uma nação tendo muita gente armada, como pouca, porque as forças se equipararam do mesmo modo.

Eu fallo diante de grandes illustrações militares, e confesso que por todas as classes da sociedade, é aquella por quem tenho algum espirito de classe; porém, que esta classe se desconsidera em tempo de paz, porque os officiaes limitam-se a irem commandar guarda da praça, e outras; e se passa por ahi, por exemplo, o Duque da Terceira, chama-se ás armas, faz-se a sua continencia, e o nobre Duque, se o official é do seu conhecimento, dá-lhe um risinho, depois manda-se arrumar armas.

Sr. presidente, diz-se vamos a fazer uma economia no exercito, mas pergunto como se ha-de fazer? Pela minha parte declaro que não ha governo nenhum que a faça, se se não fizer aquillo que eu penso. Os militares julgam que diminuindo-se a força do exercito, isso lhes prejudica os seus interesses; e não é pelo desejo de commandarem, nem pelo desejo de terem uma força maior, mas porque julgam que tirando das folhas do orçamento em que estão inscriptos os soldados, serão tambem tirados dellas os seus nomes. Sr. presidente, as economias não se podem fazer senão em grande, porque pequenas não valem a pena de se fazer. Ha muita officialidade no exercito que é incapaz de servir; por exemplo, um homem de certa corpulencia, um homem que possue certa relaxação de costumes, que nunca soube o que era fogo, por não ter apparecido ao pé delle, um homem destes bem se vê que é incapaz de pertencer a uma classe, em que é preciso haver o maior despreso por todos as cousas vis e terrestres. O que se ha-de fazer a um homem destes? Deve fazer-se lavrador, e lavrador no Álem téjo. Sr. presidente, occupando-me deste objecto, tracto uma questão que os srs. ministros podem resolver com grande utilidade para este paiz. Ha neste reino, principalmente na provincia do Alemtejo e na Estremadura, glandes terrenos incultos; e tendo-se fallado tanto contra os morgados, attribuindo-lhes a falta da cultura das suas terras, talvez nem todos saibam que no Ribatejo até os bois são morgados (Riso) porque encontra-se uma grande parte dos terrenos por cultivar, e pergunta-se a quem pertence este terreno? Pertence ao lavrador fulano; e porque razão está por cultivar? É porque é para pasto de 5, 6, ou 20 cabeças de gado; e este gado é de tal natureza, que para os jungir é preciso uma lucta, como a que se faz no campo de Santa Anna, lucta que principia pelas 7 011 8 horas, e acaba ás 11 horas; hora a que se podem levar para se começar o trabalho. E ha uns poucos de individuos que têem terrenos reservados para este fim, e dos quaes o paiz podia tirar grandes vantagens.

Ora, sr. presidente, porque não ha-de o governo pegar nos militares, que já não podem ser militares, e faze-los lavradores por um systema de colonisação, distribuindo por elles essas grandes porções de terrenos baldios que ha no paiz? É o que se tem feito na Belgica. Porque não ha-de o governo ser auctorisado a dividir as patentes em acções, que representam um certo contracto de guerra, e porque não ha-de dar-se o direito a esses militares de levantar sobre essas acções uma porção de terreno inculto o baldio que possam cultivar e converter por este modo tanta gente em lavrador, sem o querer ser, tornando-se assim uma pessoa util a si e ao seu paiz?

Tambem se apresentou a economia como uma razão forte e efficaz contra essa confusão de impostos que existem. Depois que se apresentou a economia como uma razão forte e efficaz para estabelecer as finanças publicas, veiu uma terceira época que era a da profusão do imposto sobre todas as cousas: apresentaram-se impostos sobre tudo, sobre o sal, sobre as pescarias; augmento de sizas; impostos para estradas; impostos para amortisação de notas; para as obras publicas, sobre o ferro, sobre o vinho; tantos addicionaes, e até nos titulos porque se cobravam as decimas, isto é, um imposto nos conhecimentos; e falla só por um imposto na mão do recebedor, quando elle chega a casa do collectado para receber. E o credito então era por todos os modos, e por todas as maneiras; havia credito a 10, a 20, a 30; credito com esta companhia; credito com aquella; credito com esta que hoje se levantava para cair ámanhã; era o credito a cair hoje e a levantar-se no outro dia. Está claro que todos estes systemas haviam de morrer, porque eram os fados que os matavam. Era preciso outro systema sobre as ruinas de todos elles, porque depois de todas as theorias esperdiçadas, depois de todos os extremos