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Sr. presidente, mas já se disse — o banco não estava costumado afazer outras transacções, está costumado só a fazer transacções com o governo; e como não está costumado a mais nada do que isto e estava nesse costume, não póde sair disso. Isto é uma bella razão economica! Eu, sr. presidente, não teria duvida em votar por uma lei que dissesse — o banco de Portugal e todos os bancos quantos aqui ha, ou quantos poderem haver, não emprestam dinheiro ao governo senão em tres casos — guerra externa, sublevação interna, e melhoramentos materiaes; em outras transacções não entram absolutamente, compram a divida fluctuante como qualquer particular na praça, em ella estando regularisada, e a respeito de direcções essas não podem ser reeleitas, porque sendo reeleitas brevemente estão envinagradas; está lá algum espirilo infallivelmente.

Eu peço desculpa á camara de me ter distrahido I.om isto. Já se disse que a commissão de inquerito ao banco tinha de vir tosquiada do banco; nem vai tosquiar, nem ha de vir tosquiada; entra com a lã com que vai, e sae com a lã que levou, isso decididamente; mas a respeito do estado do banco não está tão lanzuda como podem crer as alias intelligencias de que nós nunca nos podemos esquecer, por que nos repetem aqui que cá estão, que são alias e levantadas e nobres e superiores.

Sr. presidente, já se disse, já se comparou até o banco de Portugal com o de Inglaterra, e disse-se isto como resultado de um trabalho improbo, para o que se tinha andado em busca de documentos muito instructivos, revolvendo-se toda a sciencia sobre o assumpto que não era sabido, e no fim de tudo, estas comparações tinham-se firmado em documentos que teem sido tão profusamente impressos que se vendem pelo mais vil preço que se póde dar. Não é com um entrouxado de cifras que se prova a divida do banco. (O sr. Cunha Sotto-Maior.) — Mas refute agora) Se se perguntar se o estado deve ao banco, não tenho duvida em o affirmar; mas dizer-se por que o estado deve ao banco, venha para cá o que o banco quizer, não estou de accordo.

O banco de Inglaterra, disse-se, quando acabar o contracto, hão-de pagar-lhe o que lhe devem. Mas póde comparar-se o banco de Portugal com o de Inglaterra, ou com outro qualquer Discutiu-se nesta ordem tudo quanto havia, mas ainda senão apresentou um unico exemplo em parte nenhum da Europa de andar um governo em guerra com o banco. A Hespanha, ião catholica como é, tem andado em guerra com a igreja, com os partidos politicos, com os pertendentes, com os socialistas, com a republica, com o credito, com o orçamento e com tudo quanto ha, menos com o banco. O que póde dizer-se tambem, é que em parte nenhuma se atacou o banco como aqui. Mas é que lá não se ataca; Já manda se, por que ou os bancos são independentes, e então fazem o que querem, ou dependentes do governo, e nesse caso sujeitam-se ás suas determinações. Fallou-se tambem no banco de Vienna, a quem o governo tem dado toda a protecção, que tem exigido. — É verdade — porque, o banco de Vienna tem servido o governo em todas as situações; porque o banco de Vienna, nomeio da crize, em que o governo se achou, deu-lhe recursos não só para as despezas da guerra, mas para ir costeando os melhoramentos materiaes. Sr. presidente, disse-se que o fundo de amortisação não dava nada, não dava senão para uma ou duas legoas de linha de ferro, e que ninguem faria o caminho, senão quando estavam os recursos todos juntos para o emprehender; e que nós nos abalançavamos a começar uma obra, sem a certeza de que ha de ser concluida. Mas quando se tira o fundo de amortisação ao banco, então o banco não póde viver sem elle; então faz-se tudo, para que lhe seja restituido; então presta-se a todos os melhoramentos!! Pois se o banco não póde viver, sem o fundo de amortisação, para que lh'o tirastes? Vós tiras-tes-lho para o matar, e se o matastes, para que o quereis ressuscitar? Só se a medida produz differente effeito pelo tempo, em que foi tomada.

Pois o nobre deputado não tem agora os seus desejos satisfeitos? Lembra-me uma historia de um grande mestre culinario, que fazia sempre um jantar estragado, e perguntando-lhe o dono da casa — por que era, que o jantar se estragava — respondeu o afamado cozinheiro — porque veiu muito cedo; no outro dia veiu á hora propria, e querendo jantar, saiu-lhe o mestre da cozinha dizendo — que não tinha jantar, porque o comera todo o galo. De maneira que assim se está sempre a respeito do illustre Deputado, esperando ver a realisação dos seus planos, e agora espero, que vote com o sr. ministro da fazenda, que realisou o desideratum das suas finanças; (O sr. Avila: — lista enganado) talvez; aqui está o relatorio da operação de 31 de dezembro (Leu).

Avista disto fica patente a posição em que se collocou o nobre deputado. — Já está acabada a fluctuação da divida; as rendas publicas já estão desembaraçadas e libertas de um commercio improductivo e esteril, e por consequencia resta só applicar estes meios aos melhoramentos uteis; e deparando-se a occasião de haver um ministro que realisou esse pensamento, não deve o nobre deputado perder os ensejos, que se lhe offerecem, ou dentlro do poder ou fóra do poder, para ajudar o governo a poder levar as cousas ao fim, visto que nem sempre Deos tem disposto de nos entregar a nós proprios o desenvolvimento dos nossos pensamentos. Não digo que isto seja muito para a organisação da fazenda, mas é alguma cousa; e o nobre deputado, a quem as revoluções estorvaram sempre de levar ávante o seu pensamento de salvar o paiz, uma vez que a solte compõe as cousas de maneira, que lhe tira sempre das mãos esses meios de salvação publica, o que deve fazer é acceitar as condições da mão daquelles a quem a sorte chamou para as realisar: não póde ler outra cousa no seu pensamento, porque é esse o sacrificio que deve fazer da sua ambição, se é que a tem (O sr. Avila: — Não a tenho).

Então direi uma cousa, sem querer offender o seu melindre, estou persuadido que o illustre deputado tem culpa nestas cousas, estou persuadido que os financeiros é que tem estragado este paiz.

Depois da revolução de 27 de janeiro de 1842, é força confessar que o chefe dessa resolução veiu para Lisboa com a intenção e vontade de se libertar, e não mais sujeitar-se aos poderes e influencias monetarias, porque via que nenhum governo podia ou devia a ellas sujeitar-se, porque sob taes influencias nenhum estado póde ser governado, nem nenhum homem póde governar. Com as determinações do banco e companhia confiança é impossivel governar conveniente, e