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cebedorias geraes, foi extremamente contrariado em tudo isto, mas o Rei apoiou.

Agora Colbert. Este chegou a prohibir os emprestimos com pena de morte, depois fê-los pelas necessidades da guerra, mas fez reducções estupendas na divida, porque reduziu-a pela terça parte, depois reduziu-a ainda mais, e depois não pagou pelo nominal, depois das reducções pagou pelo preço da praça. Todos os rendeiros nessa occasião, todos os prestei mistas se levantaram contra elle, e passaram se tambem scenas desagradaveis, teve de se escapar, foram accommette-lo em casa de um magistrado desse tempo e escapou milagrosamente. Colbert foi bancaroteiro, nem podia deixar de o ser, porque o fomento tem uma certa concordancia com a banca-rota, quer dizer, todo o homem que quer utilisar o dinheiro, tem uma certa repugnancia em o queimar em emprestimos. De maneira que, ir. presidente, metteram o illustre deputado em engano.

Bravo Murillo. Disse-se «foi um triste exemplo citar Bravo Murillo. Oh! Que exemplo terrivel e deploravel! Pois este homem perseguido, banido do seu paiz, que teve de fugir para escapar á indignação publica, é quem se ella! Foi um triste argumento cita-lo. Embora Bravo Murillo tivesse fugido do seu paiz, embora elle tivesse sido obrigado a isso, em consequencia das medidas violentas que empregou, e que tem isso? Pois nós estamos em estado de não poder fazer justiça aos homens, de não reconhecer as qualidades boas de um homem em consequencia das qualidades más que elle tem? Bravo Murillo era um homem violento, violentissimo, reaccionario, que não tinha as idéas do seu tempo, do tempo em que geriu os negocios publicos, que teve a desgraça de acceder talvez a suggestões contrai ias á liberdade do seu paiz; mas era um homem de estado reconhecido, sabido e confessado pelos seus proprios adversarios, e que fez muito bem á Hespanha.

Mas, sr. presidente, ouvi dizer, a Hespanha, o que ella agora está sentindo, é o resultado das medidas que tomou contra o credito. Esta observação é notavel quando feita pela boca de um illustre deputado, que como ministro tomou as mesmas medidas! Entre nós tem-se deixado de pagar arbitrariamente, sem fórma nenhuma de ponto ou de conversão, não tem existido fórma alguma regular de pagamento, não se paga a ninguem. E até uma vez o sr. barão do Tojal veiu declarar-nos aqui cheio de ufania, coberto de gloria — não paguei os juros da divida ingleza. — Ninguem lhe perguntou então se era por conversão ou não; se não foi por conversão, foi por uma operação que se parece com essa, foi pela operação de não pagar. (Riso)

As conversões fazem-se quando o credito de um estado está pujante. Como quer o illustre deputado applicar as theorias do credito pujante para o credito decrescente? Quem tem muito credito, é que faz conversões, porque a conversão não é senão o uso do credito melhorado para alliviar os onus do credito de peior condição; mas quando o credito está abatido, o remedio é não pagar, ou collocar as rendas publicas de modo, que habilitem o paiz a pagar alguma vez.

Já ouvi dizer que os credores inglezes concordavam em deferir a nossa divida por 5 annos — unia parte della; e aconselharam certas medidas. Eu concordava; porque quando um inglez dá um conselho serio,

Verdadeiro e justo, a respeito das nossas cousas publicas, digo que se tome esse conselho inglez, ou seja de quem fôr, quando elle se não der com as portinholas abertas, porque não admitto que me deem conselhos com o bastão levantado; mas quando m'os dão em bom termo, não tenho duvida nenhuma em os acceitar. Dizerem os credores inglezes — defiram a divida — o que denuncia isto? O bom juizo; porque sabem que um paiz carregado de dividas, nunca póde pagar sem melhoras de condição. Esta declaração dos credores inglezes, feita ou apresentada como conselho amigavel, podia considerar-se no caso de não ser desattendida, mas o facto é que então não se fez nada a este respeito, senão pelo lado negativo.

Sr. presidente, todas as nossas finanças teem sido falsas: é tirar-se de um lado para dar ao outro, e feitas as contas ao do que podemos dispor, e ao que podemos pagar, não podemos pagar, seja; mas não só havemos de pagar isso que pagamos actualmente, mas mais, porque é preciso habilitar o paiz a pagar mais. O nosso orçamento deve ser de mais 6:000 contos, tem de pagar o povo mais esta somma; agora a questão é de haver um governo, que lhe faça pagar estes 6:000 contos mais, dizendo elle são muito bem pagos, estou muito contente, estou perfeitamente nesta minha terra, muito bem governado, muito bem administrado, muito bem acariciado, e cheio de regalos, levam-me caro, mas merece a pena. Para ler isto é preciso paga-lo; mas com tanto que o povo possa dizer isto, voto que se pague até essa somma. Agora pagar e fallar ao povo com tudo o que o governo é obrigado a ministrar-lhe, isso é insupportavel.

Sr. presidente, eu não sei para que veiu toda essa fileira de economistas, que se citaram a respeito das conversões, quando é sabido que para as conversões, amortisações, ou pautas, as cousas hão de fazer-se segundo o motivo que as promove, e as circumstancias peculiares que se dão ao tempo em que taes factos teem logar.

Ora Malthus não queria senão converter a especie humana á regra de um scepticismo talvez barbaro, para a conter n'um numero de individuos compativel com as subsistencias, a que elle tinha dado uma lei verdadeira ou falsa; mas não se applicou a tractar de conversões financeiras.

Sr. presidente, não ha um é paiz, que não tenha feito muitas e successivas banca-rotas, nem é possivel organisar o credito, quando elle chega a uma grande indisciplina, a grandes abusos, senão por meios violentos. A questão é, que essa violencia seja feita com moderação, com prudencia, e com o espirito desaffrontado, e com intenção de levantar o credito das suas cinzas; porque o credito ou nasce de uma vida regular, de uma vida constantemente ao par, ou nasce de grandes córtes sobre desvarios, de novas normas, de novas regras, e de nova vida.

Eu peço aos Ilustres deputados que me digam e apontem um só paiz, onde o credito se tenha estabelecido sem ser por estes meios violentos. E como uma dessas tempestades, desses cataclismos que algumas vezes apparecem, em resultado dos quaes a terra mais improductiva se torna n'um campo o mais fecundo. Só deste modo é que ha de prosperar o credito; e espero que os credores do estado ainda hão de vir a conhecer as vantagens que lhes resultam das medidas que actualmente teem sido adoptadas pelo governo, porque a rasão é clara: os proprios accionistas do