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morreu, o mesmo pela resisteneia popular: desde que uma vez se disse ao povo — sereis livre de lautos vexames — o povo não se esquece mais, e constantemente pede a execução desse promettimento. Pela minha parte eu não me pouparei a nenhum meio de excitação patriotica, dentro e fóra do parlamento, para que esta medida seja levada ao cabo. Estou persuadido que o paiz ha de recebel-a com gratidão, e espero que o governo não desistirá do proposito em que está de a levar avante.

Sr. presidente, eu já ouvi aqui dizer que em certo tempo custou muito a arranjar maioria, quando se tractou de certas indemnisações; mas votaram-se. Estabeleceu-se um imposto para trotas. Tem-se feito muitas e muitas cousas em beneficio de companhias e particulares. E chega-se a occasião de fazer um beneficio ao povo, isto é, chega-se ao contracto do tabaco, e pára-se.

Em 1842 o contracto do tabaco ganhara tanta preponderancia, tinha tanta influencia, e dava-se-lhe tal importancia que chegou a apresentar-se como um poder do estado. Nas eleições proclamou á sua gente. Os contractadores dirigiram circulares aos seus empregados nos diversos pontos do reino, em que lhes diziam — este governo é o governo que convém ao paiz, é o nosso governo: queremos e determinamos que todos os individuos do contracto do tabaco votem com o governo. — Eis-aqui está o ponto a que chegou o poderio do contracto!... E deve isto ser consentido? Convirá isto á boa administração do paiz?... Ninguem dirá que sim.

Sr. presidente, o contracto do tabaco depois de encarcerar toda a gente que tem a infelicidade de lhe crescer no quintal um pé fie herva sancta, depois de o encarcerar por um tempo indefenido, ás vezes de sua alia caridade perdoa ao delinquente mediante uma multa de uma moeda ou menos!... Eu já uma vez concorri com COO réis para estas multas; isto é, já dei 600 réis para que um desgraçado que estava preso, obtivesse, completando uma certa quantia, do continuo o perdão. Obteve-o com effeito; e julgo que os contractadores no papel que passaram para esse fim, disseram: «Nós por graça de Deus, e pela lei do contracto do tabaco etc, damos perdão a tal individuo (Riso)

Sr. presidente, ao sr. ministro da fazenda compete apresentar os meios para que se substitua a receita que ao thesouro faltará em consequencia da rescisão do contracto do tabaco e sabão.... (Uma voz — Hoc opus, hic labor est) Mas se fosse um emprestimo de 4:000 contos, com facilidade se fazia — se eu ámanhã me levantasse com uma guerrilha em alguma provincia, achavam-se logo 2 ou 3 mil contos, para restabelecei a ordem, vinham operações mixtas, vinha tudo; mas para um objecto que reverte em beneficio commum, não se applicam os meios de que se póde dispor.

A questão para muita gente é se os contractadores ganham ou não com a rescisão do contracto do tabaco. Mas que me importa que elles ganhem ou percam? Se os contractadores foram infelizes, se não tem ganho no contracto, nem ganham, antes perdem com a rescisão delle, eu, sendo preciso, voto até uma indemnisação para nos deixarem por uma vez. (Riso) E cousa singular! Diz-se — os contractadores estão perdidos, estão a fallir — e não se quer ao mesmo tempo aproveitar esta occasião para abolir o contracto, simplesmente para se assistir ao desfecho dramatico de vêr fallir os contractadores!... Pois se os contractadores estão para fallir, venha já a abolição, e acabe-se a questão antes de apparecer a fallencia; rescinda-se o contracto já, não se guarde a rescisão para depois de fallirem.

Sr. presidente, se os poderes publicos não tiverem a coragem de acabar com o contracto do tabaco, ha de acabar com elle a publica opinião. Dizem que os srs. ministros fizeram uma dictadura, e promulgaram leis em contrario ao systema parlamentar, e destruidoras da sua força. Mas a apresentação da questão do contracto do tabaco ao pai lamento é por si só o maior testimunho de constitucionalidade e confiança no systema pai lamentar O governo fez multas leis beneficas, mas aqui estamos nós para fazer uma lei mais benefica do que todas as delle. Não reconhecemos os srs. ministros competentes para fazer leis, mas vamos provar que de certo não somos inferiores a elles em fazer leis beneficas para o paiz, porque todas as suas não são tão boas como esta; rejeitemos todas as leis da dictadura, mas votemos ámanhã a rescisão do contracto do tabaco. Ora se os parlamentos são proprios para resolver todas as questões, e teem em si todos os elementos para fazer prosperar o paiz, para que é espantar diante de uma questão destas, e resmungar diante das difficuldades della?

Diz-se: oh! Se este contracto acaba, que ha de ser de nós! Mas então o contracto do tabaco é alguma mina da Califórnia! Pois os contractadores não são recebedores das lendas publicas? O contracto do tabaco é um imposto, mais nada, absolutamente mais nada. Ha uma opinião media que quer estabelecer em logar da abolição total do imposto a administração por conta do estado — já fui dessa opinião, o sê-lo-ia em outro paiz, e se não estivessemos nesta situação; mas não o sou agora, porque esse é o meio de eternizar o contracto do tabaco, sendo o de o governo demonstrar a sua incapacidade para administrar, e de virem dizer então, fortes com esta experiencia — o contracto do tabaco é uma necessidade eterna neste paiz.

Mas, sr. presidente, nós temos conservado e feito grandes sacrificios para conservar o banco, temos votado impostos excessivos, e com tudo o banco ainda não está contente; quer que além destes sacrificios lhe conservemos os seus devedores; quer forçosamente ser pago pelo contracto do tabaco; e a fazermos-lhe a vontade, ha de subsistir o contracto do tabaco, para que possa esgrimar com elle, e attender aos seus creditos.

Sr. presidente, o contracto do tabaco é os amores de todos os falsos financeiros deste paiz; é uma pedra deste xadrez financeiro, com que estavam costumados os, nossos homens da fazenda; a outra é o banco. Em lhes fallando uma torre, ou um cavallo, fica o jogo desmanchado. É indispensavel, por exemplo, fazer avançar o banco, recua o contracto do taco; é forçoso fazer avançar o contracto do tabaco, recua o banco. Ora, se nós desmancharmos o jogo, não torna mais a haver falsas finanças.

Só me faltava vêr, depois de tantas luctas, que o meu partido desperdiçava, fosse por que consideração fosse, uma occasião de assignalar o seu nome em uma lei ião benefica, de prestar um serviço tão relevante ao seu paiz.

Sr. presidente, eu sempre tremi com medo, de que