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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Assim ficámos sabendo que os grandes principios economicos e administrativos pelos quaes se governam as nações, e em virtude dos quaes ellas se engrandecem e se mantêem em um certo grau de prosperidade, tudo isto não vale nada; tudo isto deve ser expungido e abandonado, para ser substituido pelo novo systema financeiro que s. ex.ª nos apresenta, e com o qual tenciona combater e, matar o deficit (riso).

N'estas circumstancias temos que nos resignar, por isso que não podemos alojar a esperança de que s. ex.ª, com taes meios, possa conseguir o seu fim.

Tinha ainda algumas considerações a fazer, mas visto que a hora está adiantada e a sessão a findar, vou terminar com duas palavras.

Venho mais outra vez pedir aos cavalheiros que compõem os differentes partidos que se acham n'esta camara, que se liguem todos na santa cruzada de satisfazer o primeiro dever constitucional, qual é o derribar e deitar por terra um governo que nada tem feito e de quem nada se póde esperar, um governo que não tem iniciativa e que não está á altura das necessidades do paiz, um governo obnoxio e contrario aos interesses publicos e que não merece a confiança do parlamento (apoiados da esquerda).

Lembrem-se s. ex.ªs da grave responsabilidade em que incorrem, conservando-se n'uma posição indefinida para com o governo. Sejamos francos, cumpra cada um o seu dever; e o paiz ficará então sabendo com o que ha de contar e o que póde esperar de uma camara que foi eleita pelo sr. marquez d'Avila e para o sr. marquez d'Avila, o que é de espantar.

Lembrem se s. ex.ªs das difficuldades que o sr. presidente do conselho creou para o partido reformista, e por isso peço a todos que não se deixem seduzir pelos promessas do sr. d'Avila, e que se acautelem para se não deixarem levar pelo canto d'aquella sereia (riso); pois de contrario terão de arrepender-se.

E note-se, quando me refiro ás incoherencias, e contradicções do sr. presidente do conselho, fallo em nome da historia e dos precedentes de s. ex.ª Todos se hão de lembrar que o sr. marquez d'Avila, quando estava n'uma outra posição, fazia constar pelos seus amigos, que era necessario fazer economias, que s. ex.ª era mais reformista que ninguem, que era por assim dizer o tronco de todos os reformistas. Isto, sr. presidente, é sublime. O sr. d'Avila é reaccionario, é o bemfeitor, o Evergeta, o estrategio do partido retrogrado. Isto sabia eu, mas como as promessas de s. ex.ª se succediam, cruzei os braços por algum tempo. Nós, ainda que não acreditavamos nas palavras de s. ex.ª, entendiamos, que era dever levar o paiz á convicção de que todas as palavras pronunciadas pelos srs. ministros, e especialmente pelo sr. presidente do conselho eram fementidas e traiçoeiras e consistiam pura e unicamente em ganhar tempo. Portanto o terreno que então pisava o partido reformista era muito mais solido e muito mais firme.

Agora que o desengano já entrou na alma de todos e que ninguem póde acreditar nas phrases que está aqui todos os dias a repetir o sr. marquez de Bolama, o novo Avatar indiano, é de todo impossivel, não é decoroso, não é brioso, não é digno, não é rasoavel que os dois partidos que têem sustentado é governo até hoje, continuem a dar-lhe o seu apoio, aliás estes partidos sacrificar-se-hão, baixarão o nivel moral do paiz, lavrarão o seu epitaphio pretendendo levantar a apotheose do gabinete. (Apoiados. — Vozes: — Muito bem, muito bem.)

(O orador foi comprimentado por differentes srs. deputados, principalmente pela esquerda.)