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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

ponderosos, porque s. ex.ª costuma ser mui zeloso no serviço; mas o que eu desde já posso asseverar é que, sejam esses motivos de que ordem for, elles não podem de fórma alguma ser superiores aos interesses feridos (apoiados).

Quer a camara saber a economia resultante da suppressão do correio directo da Azambuja para Salvaterra? É de 100 réis diarios!

Ora, eu entendo que é muito bom fazer economias, mas economias da ordem d'esta, reputo-as um verdadeiro desperdicio, e, mais do que isso, uma injustiça revoltante, que cumpre sem demora reparar.

Eu não estou habituado a ser attendido por o illustre ministro das obras publicas, mas é de tal ordem o assumpto de que se trata que tenho confiança, não no ministro, mas na justiça da causa.

Sr. presidente, o correio de Benavente está, segundo sou informado, arrematado por 600 réis diarios no trajecto comprehendido entre a Azambuja e aquella villa; o de Salvaterra estava arrematado por 400 réis; posto porém differentes vezes em praça, por aquelle preço talvez não convir, ou por qualquer outro motivo, é certo que só depois appareceu quem o quizesse por 500 réis, o que eu não admiro, porque tanta é a distancia de Azambuja a Salvaterra, como d'ali a Benavente.

Qual é pois o motivo por que o correio de Benavente ha de custar ao thesouro 600 réis diarios, e o de Salvaterra não convem por 500 réis?

Se a conducção das malas de Salvaterra se poz em praça repetidas vezes, porque é que se não fez o mesmo para com a de Benavente?

Pois não se daria a mesma identidade de motivos?

Fique bem entendido que eu não desejo dirigir a minima censura ao funccionario a que já me referi, nem eu sei julgar sem documentos e sem ouvir as partes; faço porém aquellas reflexões que me assaltam a mente, para chamar para ellas a attenção de quem competir.

Mas os inconvenientes ainda são maiores se attendermos a que o correio tem de saír mais cedo de Salvaterra cerca de hora e meia, e ha de acontecer muitas vezes na estação invernosa, que as communicações se hão de interromper absolutamente, por causa das cheias que inundam os campos entre Salvaterra e Benavente, e que não permittem vadeação.

Cuido que o meu collega e amigo, o sr. Mariano de Carvalho, não tem conhecimento do facto a que tenho alludido, porque se o tivesse sem duvida s. ex.ª, como digno representante d'aquella localidade, teria pedido contas ao governo, e seria o primeiro a tomar este negocio na consideração que elle merece e que de certo lhe ha de merecer.

Aproveito a occasião de estar com a palavra para mandar para a mesa o seguinte projecto de lei (leu).

Tenho pedido, e continuarei a pedir, ao sr. presidente de conselho que empregue toda a sua influencia, a fim de que este projecto seja convertido em lei. S. ex.ª prometteu e se comprometteu na sessão passada a pugnar por a approvação de um identico, approvado n'esta camara, e que, apesar de taes promessas, ficou, como eu receiava, no lymbo das commissões dos dignos pares.

E é de tal importancia este assumpto, que estou convencido de que nenhum deputado se levantará para lhe fazer a minima objecção.

Peço por isso desde já ás respectivas commissões que não demorem o seu parecer sobre este projecto, o qual, convertido em lei, trará ao paiz os mais beneficos resultados (apoiados).

O sr. Teixeira de Queiroz: — Mando para a mesa uma proposta renovando a iniciativa do projecto de lei n.º 41 da legislatura passada, apresentado a esta camara pelo sr. Antonio Cabral de Sá Nogueira, em 30 de maio proximo findo, e que foi approvado por esta camara, e remettido á outra casa do parlamento, onde caducou por dissolução d'esta camara.

Peço a v. ex.ª que lhe dê o destino conveniente.

O sr. Pinheiro Borges: — Em primeiro logar cumpre-me agradecer a v. ex.ª a brevidade com que me foi remettido o documento que ha poucos dias pedi que pela secretaria d'esta camara me fosse enviado.

Este facto demonstra-me a boa disposição do archivo, e o zêlo e actividade que o digno chefe e os mais empregados da secretaria desenvolvem quando se trata de satisfazer ás requisições que lhes são feitas pelos deputados. Já tive occasião de verificar estas qualidades, nas duas ultimas sessões em que tive a honra de ser segundo secretario da mesa, e estimo ter agora occasião para o affirmar.

O documento a que me refiro foi pedido por mim para esclarecer o sr. ministro da guerra ácerca de uma reclamação da camara municipal de Evora, relativa a um projecto votado n'esta casa, e por isso desejo que estes documentos sejam remettidos á secretaria da guerra; e n'este sentido faço um requerimento, que mandarei para a mesa.

(Entrou na sala o sr. Presidente do Conselho de Ministros.)

Como acaba de chegar o sr. presidente de conselho, aproveito a occasião para agradecer a s. ex.ª a diligencia que empregou para obter informações ácerca da enfermidade que tem dizimado as alumnas da casa pia de Evora. Segundo me informam, os clinicos da cidade, com excepção de um dos da casa pia, porque o outro, o sr. dr. Pontes, a quem o sr. Pires de Lima e eu nos referimos na sessão antecedente, concorda com os collegas que foram consultados, são de opinião que a molestia reinante é a fisica pulmonar.

Pedi a palavra para dar alguns esclarecimentos a respeito do assumpto, quando d'elle se tratou nos dias 11 e 12, porém não me chegou, por ter de se passar á ordem do dia.

Effectivamente os esclarecimentos enviados ao sr. ministro do reino parece que não contradizem as informações que obtive, e de que aqui dei conta, porque embora haja differença emquanto ao numero, póde acontecer que o sr. governador civil de Evora não inclua no numero que indica as alumnas que têem fallecido fóra da enfermaria da casa pia. Sobre este ponto, não estou sufficientemente esclarecido, mas posso affirmar que no dia 11 falleceu uma alumna fóra do edificio do estabelecimento, e que houve epocha em que da casa pia saíram bastantes doentes, com um subsidio, que depois lhes foi tirado, e que muito teriam soffrido se não fossem então soccorridas pela misericordia. Ainda mesmo que sejam nove os obitos occorridos nos ultimos quatro mezes, o quadro é desanimador, e não se póde affirmar que o estado sanitario é bom.

Congratulo-me comtudo com as providencias que s. ex.ª disse que havia de tomar com relação aquelle tão importante estabelecimento de beneficencia e caridade, e agradeço principalmente a s. ex.ª o affirmar que lhe merecem todo o cuidado os negocios do Alemtejo, e com especialidade os do districto de Evora, para que a administração local tenha credito; é esse o meu desejo, não só com relação áquelle districto, como com relação a todas as administrações do paiz, embora a minha posição n'esta casa me imponha a obrigação de tratar mais especialmente do districto de Evora.

O sr. Presidente do Conselho: — Apoiado.

O Orador: — Tenho-me empenhado com s. ex.ª sempre n'este sentido, e invoco o testemunho de s. ex.ª que me tenho limitado a pedir-lhe boa administração, abstendo-me de qualquer pedido ou insinuação directa e que tenha por fim afastar da administração as pessoas que a têem actualmente a seu cargo.

Tenho apontado os vicios, e para mim é fóra de duvida que a administração tem sido irregular e parcial, mas entendo que deve haver toda a circumspecção em se aventurar uma opinião particular e contraria a alguem sem ter os documentos que possam fazer adoptar essa opinião.

Já pedi documentos a este respeito; agora faço um re-