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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

que querem o bem d'este paiz (apoiados); onde quer que elles estejam, contem-me a seu lado (risadas).

O sr.Thomás de Carvalho: — É do meu partido.

O Orador: — Acham-lhe graça? Acham que isto é motivo de riso?

O sr. Thomás de Carvalho: — Não, senhor, é serio.

O sr. Presidente: — O sr. Thomás de Carvalho prometteu-me ha pouco de não interromper mais (riso).

O sr. Thomás de Carvalho: — Cumprirei (riso).

O Orador: — Os illustres deputados riem-se; mas quer queiram quer não queiram hei de seguir este caminho, que é o verdadeiro, e que sempre tenho seguido. Quando pela primeira vez vim a esta camara, em 1834, sympathisei francamente com os homens que ao lado do imperador tinham feito triumphar a causa da Rainha e da carta, e não sympathisava com os homens que lhes estavam fazendo constantemente uma crua guerra; sentei-me, pois, ao lado dos primeiros, entre os quaes se achava o meu honrado amigo e collega o sr. Sá Vargas.

Já vivem poucos homens d'esse tempo, mas vivem ainda alguns, e esses podem attestar o que vou dizer.

Apresentou essa administração uma importante proposta, a famosa proposta sobre os juizes ordinarios; mas, entendendo eu que o governo não tinha rasão n'essa proposta, combati-a, e combati-a com todas as forças da minha fraca intelligencia.

Eu faço isto. Quando ha um ministerio que merece a minha confiança, essa confiança tem limites, é para todas as medidas em que entendo que esse ministerio tem rasão n'aquellas em que entendo que não tem rasão escusa de contar com o meu apoio.

Chamam os illustres deputados a isto não ter partido. Pois o que eu deploro é que todos os homens publicos em Portugal não façam o mesmo que eu faço.

(Áparte.)

Deploro sim, sr. José Tiberio.

O sr. José Tiberio: — V. ex.ª está completamente enganado; eu não lhe dirigi nenhum áparte. Peço a palavra sobre a ordem, sr. presidente.

O Orador: — Peço perdão; não vale a pena discutir isto. Dirigi-me ao sr. deputado, porque ouvi uma risadinha secca (riso), e pareceu-me que partia de s. ex.ª; mas como diz que não...

O sr. José Tiberio: — Da minha parte não houve risadinha nem secca nem molhada (riso).

O Orador: — Pois muito bem.

Mas, sr. presidente, com relação á situação em que estamos direi aos illustres deputados que é extremamente grave, e que sempre esperei que todos os homens de boa vontade se reunissem para que vencessemos todas as difficuldades com que o paiz está lutando.

É necessario fazer economias; é necessario pedir ao paiz novos sacrificios,

diz-se e é verdade. Mas que auctoridade hão de ter essas economias, que auctoridade hão de ter esses novos sacrificios, se não forem pedidos por todos, se houver um só partido que levante por arma de guerra contra aquelles que quer derribar precisamente a medida impopular dos novos tributos, e a medida impopular das economias?!...

Se todos nós, porém, dermos treguas ás questões politicas, e isto é o que eu tenho pedido constantemente ha nove mezes, isto é, desde que estou á frente da administração até hoje; se todos nós dermos treguas ás questões politicas e tratarmos unicamente de salvar o paiz e o thesouro das difficuldades com que estão lutando, tenham os illustres deputados a certeza de que só assim correspondem dignamente aos desejos do paiz (apoiados).

O ministerio está inspirado d'este grande pensamento; o ministerio ainda crê que a camara se acha tambem d'elle inspirada, e que por consequencia ha de

ajudar-nos francamente a sair das difficuldades, não direi que cercam o poder, mas que cercam a administração publica. Afigura-se-me que, obrando assim, os illustres deputados hão de merecer a approvação do paiz e as bençãos da posteridade.

Vozes: — Muito bem.

O sr. Conde de Villa Real (para um requerimento): — Requeiro a v. ex.ª que convide o sr. presidente do conselho e ministro do reino, em vista da maneira como s. ex.ª se exprimiu ácerca do assumpto da minha interpellação, a que se dê por habilitado, a fim de se marcar dia para essa interpellação se verificar:

O sr. Presidente do Conselho de Ministros: — Declaro-me prompto para responder á interpellação, quando v. ex.ª julgar conveniente dá-la para ordem do dia.

O sr. Visconde de Moreira de Rey (para um requerimento): — Requeiro a v. ex.ª ser inscripto para tomar parte na interpellação.

O sr. Presidente: — Pertence agora a palavra ao sr. Dias Ferreira, em vista da resolução da camara.

O sr. deputado disse que cedia da palavra emquanto não estivessem impressos os documentos; que logo depois de elles estarem impressos é que desejava usar d'ella, e a camara annuiu a este desejo.

Como os documentos estão impressos, dou a palavra sobre a ordem ao sr. Dias Ferreira.

O sr. Dias Ferreira: —...(O sr. deputado não restituiu o seu discurso a tempo de ser publicado n'este logar.)

O sr. Presidente: — A ordem do dia para ámanhã devia ser commissões para adiantar os trabalhos do orçamento; mas, como o governo póde estar presente, continua na segunda parte este debate, e na primeira será discutido o parecer n.º 7, sobre o real de agua, que já foi distribuido ha oito dias.

Está levantada a sessão.

Eram quatro horas e um quarto da tarde.