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Discurso que devia ler-se a pag, 106, col. 2.ª lin. 4 da sessão n.° 12 d'este vol.

O sr. J. J. de Mello: — Sr. presidente, o illustre deputado que começou este debate incidental, na expansão dos mais nobres sentimentos, trouxe esta questão ao campo do sentimentalismo, aonde eu a não queria ver, porque esta questão deve ser decidida com toda a força da rasão e unicamente com ella. (Apoiados.) Eu entendo que o illustre deputado partiu de principios que não são exactos. O illustre deputado que hontem abriu o debate sobre o juramento, parece-me que apresentou idéas muito diversas daquellas que o illustre deputado agora referiu.

Tratava-se, sr. presidente, da constituição da camara, e o que é a constituição d'este corpo politico? É um acto consubstancial á monarchia representativa. Sendo assim, todo o individuo que faz parte d'esle corpo politico, faz parte do governo d'esta nação, e ninguem póde fazer parte do governo da nação sem que observe um culto de respeito religioso ás instituições e á dynastia fundada sobre estas mesmas instituições.

Começa esta constituição da camara por um acto religioso, que é o juramento; foi sobre isto que um illustre deputado hontem começou este debate, considerando em Ioda a sua força os effeitos d'este juramento. Que tinha dito o illustre deputado eleito por Guimarães? Tinha dito que jurava, não abjurando as suas crenças; que quer dizer isto? Que era o juramento uma illusão: com illusões não se governam os paizes, que era uma verdadeira ficção politica, ou ficção constitucional. N'esle logar em que sacrificâmos tudo á verdade, não se admittem ficções constitucionaes. (Apoiados.) Ainda mais, poderia considerar-se como um novo genero de corrupção entre muitas que se têem inventado, porque na verdade querer representar n'esle logar a nação, não abraçando os seus principios, quer dizer que não póde representar a nação, póde representar os interesses de uma ou outra fracção, mas nunca os interesses geraes da nação. Por consequencia, não houve ignorancia decerto do illustre deputado eleito, não se precisam dar explicações nenhumas á camara; repelindo as suas palavras, confessou tudo quanto tinha dito. Portanto que motivo ha para conceder uma nova audiencia a este respeito"? Eu entendo que nem o nobre deputado eleito ignora isto, nem quererá vir confessar a sua ignorancia, porque já confessou qual era a sua convicção, porque disse que havia de saír d’esta casa com a mesma pureza de convicções com que linha entrado. Quem assim se explica, não dá logar a que se supponha ignorancia da parte d'esle individuo.

Por conseguinte, acho-me conforme com o nobre deputado que encetou hontem este debate, e sinto na verdade que o nobre deputado que acabou de fallar quizesse levar esta questão ao campo do sentimentalismo, aonde não devia ser levada.