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1482 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

jugar os proprios indigenas, e esses elementos são os principaes que subsidiamos.
É com essas forças, que resistem mais facilmente do que as europeas a acção do clima, que podemos sustentar o nosso domínio, que não poderiamos manter com as magras forças do thesouro, nem com tropas enviadas da metropole. (Apoiados.)
Sr. presidente, confesso que é precise ter a maxima cautela com as affirmações do illustre deputado. E não é porque eu duvide da sua lealdade e da sua sinceridade, que não ponho em duvida; mas effectivamente e uma necessidade ter essa cautela, porque s. exa. engana-se muitas vezes, e dos seus enganos tira condusões que não são verdadeiras; de modo que se eu não tivesse o cuidado de ir verificar até que ponto são exactas as suas affirmações, poderia ser arrastado a erros graves.
Apontarei, para exemplo, um simples facto.
S. exa. censurou muito que se tivesse elevado de reis 4:000$000 a 10:000$000 a verba com a fiscalisação do caminho de ferro de Lourenço Marques, quando a sua construcção ainda não começou.
Effectivamente, seria estranho que, tendo-se consignado no anno passado a verba de 4:000$000 reis para a fiscalisação d'aquelle caminho de ferro, sem rasão alguma plausivel, se elevasse a 10:000$000 réis essa verba, não se tendo dado ainda principio aos trabalhos.
Mas é que foi mais um engano do illustre deputado.
S. exa. não viu que no anno passado a verba que estava no orçamento era para os estudos d'esse caminho de ferro, e não para a fiscalisação.
S. exa. sabe de certo que n'essa occasião estava o engenheiro Machado acabando os estudos do caminho de ferro de Lourenço Marques, e era para esses estudos que estava a verba no orçamento.
Não se tratava ainda da fiscalisação, nem se pensava n'isso, porque estavam correndo os prasos dentro dos quaes o concessionario ia preparando a realisação pratica da concessão que obtivera.
Tratava-se unicamente de uma verba que garantisse a condusão dos estudos d'esse caminho de ferro o que se concluiram no anno passado. E tanto assim que esses estudos accusaram uma differença de 11 kilometros para mais, me parece, por causa da ligação do caminho de ferro de que se trata com o caminho do ferro de Pretoria.
Este anno consignou-se no orçamento, como é costume, uma verba de prevenção para se poder levar a effeito a fiscalisação do caminho de ferro do Lourenço Marques, quando começar a ser construido. E tenho a satisfação de poder annunciar ao illustre deputado para muito breve esse começo.
S. exa. e a camara devem saber que a questão de deposito está ha muito resolvida. Posso agora assegurar que os contratos com os empreiteiros estão tambem concluidos, e que portanto brevemente começarão as obras.
Sr. presidente, ainda antes de deixar este assumpto relativo a Moçambique, permitta o illustre deputado que me refira a famosa questão dos filhos dos regulos que estão estudando em Lisboa, sendo custeados os seus estudos por uma verba especial do orçamento.
É notavel que, na opinião do illustre deputado, eu seja responsavel não só pelo que se faz, mas tambem por tudo quanto se tem feito no ministerio da marinha.
O sr. Elvino de Brito: - E a responsabilidade da situação.
O Orador: - Mas da responsabilidade da situação progressista seria o facto dos filhos do barão de Cabinda estarem estudando na escóla academica de Lisboa, (Apoiados.) e não me consta que o barão de Cabinda fosse um regulo. (Apoiados.)

O illustre ministro que procedeu assim, entendeu naturalmente que procedia de accordo com o interesse colonial; que procedia de accordo com as necessidades das provincias ultramarinas. (Apoiados.)
Disse o illustre deputado que este sr. Manuel Antonio de Sousa não era um regulo; era um filho da Indía, como muitos que vão para Moçambique, onde adquirem grande prestigio.
Pois acredite s. exa. que seria de enorme vantagem que nos podessemos dar educação em Portugal e incutir sentimentos portuguezes a todos os filhos dos naturaes da India que vão para Moçambique. (Apoiados.)
A questão da Zambezia veiu demonstrar isto mesmo veiu provar-nos quanto teríamos a ganhar se podessemos dar educação em Portugal e incutir sentimentos portuguezes aos filhos d'esses homens, com os quaes temos de contar sempre em Moçambique.
E termino aqui a minha resposta com respeito ao primeiro assumpto de que s. exa. se occupou.
Seguindo a serie dos meus apontamentos, vejo mais uma vez o cuidado com que tenho de proceder ao acceitar as affirmações do illustre deputado, pela rasão que já apontei, do ser s. exa. sujeito a enganar-se com frequência.
A camara ouviu o illustre deputado dizer que eu, ao mesmo tempo que prohibia as juntas da fazenda que concedessem passagens para a metropole aos funccionarios, mediante termo de desistencia, expedia uma portaria pela qual auctorisava um funccionario a vir a Portugal, ordenando a respectiva junta da fazenda que lhe abonasse a passagem assignando o interessado termo de desistencia.
Isto, que parece um procedimento contradictorio nos ter-mos em que o sr. Elvino de Brito o expoz, tem todavia a mais facil explicação.
Não posso dizer que o illustre deputado a deixasse no tinteiro, porque s. exa. estava fallando; (Riso) mas esqueceu-a completamente.
A praxe estabelecida era essa; e, effectivamente em 10 de Janeiro de 1885, como o illustre deputado disse, expedi a portaria a que s. exa. se referiu.
Mas em 11 de abril de 1885, o que não é de certo ao mesmo tempo, expedi tambem uma portaria pela qual regularisava de um novo modo as concessões de passagens para a Europa.
Que eu me conformasse, a principio, com a praxe estabelecida a este respeito no ministerio da marinha e ultramar, comprehende-se perfeitamente. Que eu reconhecesse depois que essa praxe era inconveniente e por isso publicasse uma portaria pela qual lhe punha termo dahi para o futuro, concebe-se tambem sem difficuldade.
Mas o que não se percebe e que s. exa. dissesse que eu fiz ambas as cousas ao mesmo tempo, quando entre uma e outra houve um intervallo de quatro mezes. (Muitos apoiados.)
O illustre deputado affirmou uma cousa que eu posso declarar-lhe que e completamente inexacta. Disse que o emprestimo dos 72:000$000 reis, auctorisado a junta da fazenda de Moçambique, tinha sido arrancado por meio de uma pressão diplomatica.
O sr. Elvino de Brito: - Foi o emprestimo de reis 22:000$000.
O Orador: - Então mais enganado está ainda. (Riso, apoiados.) A somma de 72:000$000 reis, a que o illustre deputado se referiu foi auctorisada effectivamente para que se convertesse em divida ao banco ultramarino a divida que havia a differentes negociantes da provincia, entre os quaes o principal era o sr. Amourous, cidadão da republica franceza, que, precisando do seu dinheiro para os seus negocios; exigiu o pagamento da sua divida sob pena de protestar as suas letras no pleníssimo uso do seu direito.
0 sr. Elvino de Brito: - E a ultima divida?
O Orador: - É apenas uma operação de thesouraria. O banco ultramarino e auctorisado a dar esse dinheiro que