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Em virtude de resolução da camara dos senhores deputados se publica o seguinte

(Continuado do numero antecedente)

Paulo de Sousa Leite Pereira Canavarro, bacharel formado em direito, proprietario e residente no logar da Freixeda, freguezia de Capelludos, do concelho de Villa Pouca de Aguiar

Declara perante o ex.mo commissario regio syndicante dos factos occorridos nas eleições municipaes o seguinte:

Que sabe pelo ver, em rasão de ser um dos escrutinadores na assembléa de Bornes, pelo lado da opposição, que antes de se formar a mesa appareceu grande numero de pessoas assalariadas pelo partido governamental, e que não eram eleitores, fazendo grande tumulto, vozearias e muita pateada, sendo tambem estes tumultos secundados por muitos eleitores d'este partido, logo que o presidente fez a proposta da mesa. E convidando elle presidente os eleitores que rejeitassem a proposta que passassem para um lado, não obedeciam, e só se lhe ouvia repetir fortemente «rejeito, rejeito» não sendo elles o maior numero. Vendo elle presidente, que o edificio estava litteralmente cheio com cerca de setecentos eleitores, e grande porção de gente que o não era, provocando a desordem com ditos picantes, e que eram onze horas sem que se podesse formar a mesa, e que a eleição para esta levava todo o dia, resolveu se a propor ter membros d'ella do lado do governo, resolução que muito os satisfez, pois que pela eleição nenhum obtinham.

Começou pois a votação para a camara, e tentando o reitor de Bornes e outros agentes governamentaes, dar listas á bôca da urna, foram advertidos com toda a urbanidade por Francisco Antonio de Madureira, o que deu logar a que este fosse atacado com uma faca dentro do templo, e ao saír da porta principal d'elle, por um tal João, creado do dr. José Joaquim da Costa Pinto, o primeiro influente governamental d'este concelho, invadindo logo a policia armada a capella com armas aperradas, sendo esta commandada pelo regedor e administrador interino Francisco de Assis Teixeira, sem que tal força fosse requisitada pelo presidente, nem era precisa a requisição, e muito menos a intervenção, porque o tumulto estava findo quando ella interveiu. Mas como esta se achava na maxima parte embriagada logo desde pela manhã, em rasão de haverem collocado para ella e seus eleitores uma pipa de vinho á beira do adro, quiz logo invadir o templo para amedrontar quem lá estava, amedrontando igualmente os que se achavam fóra, pois a dita policia nunca saíu do adro e suas immediações, sendo certo que por esta occasião se bateram armas para cidadãos inermes, fosse isto devido a embriaguez ou a maldade, o que é certo é que o facto existiu.