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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

que não hei de abandonar o meu logar de soldado humilde, mas dedicado.

Diz-se que o meu illustre antecessor o sr. Coelho do Amaral, depois de ter prestado, relevantes serviços á sua patria, não recebêra nunca em recompensa empregos, fitas ou veneras.

Pois, sr. presidente, o mandato que os meus constituintes me confiaram, não ha de servir para eu mendigar empregos pingues, que não quero, nem solicitar fitas ou veneras.

Permitta me a camara esta declaração, que hei de cumprir religiosamente.

Não é deshonra ser vencido. Muitas vezes foram vencidos nas lutas eleitoraes os srs. Passos Manuel e José Estevão, e nem por isso se julgaram deshonrados; e parece-me que não Colloco mal o sr. Coelho do Amaral a par d'aquelles vultos venerandos. Muitas vezes tem saído d'aquellas cadeiras (apontando para as do ministerio) vencido o nobre marquez de Sá, prototypo da honradez, e que estou costumado a respeitar desde creança, e s. ex.ª não se julgou por isso nunca deshonrado (apoiados).

O que posso affirmar é que não houve violencia alguma nem illegalidade na eleição do Carregal; e se a houve, não foi da parte das auctoridades da confiança do governo.

Tive contra mim os empregados fiscaes e judiciaes de dois concelhos, que andaram de porta em porta pedindo votos para o sr. Coelho do Amaral. Não me queixei, nem me queixo d'isso, o que desejava é que o acto eleitoral fosse feito com a maxima liberdade, que os agentes da auctoridade não influissem n'elle, nem a favor dos candidatos do governo, nem a favor dos candidatos da opposição, castigando-se as dema sias de uns e outros.

O illustre deputado por Tondella disse que se admirava o ter eu eu sido coadjuvado pelos amigos do governo, porque me julgava filiado no grupo constituinte, grupo que era guerreado por o governo. E julgava o assim, porque o anno passado fôra já candidato, sendo ministro do reino o sr. José Dias Ferreira.

O sr. Francisco Mendes: — Eu disse que suppunha que v. ex.ª pertencia ao partido constituinte, em virtude de ter sido indicado para candidato por aquelle circulo, quando no anno passado fazia parte da administração o sr. José Dias Ferreira; e que sendo assim me tinha surprehendido que o governo agora fizesse uma excepção a seu favor, protegendo a sua eleição.

O Orador: — É verdade que já n'essa occasião os meus amigos se lembraram do meu nome, e os amigos do governo de então, como agora, me não guerreavam.

Eu já disse a v. ex.ª e á camara que não tinha mendigado a minha candidatura e que nem directa nem indirectamente tinha pedido auxilio ás auctoridades. A minha candidatura foi proposta pelos meus amigos, pelos mesmos amigos que até á ultima eleição protegeram o sr. Coelho do Amaral.

Quando o anno passado accedi ao pedido dos meus amigos foi com a maior repugnancia, tendo depois a maior satisfação de ter occasião de poder retirar.

Sou amigo do sr. Dias Ferreira, mas nem com elle nem com o partido regenerador tenho ligações intimas ou compromissos politicos. Tenho amigos em todos os partidos, mas não pertenço a nenhum, e posso affirmar a v ex.ª que toda a medida de interesse geral, venha ella de onde vier, hei de vota-la (apoiados).

Eu não sou politico, não o quero ser, não tenho taes pretensões nem a minha vida é essa, e por consequencia hei de ir para onde me levarem as minhas affeições, e tenho muita satisfação em declarar que é no partido regenerador onde tenho maior numero de amigos.

Alludiu o illustre deputado por Tondella á pessoa do sr. Jayme Garcia Mascarenhas, tio de minha mulher, haver guerreado a minha eleição, querendo assim mostrar que até os meus proprios parentes reprovaram o meu procedimento.

Permitta-me o meu illustre collega, que guarde silencio sobre este objecto, porque eu interrompi com este homem as minhas relações por occasião da eleição; não por me guerrear, mas pelo modo por que o fez. Portanto não digo nada a seu respeito. A opinião publica sensata e imparcial julgará o seu procedimento.

Ainda outra observação. No primeiro dia em que eu entrei n'esta casa, fallou o sr. Francisco de Albuquerque relativamente á eleição do Carregal. Eu não ouvi parte do discurso de s. ex.ª, e depois tumbem não li o Diario; mas devo á bondade de um amigo o mostrar-me um periododo discurso de s. ex.ª, periodo em que vem uma insinuação que eu julgo dever levantar porque, se não é uma calumnia (não sei se a phrase é parlamentar, se não é, retiro-a), é pelo menos uma injustiça que s. ex.ª faz aos homens que antes de serem meus amigos politicos, o foram muito tempo do sr. Coelho do Amaral.

«Nem a probidade pessoal escapou ao bando de chatins que se se serviram de toda a qualidade de calumnia para desacreditar seu honrado caracter.»

Chamar roubadores de honra a homens que portanto tempo estiveram ao lado do sr. Coelho do Amaral, se me é uma calumnia, é pelo menos injustiça.

Repito: se a palavra calumnia não é parlamentar, desde já a retiro, assim como a retiro tambem se ella offende o meu illustre amigo, por quem tenho o maior respeito e consideração, e que a empregou fundado em falsas informações.

Conclui.

Vozes: — Muito bem.

O sr. Nogueira: — Participo a v. ex.ª que está installada a commissão de saude, sendo presidente o sr. Affonseca, e eu secretario.

O sr. Boavida: — Participo a v. ex.ª que está installada a commissão ecclesiastica, tendo nomeado para presidente o sr. Barjona de Freitas, para delegado junto da coinmissão de fazenda o sr. Pires de Lima, e a mim para secretario.

PRIMEIRA PARTE DA ORDEM DO DIA

Discussão do projecto de lei n.º 7 (real d'agua)

O sr. Ministro da Fazenda (Carlos Bento): — Devo declarar a v. ex.ª e á camara que renuncio ao direito que tinha de apresentar algumas observações que contrariassem as considerações feitas pelo illustre deputado quanto á materia d'este projecto, a qual me parece tão simples que eu pela minha parte pedia acamara que notasse que, para o ministro da fazenda, quaesquer que sejam as opiniões dos illustres deputados, a demora na resolução da camara sobre este objecto equivale quasi á sua rejeição.

O sr. Pereira de Miranda (sobre a ordem): — Peço licença para aproveitar o ensejo de ter a palavra agora para fazer algumas reflexões na presença do sr. ministro das obras publicas, pois era para isso que eu tinha pedido a palavra antes da ordem do dia.

Eu chamo a attenção de s. ex.ª para a maneira por que a companhia dos caminhos do ferro do norte e leste está fazendo o serviço do movimento das mercadorias.

Soube hoje que nas estações entre Badajoz e Lisboa está grande quantidade de mercadorias demoradas, e sobretudo lã Em Portalegre está uma grande quantidade de lã que ali foi entregue no dia 6, e que ainda não seguiu para o seu destino. Isto prejudica gravemente o commercio, e eu peço a s. ex.ª que dê as devidas providencias para que tal estado de cousas não continue.

Entrando na materia em discussão direi, que tinha pedido a palavra sobre a ordem para mandar para a mesa uma proposta, pedindo que este projecto volte á commissão de fazenda com as emendas apresentadas, para estas serem devidamente consideradas.

Creio que esta proposta não contraria as indicações apresentadas ha pouco pelo sr. ministro da fazenda, porque se