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1506 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

ao cumprimento dos meus deveres, e nunca trarei para as discussões d'esta casa as palavras que ouça, em conversa particular, aos meus amigos politicos ou pessoaes, ou aos meus adversarios politicos, entre os quaes tambem tenho muitos amigos pessoaes. (Apoiados.)
É certo que no que eu disse e no que ouvi ao sr. ministro, não houve nenhum facto desairoso, nem para s. exa. nem para mim; houve apenas uma pergunta a que eu respondi com toda a sinceridade, - e a proposito d'ella honrou-me s. exa. com umas certas revelações do que tenho guardado escrupulosamente o maior sigilo.
Ha um outro ponto que eu francamente não esperava tambem do illustre ministro da marinha, com cuja amisade me tenho honrado, e com quem tenho mantido as melhores relações, que elle o trouxesse para aqui. S. exa. referiu-se á escolha que o governo em tempo fizera de mim para ir estudar no estrangeiro um dos problemas mais importantes da estatistica.
Referindo-se o sr. ministro da marinha a, portaria que me nomeou para essa commissão de serviço, eu devo declarar que não, foi sem constrangimento que annui a ir, em certas condições, ao estrangeiro estudar a estatistica da propriété non batie, a fim de poder o paiz habilitar-se a solver o compromisso que tornava no ultimo congresso, em 1876, do apresentar a estatistica comparada, n'aquella especialidade, de todos os paizes cultos.
A portaria diz:
(Leu.)
Aconteceu, porem, que, tendo sido eleito deputado, facto de que tive conhecimento antes de ter dado cumprimento ao disposto n'aquella portaria, eu entendi que me devia exonerar d'aquella commissão e não sair de Portugal. E foi isso o que fiz.
Exonerei-me.
É o que se vê do documento que passe a ler:
(Leu.)
Eu não sabia que acceitar uma commissão de serviço publico, do mais a mais instado, e no desempenho dos meus deveres, fosse motivo para censura ou para qualquer allusão desfavoravel por parte do governo!
Entendi que devia dar estas explicações a camara e ao paiz, para que só não suppozesse que a allusão de s. exa. podia ter alguma cousa de menos favoravel ao meu caracter, como politico, como funccionario, ou como simples homem.
Tenho dito.
O sr. Ministro da Marinha (Pinheiro Chagas): - Duas palavras apenas.
Não sei para que o illustre deputado pediu a palavra para explicações. Onde viu s. exa. que eu o censurava por ter sido nomeado para uma commissão encarregada de estudar a estatistica lá fóra?
Eu, citando a portaria pela qual o illustre deputado foi nomeado para essa commissão, quiz unicamente dizer que do mesmo modo havia sido nomeado o sr. Bernardo Francisco da Costa. Estava no meu direito, dizendo que o illustre deputado não tivera duvida em acceitar uma nomeação igual para desempenhar uma commissão de serviço publico. N'isto não havia censura para ninguem.
Quando ao sr. Bernardo Francisco da Costa, não tenho por costume referir-me a conversações particulares, mas devo dizer uma cousa e é que talvez hontem fosse um pouco adiante; mas e que eu senti que um assumpto que tinha sido tratado entre nós n'uma conversação particular fosse trazido para a discussão. O illustre deputado procurou-me no meu gabinete, e parece-me que o que se passou entre nós não devia ser tratado no parlamento.
Eu não tive duvida em referir factos que, como o illustre deputado disse, não são desairosos.
S. exa. effectivamente disse-me que o sr. Bernardo Francisco da Costa não seria bem nomeado, não por falta de competencia, mas por motivos politicos, como s. exa. agora, expoz. Nao houve reticencias nem cousa alguma na mesma conversa, mas não me referi a ella senão quando vi que o illustre deputado trouxe para aqui uma conversação particular, em que me abri com franqueza com s. exa.
Vozes: - Muito bem.
O sr. Presidente: - A ordem do dia para segunda feira e a mesma que estava dada.

Está levantada a sessão.

Eram seis horas e um quarto da tarde.

Redactor = Rodrigues Cordeiro.