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Em virtude de resolução da camara dos senhores deputados se publicam os seguintes documentos

Ministerio da marinha e ultramar — 2.ª direcção — 2.ª repartição. — Ill.mo e ex.mo. sr. — Em satisfação ao officio que v. ex.ª se serviu dirigir-me com data de 19 do corrente, relativamente ao requerimento feito pelo sr. deputado José Maria Sieuve de Menezes, para que a essa camara sejam enviados os documentos que dizem respeito ás visitas feitas pelos cruzadores inglezes ao vapor Zaire, tenho a honra de passar ás mãos de v. ex.ª as inclusas copias dos officios que a tal respeito se receberam n'este ministerio, cumprindo me acrescentar que immediatamente officiei ao ministerio dos negocios estrangeiros para ser feita a competente reclamação perante o governo inglez contra a maneira irregular e desattenciosa com que os ditos cruzadores revistaram aquelle navio.

Deus guarde a v. ex.ª Secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, em 23 de abril de 1864. = Ill.mo e ex.mo sr. Miguel Osorio Cabral, deputado secretario. = José da Silva Mendes Leal.

Copia. — N.° 50. — Ill.mo e ex.mo Sr. — Tenho a honra de passar ás mãos de v. ex.ª, para V. ex.ª se dignar de rasolver o que tiver por melhor, a inclusa copia do officio que me dirigiu em 3 do corrente o capitão do vapor Zaire da companhia união mercantil, no qual se queixa de ter sido registado duas vezes pelos vapores de guerra inglezes Suippe e Sparrow, durante a sua viagem ao sul, e do modo pouco regular como se effectuaram taes registos. Sobre isto devo dizer a v. ex.ª que não julgo o commodore britannico conhecedor d'estes factos, por saber que o navio do seu commando tem toda a attenção mesmo com as peque

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nas embarcações; e portanto aguardo a sua chegada a este porto para fallar lhe a tal respeito.

Deus guarde a v. ex.ª Loanda, 6 de março de 1864. = Ill.mo e ex.mo sr. ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar. = José Baptista de Andrade, governador geral.

Está conforme. = Secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, em 23 de abril de 1864. = Manuel Jorge de Oliveira Lima.

Copia — Ill.mo e ex.mo sr. — Vou levar ao conhecimento de v. ex.ª dois factos occorridos com dois cruzadores britannicos na minha ida e regresso a Benguella a bordo do paquete portuguez a vapor Zaire, do meu commando, e de propriedade da real companhia união mercantil, os quaes nunca pensei que se praticassem com os navios de uma companhia de paquetes a que Sua Magestade Fidelissima houve por bem confiar a conducção das malas do seu governo, e a qual agraciou com o titulo de real.

No dia 20 do mez de fevereiro ultimo navegava para o sul, e avistei pela proa, mas um pouco a sotavento, um navio que navegava para o norte á vela e a vapor que içou bandeira ingleza, içando eu immediatamente a bandeira portugueza e o signal distinctivo d'esta companhia. Soube depois que aquelle vapor era a Suippe. Quando nos acha vamos a muita curta distancia, aquelle navio orçou todo, passando a rastejar com o meu pau da giba, deitando outra vez ao norte. Não havia necessidade alguma para que aquelle navio fizesse uma manobra tida entre os maritimos por pouco delicada, e que n'aquelle caso mostrou o acinte com que foi feita. Não obstante passar á falla, nada me disse nem eu vi signal ou indicio que mostrasse tencionar registar me, continuando elle a navegar a um rumo opposto aquelle a que eu seguia. Quando se achava pela minha popa a distancia de uma milha ou milha e meia, carregou o panno, virou para o sul, e deu um tiro, mandando eu logo parar a machina. Quando atracou o official do registo, observei-lhe que, tencionando elle registar este vapor, devia ter parado ou atravessado a distancia conveniente, de maneira que não me demorasse a viagem; respondeu me que eu era o culpado da demora, por isso que a minha obrigação é parar apenas avistar um navio de guerra inglez. Quando este principio fosse admissivel, seria de grande transtorno para a real companhia união mercantil, por isso que os seus navios estariam continuamente a parar e a demorar suas viagens aqui na costa onde se avistam ou encontram tantos cruzadores inglezes.

O outro facto foi dado na minha viagem de Benguella para este porto com o vapor de guerra inglez Sparrow, que me registou no dia 1 do corrente. Depois de ter mostrado os papeis do navio ao official de registo, e por consequencia de lhe haver provado que este vapor era um paquete que conduzia as inalas do governo, praticou o acto affrontoso de mandar dar uma busca, desconfiando que se empregava no trafico da escravatura. Depois da busca exigiu ver todos os passageiros, ordenando a um interprete que trazia que os inquerisse, perguntando-lhes quem e o que eram elles, d'onde vinham e para onde iam; observei-lhe que elle só podia exigir o que lhe era permittido pelos tratados, os quaes não lhe davam direito a fazer taes inquirições a bordo de um navio que tinha os seus papeis legaes, e cujos passageiros estão munidos de passaporte competente. Estes navios são bem conhecidos de todos os cruzadores d'esta costa, e depois de haver-lhe provado a legalidade do navio com os documentos competentes, é bastante sensivel ter de demorar a viagem inutilmente, e sujeitar-se a exames e buscas que só podem ser tidos por acintosos, e de cujas demoras resultam prejuizo á companhia e incommodo aos passageiros, obrigando os a mostrarem se tantas vezes quantas appetecer aos cruzadores que se encontram.

E o que me cumpre participar a v. ex.ª, rogando lhe que dê as providencias que entender, para que os cruzadores inglezes não ponham embaraços e estorvos a estes navios, causando lhes demoras e atrasos em suas viagens.

Deus guarde a v. ex.ª Bordo do vapor Zaire, 3 de março de 1864. =Ill.mo e ex.mo sr. governador geral da provincia de Angola. = (Assignado) J. M. de Freitas Branco, capitão do vapor Zaire = M. A. de Castro Francuia, official maior interino.

Está conforme. = Secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, em 23 de abril de 1864. = Manuel Jorge de Oliveira Lima.

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