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Varam que os fundos rolados a 99, deviam ser dos garantidos pelo Brazil. Mas porque haviam então de baixar a 11? Fui ter com o sr. Chamiço Junior, banqueiro desta praça, e me respondeu que talvez cotassem no primeiro caso os 5 por cento garantidos, e no segundo os 5 por cento que não vieram á conversão de 1851, nem á de 1845. Não sabia pois o positivo que havia a similhante respeito, mas o que é certo é que a demonstração que fiz na camara, tinha por fim provar que o decreto de 18 de dezembro de 1852 não devia influir nos 3 e 4 por cento da divida externa; e que o argumento dos 5 por cento é um simples accessorio, uma questão secundaria.. O Orador: — Nem da minha parte, nem da parte da camara se podia por em duvida a boa fé do nobre deputado. (Apoiado) Mas o que ponho em duvida, é a colação dos fundos portuguezes a 99, que não são outra cousa, senão os fundos brasileiros que tambem tem a garantia de portuguezes, e que os cotam de outra maneira em relação ao credito do Brasil. Por consequencia não póde haver comparação com os fundos portuguezes de 5, porque os brasileiros que não existem senão em nome, são os da escala ascendente. Portanto este argumento que se linha apresentado em relação aos nossos fundos, da comparação que se quiz fazer do preço que se disse estavam antes do decreto, e aquelle que tinham depois, desappareceu completamente e cáe por terra, porque não lia base para o argumento. O que me admira, sr. presidente, é a facilidade com que o nobre deputado, sem saber, e não sabendo o que era, perguntou a uns e a outros que não lhe souberam dizer, mas de certo não perguntou a nenhum dos membros da junta do credito publico. (O sr. Gomes: — Fallei a um dos membros da junta, e a um dos empregados superiores da repartição. (O Orador: — Isso é máo. (Riso) Mas o que é certo, é que como duvidou do fundo da questão, intendeu que devia dar por motivo o decreto de 18 de dezembro. O que eu acho muito extraordinario (é o máo fado do governo) a pouca benevolencia do nobre deputado, que duvidou, e como duvidou do fundo da questão, intendeu que devia ser a causa o decreto de 18 de dezembro. Se assim fosse, os fundos da escala ascendente estavam ha pouco a 40, e a 41, não estariam hoje a 42 e a 44. E não é agora; quando se converterem ainda hão de valer mais, porque tem a compensação que estabelece o decreto de 3 de dezembro, e é esta compensação que os outros não podem ter, que lhes ha de dar maior valor no mercado.

Sr. presidente, o illustre deputado parece-me que não estava nos seus dias felizes, quando fallou; e não sei porque, porque não lh'o mereço, engana-se sempre contra o governo. (O sr. Gomes: — Sem vontade) O Orador: — Sim, sem vontade, e mesmo sem provocação da minha parte.

O illustre deputado, quando calculou o deficit, que se addiciona em virtude das antecipações, e o proprio deficit em 1851, não sei como sommou, que achou 2:140 contos, sem se saber como, porque não consta; o que contesto é o modo engenhoso que o illustre deputado achou para cobrir este deficit, dizendo que ainda lhe sobravam 100 contos -de réis. Ora quer a camara ver, o que diz o illustre deputado? (Leu) Trabalhei quanto pode, para ver, o que isto era, e não me foi possivel, a não ser que o nobre deputado quizesse que eu pagasse as antecipações com as deducções da junta do credito publico; mas as deducções explicam a idéa da não existencia dos 400 contos; ora não existindo, como queria o nobre deputado que se pagassem 300 contos, e me sobrassem ainda 100? A dizer a verdade, sr. presidente, acho-me um pouco embaraçado com a boa fé do nobre deputado, quando em calculo de 1:850 contos, acho que ha um engano de 400 contos; e por isso não continuarei a analysar os outros calculos. Mas o que não póde deixar de me maravilhar tambem, é a maneira engenhosa que elle apresenta de fazer economias. Para fazer economias, diz o illustre deputado, bastam tres cousas — prudencia, vontade, e tenacidade. Vontade e tenacidade tenho eu; não sei, se tenho a prudencia: a camara o avaliará. Quanto á indicação do nobre deputado, sobre o não se preencher logar algum do quadro, senão com os empregados de fóra do quadro, declaro que cumpro a lei á risca: quando ha algum logar vago em alguma das repartições do ministerio da fazenda, esse logar é preenchido por ou -Iro empregado de fóra do quadro, absolutamente fallando, sem excepção alguma: agora o que não faço, é metter na alfandega um empregado do ministerio da guerra, ou um empregado da repartição da justiça, nem esta seria a pretenção do nobre deputado.

Diz o nobre deputado — um empregado, qualquer que elle seja, fallou aos seus deveres, use-se de todo b rigor contra elle; — é o que eu tenho feito; e disto bastantes provas tenho dado, que podem ser apreciadas pela camara, e pelo nobre deputado.

Sr. presidente, é tambem muito singular a maneira como o illustre deputado substitue a receita e diminue a despeza em alguns ramos de serviço: diz o illustre deputado — um corpo insobordina-se, extinga-se o corpo. — Pergunto ao nobre deputado, se julga que, porque um corpo é dissolvido, as praças de pret vão para suas casas í Por este principio estavam a insubordinasse as praças de pret todos os dias, para as deixarem ir para suas casas, e nesse caso fazia-se uma economia completa e radical.

O sr. Gomes: — Se v. ex.ª lesse o resto do meu discurso, veria se eu julgo que as praças de pret devem ir para suas casas; mas v. ex. deu com um erro, abandonou os meus calculos; deu com uma theoria que lhe não pareceu acertada, e não leu o que eu expendi.

O sr. Presidente: — Eu não posso deixar de lembrar, que as interrupções tornam irregularissimas as discussões.

O Orador: — Sr. presidente, não me entretelei mais a responder aos argumentos do nobre deputado, porque julgo ter-me explicado bastantemente. Accrescentarei unicamente quanto a não serem mandados paisanos despachados alferes para o Ultramar, que para alli não é hoje mandado nenhum, e não se despacha alferes nenhum para o Ultramar sem haver necessidade absoluta disso, ou sem requisição do governador gera]: por consequencia nesta parte ainda se vai além dos desejos do nobre deputado.

Ora, sr. presidente, por incidente permitta-me a camara que eu dê uma explicação ácerca de um decreto importante da dictadura, e a respeito do qual se tem suscitado algumas apprehensões: fallo do decreto que regula o abastecimento das agoas da capital.

A camara municipal de Lisboa tem mostrado directa e indirectamente desejos de ser ouvida sobre este