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Pois não se sabe, que entre casas fracções há cavalheiros, que pertencem ao partido moderador ou conservador, e outros pertencem ao partido exaltado ou progressista, e que os dogmas das suas crenças politicas, estão muitas vezes em opposição, e mesmo em contradicção? E como pódem os que professam ideas de ordem, e de moderação, combinar com os que comungam em ideas com o partido, que em 1818 abalou profundamente a sociedade n'uma nação poderosa, destruindo as suas instituições, e onde o sofisma e a anarchia, trabalhando na obra do cahos, fizeram com que fosse necessario reconquistar para o paiz os principios elementares da humanidade: a familia, a propriedade, a justiça e o direito?!

Em 1848 veiu o nobre duque de Saldanha, então tambem presidente do gabinete, convidar a camara, para dar graças a Deos, porque a ordem neste paiz linha resistido ao pernicioso exemplo daquella nação. — E hoje que vemos! Vemos o mesmo nobre duque de Saldanha, tambem presidente da administração, abraçando-se fraternalmente com cavalheiros, que de fendem aquellas mesmas idéas, que por se não propagarem no paiz em 1848, havia motivo para dai graças a Deos. (Apoiados na direita)

E comtudo, eu acredito, que o gabinete de 1848, -e adornava com uma gloria que não era sua; porque a barreira que salvou então o paiz e a peninsula, foram os Peryneos — Oude iriamos nós, se se tivesse rompido aquelle dique? (Apoiados na direita) Mas voltando ao ponto, pergunto: como se póde governar com elementos tão heterogeneos? (Apoiados na direita)

A intolerancia da direita, de que tanto tem sido accusada, está, no que eu acabo de dizer — em não participar dessa confiança que os srs. ministros têem nos cavalheiros que professam aquellas ideas. Se essa é a nossa intolerancia, confessamo-la. Temo-la lido e te-la-hemos. Não commungaremos nunca com taes idéas (Muitos apoiados do lado direito)

E a proposito desta intolerancia vieram alguns illustres deputados do lado esquerdo da camara, e disseram — nós apoiamos o actual ministerio porque queremos a união da familia portugueza. Oh! si. presidente pois este lado da camara (o direito) não deu nunca provas nem documentos de querer a união da familia portugueza?... Não foi o partido conservador o primeiro, que logo depois das desgraçadas luctas civis de 1831 deu um documento irrefragavel de quanto desejava a união da familia portugueza? (Apoiados na direita; e o sr. Avila. — Apoiado, é verdade, foi o programma do duque de Palmella)

O que o pai lido conservador não fez, nem podia fazer, cia procurar a união da familia portugueza, acceitando e reconhecendo principios que repelliam a nossa lei fundamental, e 11 dynastia que ella estabelece unica que lemos por legitima (Apoiados na direita) mas sempre que os homens se separaram daquelles principios e se acolheram ás verdadeiras bandeiras, promoveu-se a união da familia portugueza.

Não foi o partido conservador que chamou ao serviço da Rainha um portuguez notavel, que linha servido altos cargos no reinado do principe proscripto? (Apoiados na direita) Não foi o partido conservador que restituiu ás igrejas os parochos que dellas tinham sido afastados por medidas geraes? (Apoiados na direita) Não foi o partido conservador que, reorganisando a camara dos dignos pares em 1842, chamou u ella mais adversarios do que amigos politicos? Então não se metteu uma fornada de pares na camara para salvar um ministerio agonisante: (Repetidos apoiados na direita) chamaram-se todos os homens, sem distinção de côr politica, que estavam na linha da escala em que se intendeu dever fazer a escolha para tão alta dignidade. E depois disto vem-se dizer nesta casa, que deste lado não se quiz a união da familia portugueza!

Sr. presidente, eu devia entrar já na analyse do parecer da illustre commissão, sobre o qual farei muito breves reflexões para não repetir o que está dicto: porém, permitta-me s. ex.ª o sr. ministro da fazenda, seguir em alguns pontos o brilhante discurso de s. ex. mesmo por uma prova de consideração para com s. ex.

O sr. ministro disse — Querem cousas novas! Admiram-se de não vêr cousas novas! Alas que se hade fazer de novo? Nada. Está tudo feito: o que ha a fazer é sómente imitar! — Parece-me que foi isto que s ex. disse; _e acredito que sim, visto que s. ex.ª não reclama. E verdade o que s. ex.ª diz — está feito tudo, ou quasi tudo em relação ás idéas que o seculo possue; mas se o espirito humano nada cria por si só, sem o estudo e a observação, e se a imitação simples e pura é tambem esteril, o nobre ministro, que tem um espirito superior, e que présa o estudo e a observação, estudando e observando a situação do seu paiz, os seus costumes, 03 seus usos, as suas necessidades, e o seu clima, que não é esta uma questão ridicula, para lhe adaptar essas creações e instituições já inventadas, leria conseguido crear alguma cousa de novo. De cópias sem alterações, está o paiz farto sem proveito nem vantagem; e talvez por se não ter ainda agora evitado esse erro, é que o sr. ministro do reino e s. ex. mesmo o sr. ministro da fazenda, está todos os dias affiançando á camara a revisão de alguns dos decretos que a dictadura promulgou, como o codigo penal, o dos legados pios, e ainda hoje o das agoas para o serviço da capital. E depois disto ainda s. ex. se admiram de que o illustre deputado e meu amigo, o sr. Corrêa Caldeira, dissesse que o ministerio batia em retirada! A verdade é que s. ex.ª não entram em fogo um dia só, que saiam com uma ferida. O sr. Corrêa Caldeira,. — Apoiado. O sr. Ministro do reino — Não me dou por ferido, é a unica differença.

O Orador: — Foi uma figura de que usei, na certeza de que não feria o nobre ministro, se o ferisse, ou podesse ferir, retirava-a immediatamente.

O sr. Ministro do reino: — Conheço a delicadeza do nobre deputado.

O Orador: — Sr. presidente, sou chegado ao ponto que parecia impressionar mais vivamente o sr. ministro da fazenda: a questão do contracto (O sr. Cunha Sotto-Maior. — Do tabellião). S. ex.ª que tem á sua disposição as secretarias d'estado com os seus archivos, disse — que sabendo quanto seria combalido, tinha procurado bons documentos para se intrincheirar — ao mesmo tempo que os deputados da opposição luctam com grande desvantagem, porque até alguns documentos que pediram para esta discussão, foram negados pelo governo (O sr. Corrêa Caldeira: — É verdade). E apezar disso qual foi o resultado? O sr. ministro veiu armado com duas representações da dilecção do banco, dirigidas ao governo, e disse depois de lêr alguns periodos — não sei a qual dê credito.