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1548 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

lembrar ao governo que, assim como tomou a iniciativa da diffusão da instrucção, tome tambem a iniciativa da creação de uma sociedade, que tenha por fim esperar os criminosos ás portas das cadeias, para velar por elles, e tambem para esperar os que saem dos hospitaes, a fim de lhes proporcionar habitação e modo de vida; obstar, emfim, a que os que sáem das cadeias se tornem para o futuro mais criminosos ainda, o obstar tambem a que os que sáem dos hospitaes tenham brevemente de para lá voltar.

Mas, sr. presidente, não está presente o sr. ministro do reino, e eu espero referir-me ao assumpto em outra occasião. Em todo o caso, a idéa ahi fica; aproveite-a quem quizer, e um dia teremos occasião de a discutir.

Tenho dito.

O sr. Alves de Moura: - Mando para a mesa, por parte da commissão de instrucção primaria, o parecer da mesma commissão, sobre, o projecto de iniciativa parlamentar n.º 40-A.

Foi a imprimir.

O sr. João Augusto de Pina: - Sr. presidente, eu desejava usar da palavra quando estivesse presente o sr. ministro fias obras publicas para chamar a attenção de s. exa. sobre o seguinte assumpto:

Sr. presidente, uma empreza particular contratou a construcção do caminho de ferro de via reduzida de Coimbra a Arganil. Pouco tempo depois espalhou-se a noticia de que o dito caminho continuava de Arganil a entroncar no caminho do ferro da Beira Baixa, proximo á Covilhã.

Sr. presidente, tudo leva a crer n'esta idéa, porque, seguindo elle, como deve seguir, as margens do rio Alva, e atravessando este rio no sitio da ponte das Tres Entradas, seguindo a ribeira, de Alvoco, e atravessando a serra nas pedras Lavradas, deve tambem passar perto do Vinhaes da Serpa, terra notavel pelas suas aguas thermaes, Erada, Paul e Tortosendo, vem assim a cortar uma das regiões do paiz mais ricas em agricultura.

Rica em milho, vinho, azeite, batatas, feijão, castanhas e fructas, não poderá tal melhoramento deixar de influir no desenvolvimento da mesma agricultura, que muito ha de lucrar com tal caminho.

Sr. presidente, dizem os entendidos que o commercio e mesmos productos da agricultura da Beira Baixa hão de vir por tal caminho, não só para Coimbra, mas para o Porto, porque ficarão mais baratos do que leval-os pela Guarda.

E tambem por elle que hão de ser transportados os productos das fabricas de lanificios da serra para Coimbra, Lisboa, Porto, Braga, etc., e os productos agricolas das ferteis terras da surra da Estrella.

Sr. presidente, quando se espalhou a noticia do prolongamento de tal caminho, as povoações por onde se dizia que elle passaria ficaram contentissimas, e uma d´ellas foi Covilhã, não obstante passar-lhe ao pé brevemente o caminho de ferro da Beira Baixa; porque era por elle que haviam de ser transportados os productos das suas fabricas, e o seu commercio não só para Coimbra, mas para a Figueira e, talvez, Porto, Braga, etc.

Sr. presidente, á vista do exposto, tudo leva a agourar um bom futuro a tal caminho, e o commercio e a agricultura d'aquella região lucrarão muito com elle; porque sem boas estradas e caminhos não ha agricultura nem commercio florescente, e estes povos têem direito a este melhoramento, porque pagam não pequenas contribuições para o estado.

Mas, sr. presidente, nunca mais se fallou em tal cousa; por isso ou pergunto ao sr. ministro das obras publicas, visto estar presente, se a idéa da continua do caminho de ferro de Arganil a ir entroncar no caminho de ferro da Beira Baixa ao pó da Covilhã, ainda existe ou se morreu.

Disse.

O sr. Ministro das Obras Publicas (Emygdio Navarro): - Como o illustre deputado sabe muito bem, está effectivamente concedido o caminho de ferro de Coimbra a Arganil, sem garantia de juro nem encargo algum para o estado.

Consta-me que a companhia mandou fazer os estudos de Arganil para a Covilhã.
Mas, se o caminho de ferro não está feito até Arganil, parece-me extemporaneo tratar do seu prolongamento até á Covilhã.

Só depois de feita a testa da linha é que se póde tratar do seu prolongamento.

Parece-me que o prolongamento do caminho de ferro de Arganil para a Covilhã não póde ser concedido sem auxilio do estado, sem garantia de juro, por exemplo, porque é feito n'um terreno muito aspero, e em todo o caso só se deve tratar d'elle depois de feita a testa da linha.

A companhia, repito, segundo parece, mandou fazer os estudos, e, se a linha for julgada conveniente e alguma medida dever ser apresentada ao parlamento, como me parece necessario, não terei duvida em opportunamente a apresentar.

O sr. João Pina: - Peço a v. exa., sr. presidente, que consulte a camara sobre se permitte que eu use novamente Já palavra.

A camara resolveu affirmativamente.

O sr. João Pina: - Agradeço ao sr. ministro das obras publicas as suas palavras, e faço votos para que a idéa d'esta linha ferrea se leve á pratica.

O sr. João Pinto dos Santos: - Já ha bastante tempo pedi uns documentos, que me não foram enviados, para fazer algumas considerações sobre a ultima nomeação de professores para a escola normal do sexo feminino; e já tenho, por mais de uma vez, pedido a palavra antes da ordem do dia para tratar este assumpto; mas ou o sr. ministro do reino não tem comparecido ou a palavra me mio tem chegado quando s. exa. está presente.

Pedia ao sr. ministro das obras publicas que communicasse ao seu collega o meu desejo de liquidar antes da ordem do dia, ou antes de se encerrar a sessão este assumpto, que é importante, porque me parece que aquellas nomeações foram feitas contra todas as praxes, e por modo tão violento que até obrigou a direcção do estabelecimento a pedir a demissão.

Eu peço portanto ao sr. ministro das obras publicas o favor de communicar ao sr. presidente do conselho estes meus desejos, a fim de ver se proximamente, ou antes da ordem do dia, ou antes de se encerrar a sessão, eu poderia liquidar este assumpto com s. exa.

O sr. Ministro das Obras Publicas (Emygdio Navarro): - Communicarei ao sr. ministro do reino os desejos do illustre deputado.

S. exa. tencionava vir hoje á camara, conforme promettera ao sr. deputado Arroyo tendo porem, sido transferida para hoje a assignatura real, não póde satisfazer esse compromisso.

O sr. José Castello Branco: - Sr. presidente, pedi a palavra para me dirigir ao sr. ministro das obras publicas, a fim de saber se s. exa. tem a pachorra para me dizer em que estado está a questão do caminho de ferro ao norte do Mondego.

Interessa-me extraordinariamente este assumpto, e como me recordo de uma vaga promessa de s. exa., de que brevemente viria á camara uma proposta sobre a rede dos caminhos de ferro, o vejo ao mesmo tempo desmentida pelos factos essa promessa, começo a inquietar-me, não por mim, mas pelos povos do norte, com receio de que realmente não se chegue a realisar essa promessa tão fagueira do sr. ministro das obras publicas.

Para Traz os Montes, a questão do caminho de ferro á uma questão vital e essencial para o seu desenvolvimento economico.

Mas aquella região essencialmente agricola está atravessando uma crise importantissima, não só pelo deprecia-