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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

separar esta questão de todas as outras, e verificar sobre ella uma interpellação.

Mando para a mesa este requerimento (leu).

O que acabo de dizer com relação á estrada da Covilhã, applica-se natural e logicamente ao assumpto de que trata este requerimento. Por ultimo peço ainda a v. ex.ª que apressasse quanto possivel a remessa dos diversos documentos que, pela minha parte e de muitos srs. deputados, se têem pedido com instancias cada vez mais redobradas aos membros do gabinete, mas infelizmente sem esperança de os podermos obter!

O Evangelho diz: «Bate á porta, responder-te-hão; procura e has de encontrar». Tenho batido e não se me tem respondido; tenho procurado e não tenho encontrado!

Por agora, nada mais tenho a dizer.

O sr. Presidente: — As notas de interpellação e requerimentos terão o devido destino, e serão feitas as instancias em harmonia com as indicações do sr. deputado.

O sr. Osorio de Vasconcellos: — Não era meu intento fazer censura á mesa, que muito respeito.

O sr. Presidente: — A commissão de redacção não fez alteração alguma no projecto de lei n.º 7. Vae ser expedido immediatamente para a camara dos dignos pares do reino.

O sr. Falcão da Fonseca: — Dei hoje destino a um requerimento das senhoras D. Joanna da Encarnação Travassos, D. Leonarda Lucas Salema e D. Thereza de Jesus de Sena, e peço a v. ex.ª que o remetta á commissão de petições, para que esta dê sobre elle o seu parecer.

Devo recordar a v. ex.ª e á camara que estas senhoras já por diversas vezes têem requerido, mas com tanta infelicidade que não têem obtido despacho algum. Não me occupo agora do pedido d'estas senhoras, que acho muitissimo justo; e aguardo o parecer da illustre commissão, para sobre elle fazer as reflexões que entender necessarias.

O sr. Conde de Villa Real: — Renovo a iniciativa de um projecto de lei apresentado na sessão passada pelo sr. Julio do Carvalhal, e assignado pelos deputados dos circulos de Bragança e Villa Real.

É o seguinte (leu).

Este projecto é de grande importancia para aquelles districtos, e por isso peço a v. ex.ª que mande que seja remettido á commissão respectiva para que, quanto antes, apresente o seu parecer.

O sr. Presidente: — Tem a palavra o sr. Rodrigues de Freitas.

O sr. Rodrigues de Freitas: — Cedo da palavra por não estarem presentes os srs. ministros do reino e da fazenda.

O sr. Barros e Cunha: — Desejo declarar a v. ex.ª que estou inteiramente de accordo com as idéas expendidas pelo meu illustre collega, o sr. deputado por Lagos, que apresentou, ha pouco, uma representação da camara municipal de Lagoa.

Existe na mesa uma nota de interpellação ácerca d'aquelle assumpto. Todos os srs. deputados pelo Algarve tencionam tomar parte n'essa interpellação. Mas por emquanto o sr. ministro ainda se não deu por habilitado para responder a ella.

O sr. Pires de Lima: — Peço a v. ex.ª que me informe sobre se o sr. ministro da guerra já se declarou habilitado para responder a uma interpellação, que tive a honra de annunciar, ácerca do commando da praça de Peniche.

O sr. Presidente: —Vou mandar indagar na secretaria da camara se já veiu resposta. Na mesa ainda não está.

O sr. Pires de Lima: — O sr. presidente do conselho, em uma das sessões passadas, disse que o seu collega da guerra se daria por habilitado para responder não só a esta interpellação, mas a outras perguntas que lhe haviam sido dirigidas por alguns srs. deputados; e, como eu entendo que uma promessa tão solemne não póde deixar de ser cumprida, por isso faço esta pergunta a v. ex.ª.

O sr. Presidente: — Ainda não marquei dia para interpellações.

O sr. Pires de Lima: — Mas o que desejo saber é, se o sr. ministro já se deu por habilitado.

O sr. Presidente: — É isso que vou mandar indagar na secretaria.

O sr. Visconde de Moreira de Rey: — Aproveito estes momentos antes da ordem do dia, em que eu não costumo abusar, nem mesmo usar da palavra, a não ser por excepção rarissima, e em que nos é licito fallar sobre quaesquer assumptos, para dar algumas explicações sobre um ponto para mim essencial.

Essas explicações não as poderia eu dar, de certo, se esperasse a palavra na ordem da inscripção sobre o projecto da resposta ao discurso da corôa.

Ainda que a discussão da resposta se prolongue por muitos dias, na altura em que me compete a palavra, não espero que ella me chegue; e antes d'isso espero eu, como verdadeiro crente na infinita misericordia, que o céu compadecido nos libertará do governo. Ouso manifestar esta minha esperança.

Em todo o caso entendo que não perco cousa alguma em apressar estas explicações.

Eu podia e deveria talvez fazer uma reclamação contra as notas tachygraphicas ácerca dos ápartes que dirigi ao sr. marquez d'Avila e de Bolama durante o seu discurso. Algumas das minhas interrupções apparecem completamente alteradas, apesar de eu ter a fortuna de possuir um metal de voz que sem esforço resiste e facilmente vence as más condições acusticas d'esta casa.

O discurso do sr. presidente do conselho apparece tambem excessivamente adornado com notas de susurro e hilaridade geral, que o sr. marquez d'Avila e de Bolama reputou provavelmente necessarias ou convenientes para fazer certo effeito no publico. Contra isso não reclamo eu. A hilaridade publica deve ser o acompanhamento proprio dos discursos do nobre marquez, tão distincto pela sua prudencia e seriedade.

Ha, porém, uma inexactidão que é necessario rectificar. N'um áparte em que respondi ao sr. ministro do reino, que, apparentando uma innocente ignorancia, perguntava admirado a quem tinha promettido um baronato, que ali foi em seu nome offerecido, apparece a seguinte resposta minha: «Foi a um influente do sr. Pinto Bastos.» Isto é uma cousa que não se entende. Eu disse bem claro que tinha sido «a um cavalheiro muito influente do concelho de Celorico de Basto.» E acrescento que este cavalheiro recusou a offerta e resistiu a repetidas instancias.

Já hontem eu desejava pedir a palavra antes da ordem do dia para dar as explicações que reservei para hoje. Era natural dever meu de delicadeza para com a camara esperar pela presença do sr. presidente do conselho. Elle não chegou, ou antes não veiu occupar o seu logar n'esta casa, porque não quiz. S. ex.ª, segundo parece, adoptou agora • O systema hygienico de 3e entreter a passear no corredor até que chegue o momento de se entrar na segunda parte da ordem do dia; como s. ex.ª, muito de proposito, esperou que eu principiasse a fallar para se inscrever depois, e como, não contente com isso, me tolhe e retira agora todas as occasiões de fallar quando elle está presente, é elle que me obriga a fallar na sua ausencia, ou a prescindir de fallar. Como eu não prescindo, não tenho remedio senão aproveitar esta occasião, e faço-o sem nenhum escrupulo, porque pelo Diario da camara s. ex.ª terá immediatamente noticia dos pontos em que preciso de referir-me a elle.

S. ex.ª affirmou que eu tinha, em certa occasião, chamado a sua attenção para ser concedida uma certa condecoração a uma pessoa muito ligada commigo. Eu regulo-me pelo discurso escripto, porque o sr. presidente do conselho não quer que nos regulemos pelas palavras que ouvimos. Perguntei quem era. S. ex.ª respondeu: «Era seu, sogro.» E poz este parenthesis (hilaridade geral).