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SESSÃO DE 12 DE MAIO DE 1888 1571

ria navegavel n'uma extensão de 40 kilometros, alem do ponto a que chega hoje a navegação.

Para ser navegavel em toda essa extensão, basta destruir alguns bancos, que se têem formado e impedem a navegação.

Se se tivesse feito isto, o rio podia ser hoje navegavel até ao coração do Alemtejo.

Mas nós, até hoje, temos cuidado do mais facil, porque, para a gloria de todos os ministros das obras publicas, nada ha mais facil do que fazer caminhos de ferro. Um projecto de caminhos de ferro é facilimo de elaborar, sobretudo de defender no parlamento; como é uma estrada tambem e uma ponte. Agora o estudo das condições de navegabilidade dos rios, das medidas a adoptar para melhorar essa navegabilidade, é mais difficil, e é exactamente por isso que ainda se não tratou de o fazer, com grave perda para os interesses geraes do paiz.

Attenda um ministro das obras publicas (se não lhe dividirem a pasta, porque, se a dividirem, já não póde tratar das questões commerciaes) attenda, digo, ás condições de navegabilidade dos rios, e á conservação dos portes, e verá as enormes riquezas que ha de tirar em compensação de sacrificios relativamente pequenos.

Repito, isto não se tem feito, porque é o mais difficil, obriga a pensar, a estudar e a investigar muito, e realmente, para o brilhantismo parlamentar, mais facil é fazer caminhos de ferro sobre caminhos de ferro, estradas sobre estradas, embora, mais tarde, tenhamos de organisar um plano geral por onde deviamos ter começado que ha de inutilisar parte das estradas, e talvez parte dos caminhos de ferro construidos!

Tenho chamado já por vezes, e inutilmente, a attenção do sr. ministro das obras publicas sobre estes pontos.

Não desejo que s. exa. me responda, mesmo porque já me vão parecendo demasiados estes dialogos constantes entre os deputados e os ministros, que n'outros tempos eram parcos nas suas respostas.

Dispenso pois a resposta de s. exa.

Prescindo de ouvir as suas palavras, embora sempre muito eloquentes, e peço-lhe que nos prove, por meio de actos e de factos, que corresponde aos pedidos que lhe fazemos.

Não quero discursos, quero obras. (Riso.)

Tenho dito.

Leu-se na mesa a seguinte:

Nota de interpellação

Rogo a v. exa. se digne communicar ao sr. ministro da guerra que desejo interpellal-o sobre a interpretação dada ás disposições do decreto de 30 de outubro de 1884, que se referem, ás promoções na arma de engenheria. = O deputado, Augusto Fuschini.

Mandou-te expedir.

ORDEM DO DIA

Continuação da interpellação dos srs. Dias Ferreira e Pedro Victor, ácerca dá execução da lei que auctorisou as obras do porto de Lisboa.

O sr. Eduardo Coelho: - (O discurso do sr. deputado será publicado em appendice a esta sessão, quando restituir as notas tachygraphicas).

Leu-se na mesa a seguinte:

Moção de ordem

A camara approva as conclusões do inquerito parlamentar; e, plenamente satisfeita com as explicações do governo, passa á ordem do dia.

Sala das sessões, 12 de maio de 1888. = Eduardo J. Coelho.

Foi admittida.

Alfredo Mendes da Silva: - Requeiro a v. exa. que consulte a camara sobre se quer que se prorogue a sessão até terminar a interpellação ácerca das obras do porto de Lisboa.

O sr. Franco Castello Branco: - Peço a palavra sobre o modo de votar.

O sr. Presidente: - Tem a palavra.

O sr. Franco Castello Branco: - Desejo simplesmente pedir que sobre o requerimento do sr. Mendes da Silva haja votação nominal, e ao mesmo tempo desejo sublinhar a circumstancia de que esta discussão, a todos os respeitos interessante e melindrosa, (Apoiados.) vae ser abafada quando estão ainda inscriptos os representantes de tres grupos da opposição parlamentar, isto é, os srs. Ruivo Godinho e João Pinto, deputados amigos do sr. Vaz Preto; o sr. Elias Garcia, deputado republicano e o sr. Fuschini, que me parece estar tambem inscripto e que representa n'esta casa a esquerda dynastica.

Quero por isso deixar registado este facto, para opportunamente tirar d'elle as consequencias politicas e parlamentares.

Peço a v. exa. se digne consultar a camara sobre o meu requerimento para que haja votação nominal.

Consultada a camara resolveu-se affirmativamente.

Feita a chamada:

Disseram approvo os srs. Albano de Mello, Alfredo Brandão, Mendes da Silva, Alfredo Pereira, Alves da Fonseca, Oliveira Pacheco, Antonio Centeno, Eduardo Villaça, Pereira Borges, Guimarães Pedroza, Tavares Crespo, Moraes Sarmento, Antonio Maria de Carvalho, Mazziotti, Simões dos Reis, Augusto Montenegro, Bernardo Machado, Carlos Lobo d'Avila, Conde de Villa Real, Eduardo Coelho, Sousa e Serpa, Goes Pinto, Madeira Pinto, Almeida e Brito, Francisco de Campos, Castro Monteiro, Mattoso Côrte Real, Francisco José Machado, Lacerda Ravasco, Nogueira de Vasconcellos, Pires Villar, João Augusto de Pina, Cardoso Valente, Izidro dos Reis, Dias Gallas, Menezes Parreira, Vieira de Castro, Alfredo Ribeiro, Correia Leal, Silva Cordeiro, Heliodoro da Veiga, Oliveira Valle, Simões Ferreira, Ferreira Galvão, Barbosa Colen, Eça de Azevedo, Abreu Castello Branco, Laranjo, Lemos e Napoles, José Maria de Andrade, Barbosa de Magalhães, Oliveira Matos, D. José de Saldanha, Pinto Mascarenhas, Santos Moreira, Julio de Abreu, Julio Graça, Mancellos Ferraz, Poças Falcão, Luiz José Dias, Bandeira Coelho, Espregueira, Manuel José Vieira, Brito Fernandes, Marianno Presado, Martinho Tenreiro, Miguel da Silveira, Pedro Monteiro, D. Pedro de Lencastre, Sebastião do Nobrega, Rodrigues Monteiro, Estrella Braga, Alpoim, Medeiros, Rodrigues de Carvalho.

Disseram rejeito os srs. Sousa e Silva, Antonio Maria Jalles, Hintze Ribeiro, Freitas Branco, Firmino João Lopes, Severino de Avellar, Guilherme de Abreu, Jacinto Candido, Baima de Bastos, Franco Castello Branco, Arrojo, Rodrigues dos Santos, José Castello Branco, Ruivo Godinho, Pereira dos Santos, Figueiredo Mascarenhas, Ferreira Freire, Julio de Vilhena, Lopo Vaz, Manuel d'Assumpção, Matheus de Azevedo, Miguel Dantas, Pedro Victor, Pereira Lima, Consiglieri Pedroso.

O sr. Presidente: - Está portanto approvada a prorogação por 74 votos contra 23.

O sr. Arroyo: - (O discurso será publicado em appendice a esta sessão, quando s. exa. o restituir.)

Leu-se na mesa a seguinte:

Moção de ordem

A camara affirma que o governo na execução da lei de 16 de julho de 1885 não zelou os interesses publicos e passa á ordem do dia. = João Arroyo.

Foi admittida.

O sr. Tavares Crespo (para um requerimento): - Sr.