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Por deliberação da camara dos senhores deputados se publica a seguinte representação.

Senhores deputados da nação portugueza. — O centro operario lisbonense tendo apreciado uma proposta de um dos delegados da associação dos calafates lisbonenses, expondo a precaria situação dos operarios da 3.ª classe do arsenal da marinha, não póde deixar de vir respeitosamente perante a camara popular advogar a sua causa, e solicitar remedio para tantos males.

A crise alimenticia, a carestia do algodão, e alta das rendas das habitações muito tem concorrido para reduzir estes operarios a um estado desanimador; na actualidade o salario de 400 réis nos dias uteis é insufficiente para alimentar uma familia por menor que seja o seu numero, e andarem modestamente vestidos, tendo alem d'isso o encargo da compra das ferramentas. Quando todos os objectos necessarios a vida custavam pouco mais de metade do que hoje, já estes operarios venciam 400 réis por dia, disfructando alem d'isso certos lucros e garantias que na actualidade não gosam, como eram as maiorias pelos trabalhos extraordinarios e licenças para trabalharem em obras particulares, donde lhes provinha um consideravel augmento de salario.

Os operarios do arsenal da marinha, que constituem a 3.ª classe, que ganham 400 réis e menos, não se acham ali collocados pela sua inferioridade, e sim porque os quadros das duas classes immediatas têem o pessoal completo e não podem admittir um grande numero de laboriosos e activos operarios que se podem julgar em circumstancias identicas aos de 1.ª e 2.ª classes. Officinas ha onde o trabalho é dividido igualmente sem se attender á classificação, não obstante a remuneração ser muito desigual. Uns e outros soffrem as consequencias de um aturado e muitas vezes perigoso serviço, tocando-lhes a mesma parte nas fadigas, recebendo porém uns melhor retribuição do que outros.

Estas circumstancias são sabidas de todos os ministros que hão occupado a pasta da marinha, e convencidos da justiça desta pretensão, têem afiançado que hão de propor as medidas convenientes; ainda modernamente o ex.mo sr. José da Silva Mendes Leal, que hoje dignamente occupa uma cadeira no parlamento portuguez, quando era ministro da repartição de marinha, se convenceu da necessidade da reforma que hoje se solicita, e de que todas as boas rasões estão aconselhando a adopção. A camara popular, quando chamada a resolver sobre esta pretensão, tem no seu seio muitos membros que conhecem estes males, e que por certo informarão a camara de que o que se pede é de incontestavel e reconhecida justiça.

Por estes e outros não menos justos motivos, o centro operario lisbonense resolveu vir perante a camara dos senhores deputados solicitar a extincção da 3.ª classe de operarios do arsenal da marinha, passando os que a constituem para os quadros das classes immediatas.

Lisboa e sala das sessões do centro operario lisbonense, 31 de março de 1865. = Antonio Joaquim de Oliveira, presidente e delegado da associação typographica lisbonense = Manuel Gomes da Silva, vice-presidente e delegado da associação dos sapateiros lisbonenses = José Gomes de Andrade, secretario e delegado da associação dos sapateiros lisbonenses — Antonio Fortunato de Sousa, secretario e delegado da associação dos calafates lisbonenses.

Sociedade dos artistas lisbonenses — José Mauricio Velloso, José Silvestre de Freitas.

Associação typographica lisbonense — Francisco Vieira da Silva.

Associação dos sapateiros lisbonenses — Francisco dos Santos, Antonio José da Rosa.

Associação de trabalho para os fabricantes de seda — Henrique José Ribeiro, secretario e delegado; João Antonio da Silva Borges.

Associação fraternal dos chapeleiros e serigueiros — José Cupertino Gonçalves de Moraes, João Antonio Murada Junior.

Associação fraternal dos fabricantes de tecidos de toda a especie — Antonio Cazimiro Moacho, Ignacio de Sousa Guerreiro.

Associação fraternal dos oleiros — Manuel Peres de Castro.

Associação lisbonense dos latoeiros de folha branca — Joaquim Baptista Leone, José Nunes Ferreira.

Associação dos carpinteiros, pedreiros e artes correlativas — Rodrigo Ramos, Marcellino Duarte e Silva.

Associação dos marceneiros e artes correlativas — Joaquim Antonio Raposo.

Associação dos marceneiros lisbonenses — José da Silva Alarcão, Antonio Thomás de Sousa, Victorino Francisco Moreira Vidal.

Associação da classe de sapateiros e officios correlativos — José Bento Ferreira, Antonio Maria da Silva, Joaquim Desiderio Lopes de Oliveira, Manuel Pinto Nogueira.

Associação dos calafates lisbonenses — João Antonio Raymundo, Francisco Manuel Pinto, Antonio de Sousa Ferreira.

Associação fraternal dos esteireiros — Theodoro José Ferreira, Bruno da Silva.