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1846 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Eleitores, obriga o maior numero a deslocar-se para pontos distantes em beneficio do menor numero de eleitores; e dá em resultado que algumas das sédes das assembléas eleitores são as menos populosas, e onde não ha o pessoal necessario para a constituição das mesas, nem igrejas apropriadas para o serviço das operações eleitoraes.
Em vista d'estas breves considerações parece-me justo e necessario que se faça nova divisão de assembléas nos termos do seguinte projecto de lei:
Artigo 1.º O concelho de Alcobaça será dividido em sete assembléas eleitoraes pela fórma seguinte:

[Ver tabela na imagem]

Art. 2.° Fica revogada a legislação em contrario.
Sala das sessões, em 1 de julho de 1887. = O deputado pelo circulo n.° 66, Antonio Lucio Tavares Crespo.

O sr. Presidente: Está em discussão na generalidade e especialidade.
Não havido quem pedisse a palavra foi posto á votação e approvado.

SEGUNDA PARTE DA ORDEM DA NOITE

Continuação da discussão do artigo 2.º do projecto de lei n.º 138 («bill» de indemnidade)

O sr. Eduardo José Coelho: - Defendeu largamente o projecto.
(O discurso será publicado quando s. exa. restituir as notas tachygraphicas.)
Leu-se na mesa a seguinte:

Moção de ordem

A camara, reconhecendo que a dictadura que o governo assumiu e exerceu lhe foi aconselhada pelas circumstancias politicas em que se encontrava o paiz, e reconhecendo ainda que nos decretos dictatoriaes foram attendidas urgentes necessidades publicas, continúa na ordem do dia. = E. J. Coelho.
Foi admittida.
O sr. Antonio de Azevedo Castello Branco: - Chega-me, alfim a palavra.
Pedi-a na generalidade d'este projecto. Eu tinha prestado a minha attenção a este complexo assumpto; como, porém, haja decorrido tanto tempo desde o momento em que eu entendi que me cabia a palavra na ordem da inscripção, quasi posso dizer que me esqueceram as considerações que me propunha fazer.
Vou agora dizer, pois, o que se me offereça.
Começarei pela historia que o sr. Eduardo José Coelho fez das evoluções do partido progressista desde a sua origem até ao presente.
O illustre deputado e meu amigo fez um discurso tão ponderoso e tão longo, mas sempre levantado e interessante, que francamente declaro penalisar-me não o ter ouvido todo; mas nem eu presumia que tinha a palavra em seguida a s. exa. nem a alta temperatura, marcada pelo thermometro, e não pelos ardores da politica partidaria, consente que se dê uma attenção demorada aos oradores, ainda que sejam do quilate do sr. Eduardo José Coelho.
É-me grata a coincidencia de ter de ser eu quem responda a s. exa., pois na discussão do codigo administrativo, apresentado em 1881 pelo sr. José Luciano de Castro, hoje digno presidente do conselho, foi s. exa. que me deu a honra de responder ás minhas anodynas observações, feitas ao projecto do codigo que então se discutia.
Eram anodynas as minhas palavras de então, porque eram unicamente tendentes a fazer com que aquella lei fosse mais ou menos praticável e acceitavel pelo paiz, de modo que, sendo uma das instituições fundamentaes por se tratar da administração districtal, municipal e parochial, a minha intenção era que fosse a mais conforme ás tradições e aspirações do paiz, facilmente exequivel pela clareza dos seus preceitos, e bem acceita pelos povos por corresponder aos seus costumes e legitimos interesses. (Apoiados.)
Então o sr. Eduardo José Coelho respondeu ás minhas palavras com a alta competencia e com o lucido criterio que o distingue; hoje, porém, s. exa. preferiu ás considerações sobre o novo codigo administrativo a fazer a chronica do partido progressista ab ovo, enaltecendo os feitos e triumphos do seu partido, como historiador apaixonado e um pouco imaginoso.
A preoccupação constante do discurso do illustre deputado consistiu na demonstração paciente dos esforços herculeos do partido regenerador para trucidar o partido progressista, que, com vigor titanico, ha resistido briosamente alçando a fronte altiva e impavida. (Vozes: - Muito bem.) Entre as machinações terriveis dos regeneradores contra os progressistas, mencionou o insigne panegyrista do seu partido a carta de lei de 8 de maio de 1878, attribuindo o alargamento do suffragio estabelecido por aquella carta de lei a um plano machiavelico de esmagar o partido progressista no berço das nossas liberdades, na invicta cidade do Porto.
Não foi sem uma certa surpreza que escutei as palavras do illustre deputado, quando referia este grão caso, pois que a lei alludida era da iniciativa do venerando e chorado estadista, o sr. duque d'Avila, iniciativa que, tendo-se mallogrado, foi mais feliz em mãos de regeneradores, que a converteram em lei.
Ora nem o sr. duque d'Avila pretendia subverter o partido progressista, que tanto o thurificava em 1878 e junto do qual tinha o sr. Barros e Cunha, que não era suspeito mas antes amigo velho e prestimoso, nem os regeneradores pensaram jamais em supplantar o mesmo partido, que sempre se vangloriára de ser popular, patuléa, adoptando um plano contraproducente, pois tal seria o alargamento do suffragio até ás classes proletarias. (Apoiados.)
Não se compadece com a notoria brandura de nossos costumes o intuito truculento de um partido tyrannisar outro, ou de o reduzir ao ostracismo perpetuo. (Apoiados.)
Isto é um paiz bonacheirão, onde as paixões politicas raras vezes produzem mais do que as fulgurações instantaneas do lycopodio da rhetorica.
Os partidos não se degladiam no parlamento com sanha feroz, e se se dardejam calumnias e injurias contra os mais eminentes homens de estado, isso são brinquedos pueris da imprensa, de que a final se não faz caso; pois que este é o melhor dos paizes, como certamente diria o dr. Pangloss.
(Riso.)
Chega a tal ponto a cordialidade dos partidos n'esta pacata Hollanda occidental, que se trocam os programmas entre si, como se foram bilhetes de visita. (Riso.)
Os regeneradores, que são tidos como conservadores, partidarios lentos e tardios da civilisação, têem produzido