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1608 DIAR10 DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Creio que a acta de terça feira não foi approvada na sessão passada. Supponho isso.

Partindo d'essa supposição, pedia a v. exa., primeiro que consultasse a assembléa, visto levantarem-se duvidas sobre a votação de quarta feira, se consente que esta votação se repita; podendo então inscreverem se quantas vezes quizerem sobre o modo de propor os illustres deputados que o desejem fazer.
Declarada ou não discutida a materia, eu pediria que relativamente á resolução de terça feira, para a qual militam os mesmos principios e as mesmas considerações, se proceda do mesmo modo.

Parece me que n'estas propostas que apresento não ha cousa alguma que possa ser desairosa para nenhum dos lados da camara. (Apoiados.)
(O orador foi muito comprimentado.)

(S. exa. não reviu.)

O sr. Eça de Azevedo:- Começa por declarar que estimava ver restabelecida a ordem na assembléa. Pela sua parte não levantaria nenhum incidente que a podesse perturbar.

Era do interesse de todos que as instituições fossem respeitadas e acatadas.
A maioria não desejava que se lhe attribuisse o desejo de obter votações no meio da desordem, e, portanto, estava convencido de que ella não duvidava acceitar a indicação ou requerimento do sr. Lopo Vaz, para se repetir a votação com relação a julgar-se ou não discutida a materia, como requererá o sr. Oliveira Matos, assim como a votação da proposta de additamento que fôra apresentada pelo sr. Baracho.

Pelo que respeitava ao sr. Francisco de Campos, tinha a maioria toda a consideração e todo o respeito por s. exa., e elle, orador, via com prazer que a minoria estava animada dos mesmos sentimentos.

S. exa. não tinha de certo outro desejo que não fosse o do acertar; e o seu caracter respeitabilissimo era para todos segura garantia da rectidão e imparcialidade com que dirigia, os trabalhos da camara.

Se s. exa. não concedera a palavra a alguns srs. deputados, fora porque s. exa. a tinham pedido intempestivamente. Não a deviam ter pedido senão depois de votado o requerimento.

Conclue pedindo ao sr. presidente que declarasse se havia na mesa algum documento pelo qual o sr. Francisco de Campos renunciava o seu logar na camara.
(O discurso será publicado em appendice a esta sessão citando s. exa. o restituir.)

O sr. Presidente: - Ha effectivamente sobre a mesa o officio a que alludiu o illustre deputado.
Vae ler-se.
Leu-se o seguinte:

Officio

Ill.mo e exmo. sr.- Para os effeitos convenientes, tenho a honra de participar a v. exa. que renuncio o logar de deputado pelo circulo plurinominal de Vizeu.

Deus guarde a v. exa. Lisboa, 18 de maio do 1888.- Ill. e exmo. sr. presidente da camara dos senhores deputados. = O deputado, Francisco de Barros Coelho e Campos.

O sr. Eça de Azevedo: - Eu proponho que, em virtude das declarações do sr. Lopo Vaz, feitas sem duvida em nome da minoria, se rejeite por acclamação o pedido feito pelo sr. Francisco de Barros no officio que acaba de ser lido. (Apoiados.) Mando para a mesa uma proposta n'este sentido e requeiro a urgencia. (Apoiados.)
Leu-se na mesa a seguinte:

Proposta

Proponho que por acclamação seja votado que a camara não acceita a renuncia pedida pelo sr. deputado Francisco de Campos, ao caracter do qual presta a maior homenagem. = O deputado, Eça.

Dispensado o regimento foi approvada por aclamação.

O sr. Fuschini: - Não serei eu, estrenuo defensor dos direitos parlamentares, não serei eu, que julgo o systema parlamentar o unico, que póde manter e apurar os principios da liberdade, que virei n'este momento lançar uma nota discordante na resolução harmonica de um problema difficil.

Entendo que na politica tenho-o dito mais de uma vez n'esta camara- ha accordos dignos. Se os accordos têem por fim realisar altos principios de administração, ou elevar a dignidade do parlamento, esses accordos são, não direi só dignos, mas sublimes. (Apoiados.)

Quando um membro classificadissimo de uma fracção da minoria se levanta e declara, que a agitação que se manifestou hontem n'esta sala chamo-lhe agitação porque não desejo nunca empregar a palavra tumulto foi um mal entendido, um equivoco, que é preciso fazer desapparecer por todas as fórmas, inclusive pela confissão dos proprios erros, palavras textuaes do sr. Lopo Vaz, não serei eu que impedirei um acto de attrição ou de contricção da parte de quem quer que seja.

Folgo tambem summamente, nem podia deixar de folgar, vendo que um homem de alta posição politica do sr. Lopo Vaz vem a esta camara manifestar exactamente as mesmas opiniões que eu manifestei na sessão de quarta feira com applauso do sr. Consiglieri Pedroso.

O sr. Consiglieri Pedroso:- Apoiado.

O Orador:- S. exa. o sr. Lopo Vaz não acrescentou nem tirou um só aos raciocinios que hontem apresentei; unicamente, por uma rasão que não attinjo bem, esqueceu se de dizer que os proponentes d'essa moção conciliadora, hontem esquecida, hoje adoptada, tinham sido o sr. Consiglieri Pedroso e eu.

Sr. presidente, v. exa. comprehende perfeitamente, como nós não nutrimos a pretensão de produzir idéas novas nem mesmo de ter a prioridade de qualquer opinião, porque como convictos e sinceros que somos, desejamos apenas ver as nossas idéas e planos realisados, não temos senão a congratularmo-nos com o sr. Lopo Vaz por elle ter feito vingar hoje opiniões e doutrinas, que na quarta feira não acharam, e ainda mal, acho n'esta casa.

Este ponto é que nos magoa. V. exa. sabe que na terça feira passada só deu certa agitação n'esta camara, e que essa agitação cresceu de ponto na quarta feira; ora exactamente n'este ultimo dia propunha eu, apoiado pelo sr. Consiglieri Pedroso, o alvitre que hoje é acceito pelo sr. Lopo Vaz e pela maioria.

Resta-me o direito de lamentar, que não tenha sido attendida idéa tão correcta, senão depois de apresentada pelo sr. Lopo Vaz, porque se teria assim evitado a agitação de quarta feira.

Sr. presidente, sejam quaes forem as rasões d'este procedimento, não tenho senão a congratular-me com elle, observando á maioria, que realmente acaba de seguir o caminho da rasão e da boa justiça.

O sr. Eduardo Abreu: - A maioria ainda não se pronunciou a favor ou contra a proposta do sr. Lopo Vaz.

O Orador: - V. exa. comprehende que as cousas são o que são, como dizia o meu chorado chefe, Fontes Pereira de Mello.

O sr. Eça de Azevedo, respondendo a um orador da importancia do sr. Lopo Vaz, parece me que devia fallar em nome da maioria; mas retiro a minha affirmação desde o momento em que um membro tão conspicuo da maioria, como v. exa., diz que ella não se manifestou ainda, e que, portanto, o illustre deputado Eça de Azevedo fallou só em nome.

O sr. Eduardo Abreu: - Devo declarar, que não