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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Discursos do sr. F. M. da Cunha, na sessão de 4 do corronte, que deviam ler-se a pag. 507, col. 1.ª

O sr. F. M. da Cunha: — Folgo de ver presente o sr. ministro da marinha, e tinha a intima convicção de que s. ex.ª não deixava de comparecer quando soubesse que eu me tinha inscripto para dirigir-lhe algumas perguntas ácerca dos negocios de Macau. Fórmo alta idéa do caracter de s. ex.ª, e sei que de modo algum se exime á responsabilidade dos seus actos.

Antes de me dirigir a s. ex.ª devo explicar á camara, aos meus constituintes e ao paiz a rasão por que o não fiz ha mais tempo, correndo ha cincoenta ou sessenta dias as noticias graves a que tenho de referir-me.

Eu tive conhecimento de dois telegrammas particulares, que se dizia, e eu creio que eram, de uma auctoridade importante e respeitabilissima d'aquella possessão. Um d'elles dizia ter havido uma sessão tumultuosa do conselho do governo, em que se discutira a coucessão do estabelecimento de novos postos fiscaes chinezes, na qual tinha ficado vencido; o segundo, annunciava que effectivamente tinha sido decidida aquella concessão, que havia alvoroço na cidade, que as canhoneiras chinas bloqueavam o porto, e que urgiam providencias que salvassem a colonia.

Soube tambem, e devo o á benevolencia do sr. ministro da marinha, e s. ex.ª me dirá se é indiscrição continuar a invocar a sua auctoridade, que s. ex.ª perguntou para Macau, apenas teve conhecimento d'aquelles telegrammas, o que havia com relação ao assumpto, recommendando ao governador que indicasse os meios de que podesse precisar para a conservação da ordem e para salvaguardar a independencia da colonia.

O governador respondeu, pouco mais ao menos, que effectivamente os chinas pediam novas concessões, que tinha mandado o seu secretario a Cantão tratar d'este assumpto, e que estava disposto a não ceder a novas exigencias, resistindo até com a força, se tanto fosse preciso.

Ultimamente tive conhecimento tambem de um outro telegramma do governador, no qual dizia confiar em que as negociações encetadas teriam bom resultado.

Ora eu que, como me parece já disse n'esta casa, tenho idéas completamente oppostas ás do actual governador de Macau, com respeito á administração d'esta colonia, e não só. em relação aos negocios internos como tambem aos externos, o que não impede que respeite o seu caracter pessoal, eu sympathisei, não completamente, mas em parte, com a resolução em que parecia estar, de não acceder a novos pedidos e de resistir, sendo preciso. Sympathisei com este modo de proceder, até porque era a confissão tacita do primeiro erro, isto é, da concessão para o estabelecimento dos postos fiscaes em 1868.

Mas não podendo dar os telegrammas conhecimento circumstanciado da maneira por que as cousas se tinham passado, eu entendi que não devia fazer gala nem apparato do meu zêlo e dedicação pela terra que tenho a honra de representar, vindo interpellar o governo, quando sabia que elle me não podia dar mais esclarecimentos.