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Não fui procurar na secretaria se havia já alguma cousa passada a este respeito, porque isso não me habilitava bastante para saber o que havia agora.

Dirigi-me pois ás auctoridades, e estou á espera de ver o que ellas me dizem.

Torno a repetir; não póde suppor-se que 325 cidadãos de Vinhaes venham mentir á representação nacional. Poderá haver exageração, mas mentira não.

Hei de informar-me dos acontecimentos e chegar á verdade. E creio que a camara fará justiça tambem ao actual ministro do reino, que elle ha de applicar as leis a todos aquelles que faltarem a ellas (apoiados).

A lei ha de ser cumprida... (Os srs. Mathias de Carvalho e Montenegro pedem a palavra.)

Se lá houver prepotencias hão de acabar, e hei de fazer todos os esforços, todos os que estiverem ao -meu alcance, para que se restitua a tranquillidade ao concelho de Vinhaes, se porventura lá esta alterada.

A camara saberá se o governo dorme a este respeito ou não. Não posso dizer mais nada.

Vozes: — -Muito bem, muito bem.

O sr. Mathias de Carvalho: — Foi lida pelo nobre deputado, o sr. Montenegro, uma representação de varios habitantes de Vinhaes, queixando se de oppressão da parte da auctoridade administrativa d'aquelle concelho. A camara já sabe pelos acontecimentos que tiveram logar na ultima eleição de Vinhaes, que os espiritos ali estão longe de poderem apreciar devidamente os actos d'aquella auctoridade. O concelho esta dividido em dois partidos; por consequencia não devemos suppor que exista na apreciação dos actos da auctoridade administrativa aquella imparcialidade, que em occasiões normaes se devia encontrar.

Lembro esta circumstancia ao sr. ministro do reino, não para pedir a s. ex.ª, longe de mim tal idéa, que deixe de averiguar qual é a verdade, que deixe de tomar conhecimento dos factos que ali se tenham passado; mas peço a s. ex.ª que não esqueça tambem as circumstancias em que se acha aquelle concelho, e espero que s. ex.ª, procurando apreciar os factos livre de todas as apprehensões, como é proprio do seu caracter, faça justiça a quem se dever (apoiados).

Impressionou-me a leitura. d'esta representação, porque conheço pessoalmente o administrador do concelho de Vinhaes. Não posso deixar de declarar á camara que as idéas que tenho a respeito de s. ex.ª são as mais favoraveis. Considero-o um cavalheiro e estimo poder dar á camara este testemunho.

O sr. Montenegro: — Pedi a palavra unicamente para agradecer ao sr. ministro do reino a promptidão da sua resposta e a garantia que me dá de que ha de cumprir a lei depois de tomar todas as informações.

Não posso assegurar que o que se diz na representação seja inteiramente verdade, mas em summa o facto parece confirmar-se, porque assignaram a representação 325 pessoas que sabem ler, e por consequencia não devem ser das ultimas classes do concelho.

O meu nobre amigo o sr. Mathias de Carvalho diz, que é muito natural que os povos avaliassem mal os actos da auctoridade; mas tambem é muito natural que a auctoridade, tendo sido vencida na occasião das eleições, hoje não olhe com muita estima e com muito amor para os seus adversarios politicos (apoiados). Entretanto não quero que esta circumstancia sirva de cousa alguma, mas que se mandem tirar informações. E isso que já nos assegurou o sr. ministro do reino, pelo que eu lhe dou os meus agradecimentos.

O sr. Presidente: — A ordem do dia para ámanhã é a mesma que já está dada. Está levantada a sessão. Eram quatro horas da tarde.