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mara, então é que me parecem que podem e devem ter logar muitas das observações que se tem apresentado já nesta discussão — Parece-me que com aquillo que disse, fiz um grande serviço ou obsequio á camara, por que leremos o gosto de ouvir os engenheiros que tem estado calados (Riso); e eu desde já prometto a s. ex. que não hei-de responder-lhes hoje, por que sobre a discussão na generalidade não direi mais palavra.

Quando vier o contracto prometto que hei-de tomar a palavra, e entrar na questão não tambem como desejaria, mas o melhor que puder.

O sr. Placido de Abreu: — Sr. presidente, se o parecer na sua generalidade não tem sido por ora combalido, era desnecessario que os membros da commissão pedissem a palavra para o defender. (Apoiados).

Nós vimos que o sr. deputado Avila declarou que votava pelo parecer, que o sr. Cunha fez igual declaração; que todos estão accordes em votar pela construcção de um caminho de ferro, e nestas circumstancias, que ha pois que defender da parte da commissão ou da maioria da camara?.. Nada; absolutamente nada, porque nada lia impugnado (Apoiados).

Quer por ventura o sr. Cunha, quando diz, que nesta questão ninguem por parte da commissão, nem» da maioria combate a opposição, a opposição que tambem quer a construcção do caminho de ferro, quer que qualquer membro da commissão ou da maioria da camara, só para fazer a vontade ao sr. deputado, venha impugnar a construcção do caminho de ferro!.. Não é possivel fazer-se lai. (Apoiados).

Sr. presidente, tudo quanto se tem dicto por parte de alguns srs. deputados, é mais proprio da discussão do contracto definitivo, que da discussão do projecto n. 27: (Apoiados) quando esse contracto vier a camara, então eu entrarei tambem na questão debaixo de todas as suas relações, e fallarei tambem acêrca de muitos pontos, que ora tem sido tractados na actual discussão; e de passagem direi, que depois das explicações dadas pelo sr. ministro, conhece-se que algumas das observações feitas pelo lado da opposição com relação ás condições do contracto, não tem fundamento algum, e até o sr. Avila, em vista de algumas das observações que ultimamente fez o sr. ministro, desistiu de parte das duvidas e objecções que anteriormente a essas explicações linha apresentado.

Mas ainda a respeito de differentes cousas que o illustre deputado disse, quando entrarmos na discussão do contracto, eu responderei a s. ex.ª e direi muito francamente á camara qual é a minha opinião.

Agora a respeito do sr. Cunha dizer — que o acto da condição que estabelece o preço de 50:000$000 réis por cada kilometro, é a maior rapina que se tem feito, e póde fazer, direi, que uma tal expressão é a expressão mais mal cabida, mais despida de fundamento que se póde apresentar; é uma expressão que mostra — que o sr. Cunha não estudou esta materia; porque se a tivesse estudado, havia de vêr que caminhos de ferro houve em Inglaterra, como o de Gran-ville, que custaram cada kilometro 81 contos, e em França alguns houve que custaram 51 contos; e se isto aconteceu assim naquelles paizes, em que se dão

circunstancias muito mais favoraveis a muitos respeitos, que entre nós, que admira que em Portugal se estabeleça o preço de 50 contos por cada kilometro quando de mais a mais é o primeiro ensaio que vamos fazer de caminhos de ferro?

Pois se os caminhos de ferro em Inglaterra, tirado o termo medio, têem custado 84 contos de réis por kilometro, e os caminhos de ferro em França 54 contos de réis por kilometro, e isto não é rapina naquelles paizes, ha-de ser rapina em Portugal um caminho de ferro que custa 50 contos por kilometro? Pois se naquelles paizes, onde se dão circunstancias mais favoraveis a muitos respeitos do que entre nós, onde se tem trabalhado por longos annos em caminhos de ferro, o kilometro sae ainda por aquelle preço; neste paiz, onde o caminho de ferro é materia completamente nova, hade-se estranhar que elle custe por kilometro 50 contos?.. Digo isto para mostrar a s. ex.ª que é perfeitamente gratuito, que não soffre analyse, que é uma expressão exaggerada, o que s. ex.ª disse quanto a rapina, que é uma accusação que não devia lançar-se no parlamento, porque quando se dizem expressões de tal ordem, é necessario que antes se meditem muito, e não se tragam aqui só para fazer effeito; é necessario descer á analyse dos factos, e juntar a isto o estudo da doutrina.

Sr. presidente, eu como já disse não pretendo cançar a camara, e por isso pouco mais direi. Não tenho conhecimento especial das condições do contracto, e como não o tenho, não entro em analyse nenhuma a respeito dellas; quando o contracto vier á camara, hei-de estuda-lo e aprecia-lo, e não terei duvida em entrar na questão.

Agora ha uma circunstancia sobre a qual desejo responder. O sr. deputado Avila estranhou que eu désse um apoiado ao illustre ministro da fazenda n'uma questão propriamente de arte. Se s. ex. meditasse que as questões, ou condições de arte e de orçamento fazem variar completamente uma obra; certamente s. ex.ª havia de vêr logo que o meu apoiado queria dizer que aquillo que o sr. ministro disse, era o que em regra se fazia. S. ex. disse que em regra uma segunda via tem mais um quinto da despeza de uma só via; em regia, em construcções ordinarias, não é para todas as excepções, e todos os casos especiaes; foi debaixo desta idéa que eu dei o apoiado no sr. ministro da fazenda, e sustento, essa mesma doutrina. Um quinto que nós tomamos é como regra geral, é como principio propriamente de construcção; mas não se segue que este principio não possa ser alterado em relação a esta ou áquella construcção.

Concluo dizendo a v. ex.ª que em quanto ao projecto em discussão, como não tem sido combatido, não era possivel ser defendido, e em quanto aos preços que têem custado os caminhos de ferro em outros paizes, e áquelle que poderiam custar no nosso; e quando vier o contracto á camara, não terei duvida em entrar mais de espaço nessa questão, como puder e intender, e responderei ao illustre deputado conforme as circunstancias o permittirem.

O sr. Saidos Monteiro: — Peço a v. ex.ª que queira consultar a camara sobre se a materia do projecto está sufficientemente discutida na sua generalidade.

Julgou-se discutida, e foi approvado o projecto na generalidade.

(J sr. Justino de Freitas: — Peço que se dispense

VOL. V — MAIO — 1853.