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SESSÃO DE 2 DE JUNHO DE 1885 1961

maioria era uma provocação á opposição. A opposição não contestava o direito da maioria votar que houvesse sessões nocturnas, mas o que pedia era uma conciliação honrosa.
Resolvera a camara prorogar a sessão até se votar a proposta do sr. Luiz de Lencastre, e depois do sr. Francisco Beirão haver dito algumas palavras, estando inscriptos muitos srs. deputados de todos os lados da camara, um sr. deputado da maioria requereu que se julgasse discutida a matéria. Não lhe parecia que isto se podesse fazer, e no meio do susurro que havia na sala não se podia dizer que tal requerimento fosse approvado.
O sr. Consiglieri Pedroso: - Eu tinha pedido a palavra sobre este incidente.
O sr. Presidente: - Eu não posso dar a palavra ao sr. deputado sobre este incidente desde que ha um requerimento para se julgar a matéria da proposta suficientemente discutida, e desde que esse requerimento foi approvado. (Susurro.)
Peço ordem. Peço a attenção da camara.
Desde que se levantam duvidas ácerca da votação do requerimento vou consultal-a para se tirar a contra-prova da votação.
(Interrupção. Susurro.}
O sr. Avellar Machado (sobre o modo de propor): - Requeiro a v. exa. que consulte a camara se quer votação nominal.
O sr. Consiglieri Pedroso: - V. exa. sabe perfeitamente que, desde que, tomei assento nesta casa, tenho-me por todas as formas conservado dentro dos limites da minha posição especial, e tenho procurado conciliar os deveres do meu mandato com o respeito que devo ao sr. presidente desta camara, mas é preciso que o sr. presidente da camara se não transforme em presidente da maioria. (Apoiados da esquerda.)
(Manifestação da direita apoiando a presidência e vozes chamando á ordem.)
Vozes: - Ordem, ordem.
O sr. Presidente: - O sr. deputado tem a palavra só sobre o modo de propor.
O Orador: - Sobre o modo de propor é que eu pedi a palavra, e sobre o modo de propor é que eu estou fazendo estas considerações á camara.
Admiro-me muito que esta maioria, que acaba de dar ao paiz um espectáculo de uma violência inaudita, se levante contra quem vem estranhar que essa violência se faça, especialmente por quem tinha direito de manter a ordem.
Vozes: - Mas não insulte o presidente.
O Orador: - Eu não insultei, não insulto, nem insultarei o sr. presidente, mas o que desejo é que s. ex.º1 se conserve acima de todas as preferencias, e peço a v. exa., que se sentara desse lado da camara, que attentem no que a sua dignidade está exigindo.
Essas violências, que não partem de nós, significam uma extraordinaria fraqueza. (Apoiados.)
Proceda a maioria como quizer, nós seremos lógicos. A maioria está no seu logar e não seremos nós que digamos que não siga o seu a maioria, que póde vencer, não póde esmagar; sem pede esmagar, sem que ouça ao menos as vozes d'aquelles que são calcados em seus direitos. A maioria vote, mas deixe que ao menos se proteste.
E como respondeu a maioria á cordura da nossa parte?
Sabe v. exa., que o sr. Beirão, se quizesse, podia ter fallado a hora toda, usando do obstrucionismo, mas não o fez, porque só queria varrer a sua testada; em todo o caso não teria senão esse meio.
E como se respondeu?
Oh! Sr. presidente, com um requerimento que eu lastimo profunda e dolorosamente que partisse do meu illustre amigo o sr. Arroyo... do sr. Arroyo...; desse jovem que foi meu companheiro, ha alguns annos, numas festas que ficaram para sempre memoráveis em Hespanha, onde levantou uma bandeira, santa, nobre e generosa; onde levantou uma bandeira, que até em sua ingenuidade não via que talvez podesse cavar um abysmo entre a sua posição de então e a que hoje occupa!...
(O sr. deputado não reviu as notas tachygraphicas.)
O sr. Arroyo: - Mente!
(Susurro.)
(Protestos da opposição. Manifestação em sentidos oppostos. O sr presidente chama á ordem.)
O sr. Arroyo (com vehemencia, collocando-se em cima do banco): - Repito; Isso é mentira!. ..
(Tumulto.)
O sr. Presidente: - Suspendo a sessão.
Eram quatro horas e meia da tarde.
As seis horas e um quarto reabriu a sessão.
O sr. Presidente: - Umas palavras dirigidas pelo sr. Arroyo ao sr. Consiglieri, quando este se lhe estava referindo, provocaram um grave tumulto na assembléa. Não me foi possível restabelecer a ordem, para cumprir o disposto no artigo 100.° do regimento, e tive de interromper a sessão. A mesa em acto continuo conferenciou, como entendeu ser conveniente, com cada um d'aquelles srs. deputados, e eu posso assegurar á camara, que o sr. Arroyo retira a phrase na parte em que ella possa envolver oftensas á camara em geral. Mas a mesa, para que não podesse ficar entre os dois cavalheiros qualquer vislumbre de resenti-mento, ou azedume, ouviu os srs. Arroyo e Consiglieri Pedroso e verificou que o sr. Consiglieri Pedroso não tivera intenção de offender o sr. Arroyo, e que o sr. Arroyo não quiz oftender o sr. Consiglieri Pedroso.
Parece-me que a camara ficará satisfeita com este resultado. (Muitos apoiados.)
Vozes: - Muito bem.
Deu-se conta da ultima redacção dos seguintes projectos:
N.ºs 60, 78, 79, 85, 90, 92, 96, 99, 101 e 103.
Foi approvada.
O sr. Presidente: - A ordem do dia para amanhã é a continuação da que estava dada.
Está levantada a sessão.
Eram seis horas e vinte minutos da tarde.

Redactor = Rodrigues Cordeiro.