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sição de París. O illustre deputado o sr. Sá Nogueira approva todas as outras despezas extraordinarias de que trata este projecto, mas não approva a que se fez com a exposição de París.

O motivo que s. ex.ª dá para approvar as outras verbas é porque ellas se gastaram em virtude de casos de força maior. Ora, eu direi a s. ex.ª que, em relação á exposição de París, tambem se póde dizer que se deu, de' certo modo, caso de força maior. A despeza principal que se fez foi com a installação. Eu tenho aqui uma nota, que vou mandar para a mesa, da despeza que se tem feito com a instalação nas differentes exposições (leu).

Por aqui se vê que, só com o edificio para a installação dos nossos productos, se gastaram os 50:000*000 réis que estavam votados, e ainda não chegaram. Agora é preciso que se saiba que o edificio da nossa exposição era digno de se enfileirar entre os dos outros paizes, e não censuro o governo por isso; n'estes casos, ou se não vae á exposição ou se ha de fazer boa figura.

O parlamento podia dizer: «não queremos exposição», mas quando o parlamento diga: «vamos á exposição e auctorisâmos o governo a gastar para esse fim 50:000$000 réis», o governo não devia levar o paiz a fazer uma figura triste, deixando de fazer o que outras nações fizeram; e mesmo assim, ao lado do nosso edificio manuelino, que aliás mereceu as attenções e. os gabos de todos, estavam outras nações fazendo mais do que nós fizemos.

Nas exposições de Londres em 1855 e 1862 não tivemos necessidade de fazer senão a pequenissima despeza de réis 9:000$000, mas para a ultima exposição de París reconheceu-se que era preciso auctorisar o governo a despender 50:000$000 réis, e um caso de força maior obrigou o governo a gastar uma quantia superior áquella para que estava auctorisado, para não fazermos uma figura que nos deslustrasse.

O parlamento póde dizer: «não concedo este bill de indemnidade», e será isso o primeiro passo para uma lei de responsabilidade de ministros, segundo já ouvi dizer ao illustre deputado que se me vae seguir; póde, mas deve lembrar-se que a despeza esta feita, foi feita em proveito do paiz, foi feita para que apparecessemos convenientemente n'uma exposição como a de París, e haveria rigor de mais se não votasse um projecto, cuja approvação é indispensavel para regularidade das contas.

Prometti não fallar mais de cinco ou seis minutos, e por isso concluo aqui, mandando esta nota para a mesa, e declarando que voto este projecto.

O sr. Freitas e Oliveira: — Sr. presidente, não indago, nem quero saber se este projecto é da iniciativa do governo actual, ou do seu antecessor, ou ainda de outro. Se for justo hei de approva-lo, e não o reputando conveniente nem justo, hei de rejeita-lo.

Declaro a v. ex.ª desde já que o rejeito, ainda que ha de parecer absurdo este voto de rejeição desde que se diz que a despeza esta feita, e sobretudo que esta feita n'um paiz estrangeiro.

Uma voz: — De mais a mais esta paga.

O Orador: — Então já não é tão absurdo o meu voto de rejeição, porque o unico inconveniente que podia haver era a vergonha de se não pagar a despeza feita. Como a despeza esta paga, o inconveniente que eu reputava maior acabou.

Eu entendo que a camara rejeitando este projecto, e creio que foi a isto que alludiu o sr. Gavicho, praticava um acto muito conveniente, porque dava um passo para a responsabilidade ministerial.

Nenhum ministro em qualquer circumstancia se atreveria, depois d'este voto, a despender em qualquer ramo de serviço publico mais do que a camara lhe tivesse votado, salvo o caso de força maior; e na exposição de París não havia este caso do força maior para se gastar mais do que estava auctorisado.

O sr. Gavicho: — Em mais de 50:000$000 importou só a installação.

O Orador: — Mas não devia importar.

Não quero fazer censura ao parlamento que votou essa auctorisação, nem ao governo que a propoz, mas eu votaria antes para que se não fosse a exposição alguma, porque quem não tem que expor não vae expor para não passar por uma vergonha. Portanto eu votaria contra.

O parlamento porém votou essa auctorisação de réis 50:000$000, quantia que julgou sufficiente para fazermos a figura que nos convinha como povo industrial, que entendeu que somos, mas eu creio que votou de mais, que foi generoso n'essa auctorisação, e que ella se não devia exceder.

O meu voto agora é inteiramente intencional. Voto contra este projecto na intenção de que, se a camara me acompanhasse, daria um passo para a responsabilidade ministerial, sem o que não ha regimen representativo. Sem ella o que isto continua a ser é um governo absoluto, sem tirar nem pôr. Tenho dito.

Vozes: — Votos! Votos!

Outras vozes: — Não ha numero.

Verificou-se que não havia numero na sala..

O sr. Presidente: — Está fechada a sessão.

Eram quasi quatro horas da tarde.