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idéas de civilisação e creação de hoje, ou menos licita, mais ou menos antiga, não teriam tempo para occorrer e obedecer a tanta necessidade urgente, e clamorosa ? POB o Ministro que é tido 'como o primeiro e o maior Ppeta da-Península, em vez de tractar de or-ganisar a sua Repartição que acha mal organisada, tracta cuidadosamente de se fazer Balío de Malta?... E querem que eu curve a cabeça ! Não posso.

Sr. Presidente, não tenho saudades do passado, não estou vinculado ao pretérito por nenhum principio, por nenhum compromisso ; sou livre agora como fui livre então. Já lancei a luva a todos os lados da Camará para que me apontassem um só facto da minha vida Parlamentar que me faça corar de vergonha ; se o ha, lancern-mo ás faces, não tenham contemplações; mostrem um só Requerimento, um só pedido meu de alguma cousa grande ou pequena a -algum Ministro, digarn aonde, quando, e como rne viram subir as escada1' deste ou daquelle Ministro ? Digam quando me viram n'alguma Secretaria bolliciíando despachos para mim ou.para os meus?... Desafio esse lado da Camará, a Esquerda em peso, o o Centro para que me lancem á cara um facto no sentido de pedir favores a alguns dos Ministros presentes ou passados. Corno estava então, estou agora; quando se tracta de independência precisam-se factos, não bastam asserções gratuitas; felizmente a meu respeito nem essas asserções gratuitas appare-cem.

Sr. Presidente, para que os Membros do actual Gabinete tenham o direito de vir á Camará insultar os seus Antecessores, e censurar o passado, e preciso que apresentem factos, e factos incontestáveis que comprovem plenamente que os seus actos, as suas medidas, e o seu proceder senão estão isemptos de censura, merecem alguma indulgência; mas em vez disto o que sobresáe é a esterilidade, esterilidade que não. abona por forma alguma a sua intelligencia, .nem provoca a nossa compaixão, nem cohonesta os motivos com que fizeram crua guerra ao Ministério passado. Quando vejo que estes Ministros estiveram tantos aunos constante, tenaz, e obstinadamente a fazer guerra aos outros, e agora no Poder, depois de uuia sedição triunfante, sem ninguém que os emba-"Tace se'ria e porfiadamente se limitam a dizer que ainda não tiveram tempo de fazer cousa alguma, digo que -não pôde já o Paiz esperar -o que quer que seja de bom, de taes Cavalheiros, O que vejo e' que hoje estamos peior do que estávamos hontem. Por isso são taes as minhas apprehensões, que começo a ter receio de continuar na Opposição, porque tenho receios de que caindo este Ministério se siga outro peior. Esta minha desconfiança e' difficil, mas não é impossível.

Não quero tomar tempo á Camará, por isso resumindo-me, termino declarando que na minha opinião os Actos de uma Dictadura não podem ser considerados Leis em quanto não forem apprpvados pelo Corpo Legislativo — O Duque "de Saídanha^ não pôde querer- mais do que se fez ao Duque de 'Bragança, com relação á Dictadura de 32; ao Sr. Passos Manoel, com relação á Dictadura de 36; ao Conde de Thomar, com relação á Dictadura de 44; ao Duque de Palmella, com relação á Dictadura de 46 ; e ao próprio Duque de Saldanha, com .relação á Dicladora de 47; 'todas estas Dictaduras vieram de baraço e pregão ao Parlamento buscar a

nossa sancção, para converter os seus Decretos em Cartas de Lei.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Visconde de Almeida Garrett): — Sr. Presidente, fui obrigado a pedir desde já a palavra, não só porque tenho mais que fazer, isto e, tenho de ir para a outra Camará, mas porque desejo, e ate' devo desde já responder á asserção gratuita, e não verdadeira, que acaba de fazer o illustre Deputado, dizendo — Que au accusei os nossos Cônsules, de que não sabiam ler nem escrever. — Seria um máo Chefe, "um indigno Chefe; daria pela primeira vez na minha vida um documento de deslealdade aos meus Collegas, e aos s meus Subordinados, se visse em publico e pleno Parlamento declarar — Que os Cônsules de Portugal não sabem ler nem escrever.— Não disse similhante cousa, não sou capaz de a dizer nunca ; ainda que fosse verdade, não a diria, calava-a. Eu sei ate' que ponto devo calar muitas verdades, que sabia e podia dizer (Apoiados). O que eu disse, e disse-o corn toda a clareza, foi — Que por má organisação do nosso Corpo Consular, desde muitíssimos annos, desde qúasi a sua existência, nós éramos obrigados a practicar ou afazer um erro administrativo — servirmo-nos de Cônsules estrangeiros, dos quaes muitos não sabiam nem ler nern escrever o Português- Eis-aqui está o que eu disse (Apoiados).
Embora o illustre,Çeputado combata o Ministério ; mas combata-o com verdade; de outro modo não lhe fica bem: estou certo, e certissimo, que se o illustre Deputado indo bater á porta do Collegio Eleitoral de Beja, lhe dissesse, que queria vir combater o JVJí-nisíerio deslealmente, esse Collegio não lhe entregava o Diploma.
O illustre Deputado pôde combater leal ou des-leamente, como quizer, a rninha pessoa, entrego-lh'a toda sem repugnância ; não tenha para com ella consideração nem respeito, mas o Governo, composto dos Ministros da Cprôa, um Poder do Estado, tem elle obrigação, quaesquer que sejam as suas opiniões, que não sei quaes são, nem preciso saber, digo, tem elle, assim como nós- todos temos, obrigação de respeitar o Governo ; e não vir aqui apresentar accusações sem base de qualidade alguma, imputando aos seus Membros cousas que elles não disseram, nem podiam jamais dizer. — Tenho dicto a respeito de Cônsules.
Depois do se'rio vem o burlesco, no.fim .da tragédia vem a farça. O illustre Deputado tentou ridicu-larisar-me, ocoirnando-me com a procura, não sei de que pergaminhos. Eu ou não tenho pergaminhos ne-nhuns, ou se os tenho, foram ganhos por mim; principiando talvez em mim o que tem acabado em muitos (sfpoiados). Se tenho pergaminhos, esses deram-mos pela opinião publica; são pergaminhos que talvez todos'os que me acctisam. não possam ter (Slpoia-, dos).