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APPENDICE Á SESSÃO DE 7 DE AGOSTO DE 1890 1762-C

approvação. Eu não posso deixar de empregar todos os esforços para que seja approvado um projecto que é tão necessario áquelle concelho, que faz parte do circulo plurinominal de Santarem, por onde o ar. Mendes Pedroso é deputado.

Folgo de ver, que este illustre deputado pugna com tanto interesse e com tanto afan pelos melhoramentos do seu circulo. Não tenho ciúmes de s. exa. Não desista s. ex.8 e conte com o meu limitadíssimo auxilio para se converter em lei o seu projecto.

Sabe s. exa., que foi creado na villa de Coruche um julgado municipal, e que, segundo o decreto de dictadura do actual governo, este julgado póde ser transformado em comarca, logo que a camara municipal satisfaça as condições da lei.

Consta-me tambem que os habitantes d'aquelle concelho vão dirigir uma representação aos poderes públicos pedindo que, nos termos da lei, se faça a transformação do julgado em comarca.

Folgarei muito de ver que o meu collega o sr. Mendes Pedroso insta com o sr. ministro respectivo para que se pratique este acto de justiça, e igualmente me associo a s. exa. para o mesmo fim. Ahi têem os meus illustres collegas da maioria o meu faccionismo. Sempre que se pugnar por uma causa justa, ahi estou eu a defendel-a sem querer saber quem foi o seu auctor.

(Apartes.)

Isto não é novo. S. exa. sabem que eu não sou um político faccioso, que não sou intransigente.

Vozes: - Oh! Oh!

O Orador: - S. exas. têem o exemplo d'isto no modo como eu procedi a respeito da collegiada de Guimarães (Apoiados.) e noutros assumptos, e como estou procedendo agora, e verão como hei de proceder para o futuro.

Eu e o sr. Franco Castello Branco pugnámos sempre juntos para que se publicasse uma lei, em virtude da qual fosse conservada a collegiada de Guimarães.

Apenas discordei agora quanto ao modus faciendi. Portanto não admira nada, que eu esteja ao lado do sr. Mendes Pedroso para advogar os interesses de Coruche, onde tenho muitos amigos, e estou ao lado de s. exa. como estarei ao lado de qualquer dos meus collegas sempre que elles advoguem causas justas.

Folgarei muito de poder acompanhar este meu illustre collega. Em todos os pontos a que eu julgue necessario attender, não me hão de encontrar os meus illustres collegas intransigente; hão de encontrar-me sempre prompto a pugnar pelos interesses das localidades, dentro dos recursos do thesouro, já se vê.

Não sou nada intransigente, e esta norma de proceder já aqui foi provada e deaiontrada pelos meus actos a respeito da collegiada de Guimarães, questão em que me colloquei ao lado do sr. Franco Castello Branco, e pelas minhas palavras de agora a respeito do sr. Mendes Pedroso.

Já daqui se póde concluir qual é a minha norma politica; sempre, que se trata dos interesses das localidades quando elles sejam provadamente necessarios, assim como dos interesses do paiz, sempre que os srs. ministros se inspirem n'elles hei de ir em auxilio dos seus propugnadores.

Desejo, portanto, que a illustre commissão a quem está submettido o projecto para se desviarem do fundo de viação 9 contos de réis para a camara municipal de Coruche os applicar a obras tão importantes, dê immediatamente parecer, e o sr. Mendes Pedroso póde estar certo que estarei a seu lado dando o meu voto a esse parecer, e defendendo-o até, se tanto for necessario.

Da mesma maneira desejaria que s. exa. se associasse a mim, para pedir ao sr. ministro da justiça a transformação do julgado municipal de Coruche numa comarca, nas condições da lei, quando aquelles povos satisfaçam a todas as condições n'ella exigidas.

Continuando, vou agora referir-me ao sr. ministro das obras publicas. S. exa., tratando de uns poucos de assumptos a que eu aqui tinha alludido, o começando pelo que se referia á arrematação da mala do correio da Merceana;
disse que a arrematação dessa mala tinha sido annullada e que tinha mandado abrir novo concurso.

Folgo, que s. exa. tivesse tomado essa resolução, tanto mais, quanto estou certo que ella foi devida às palavras por mim proferidas aqui, n'uma das ultimas sessões.

Effectivamente, só um caso muito extraordinário podia fazer com que a mala do correio da Merceana, cujo transporte tem sempre estado arrematado por 900 réis, o fosse agora por 4$500 réis!

Teremos, pois, a mala do correio da Merceana novamente posta em praça, e assim se demonstra que para alguma cousa serve um deputado da opposição, quando mais não seja para dizer ao parlamento a maneira pouco cautelosa e pouco económica como se administram os dinheiros públicos, e procurar conseguir que o governo num ou outro caso ainda remedeie, se é tempo, como aconteceu agora. Folgo immenso ter contribuído para que se não praticasse mais este escândalo.
Fico, portanto, satisfeito com a resposta dada pelo sr. ministro das obras publicas com relação a este ponto. Já vê s. exa. que sou justo!

Um outro assumpto que s. exa. me respondeu, foi ácerca da suspensão do director do correio de Vallongo. As explicações, porém, de s. exa. não me satisfizeram por principio nenhum, e vou dizer á camara a rasão.

Posso dizer a s. exa., sem receio de errar, que o que ali se fez foi tudo com idéa de perseguição politica.

Se o director do correio de Vallongo não tosse progressista, nada disto lhe acontecia, porque se empregaram todos os meios para ver se podiam descobrir-lhe alguma falta a fim de o suspenderem, o que fizeram sem motivo justificado e tal que ainda se não sabe, conservando-o suspenso desde março.

A prova de que houve todo o cuidado em ver, se, se descobria alguma falta a este empregado, para se lhe poder applicar algum castigo, foi que tendo-se mandado fazer primeiramente uma syndicancia por um empregado da administração central do correio do Porto e não se tendo apurado nada contra aquelle empregado intelligente e que cumpria com os seus deveres, mandou-se fazer uma nova syndicancia, por um empregado da direcção do correio de Lisboa, e essa segunda syndicancia ninguem sabe o que apurou.

Do que tenho a certeza é de que, se aquelle empregado não fosse progressista nada disto se teria dado, nada disto tinha acontecido.

É um crime, estando os regeneradores no poder, o empregado não pertencer á politica do governo; este governo não permittc que haja um indivíduo qualquer, um funccionario publico de qualquer ordem, que não concorde com a marcha governativa do ministerio!

Não sei o que me estará reservado; mas hei de protestar constantemente contra todas as perseguições que fizerem aos meus amigos; porque este é, puramente, um governo de perseguições.

Pois imagina a camara que já ellas acabaram no meu circulo?

Não acabaram, têem sido feitas á surdina, a pouco e pouco, para não produzirem grande ruído; por isso que estando Sua Magestade a Rainha a Senhora D. Maria Pia nas Caldas, e indo ali muitas vezes Sua Magestade El-Rei visitar sua Mãe, corria o risco de se reunirem um dia 5:000 ou 6:000 pessoas, e deporem nas mãos de Sua Magestade El-Rei alguma petição para que cessem por parte do governo tantas perseguições e tantas vinganças politicas.

Não imagine v. exa., que as cousas têem sanado; têem continuado. Desde que Sua Magestade sair das Caldas e se fechar o parlamento, verão o que lá vae! Mas emquanto tiver saude e energia, se não poder protestar dentro d'esta