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O Orador: — Os srs. ministros andam sempre a tropeçar em pretendentes! E com estas tendencias e na presença daquelle memoravel quadro que nos descreveu aqui hontem o nobre ministro da fazenda, e que nos aconselham de entregar o contrato do tabaco ao govêrno! (Apoiados.) Parece-que somos um paiz de corvos sobre o orçamento, Escasseiam os braços na industria, na cultura e no commercio; e não escasseiam os pretendentes ás proprias cartilagens do orçamento!

Sr. presidente, e insiste-se que esta questão é uma questão politica. Pois se a encaram por esse lado, não veem as consequencias da régie? Não calcularam em 16:000 votos aquelles de que o contrato póde dispor nas eleições? Nas mãos do governo que sempre usa e abusa das suas influencias, esses 16.000 votos não vão produzir 160:000? N'um paiz aonde o elemento municipal é tão tibio, tão frouxo, aonde a centralisação é tão exagerada, não veem que estão engrossando as forças eleitoraes do govêrno, e o triumpho pleno d'esse como chamado chapéu eleitoral que ahi se inventou, (Riso.) e que vae passando consuetudinariamente de uns para outros ministerios?

Sr. presidente, nunca contribuirei com o meu voto para alargar as dimensões ao chapéu eleitoral. N'esta parte sigo a opinião do illustre deputado o sr. Sampaio. Prefiro uma escolha má, feita pelas localidades, a uma boa, feita pelos ministros. Entre o campanario e o chapéu, opto pelo campanario.

Ápartes do sr. José Estevão e do sr. Mello Soarei, que te não perceberam.

(Continuando.) Vou concluir, porque não pretendo, nem me considero com direito a entrar largamente na materia, que de certo os illustres deputados que estão inscriptos hão de tratar proficientemente como costumam. Estou fatigado, e muito incommodado de saude. Alguns dos meus illustres collegas sabem que eu não tencionava apresentar hoje a minha substituição, e quaes foram os motivos que me decidiram a apresenta-la. Sirva isto de desculpa para a sua imperfeição, que eu sou o primeiro a reconhecer, e para a qual peço a benevolencia da camara, e especialmente dos illustres deputados que me fizerem a honra de se occupar d'cola. Nunca teria a pretensão de apresentar uma obra perfeita, mas esta foi redigida com lai precipitação, que nem tive ainda tempo de a corrigir como desejava. Tenho concluido.

(O orador foi abraçado por alguns dos seus collegas.)

Discurso que devia ler-se a pag. 191, col. 2.ª, lin. 17, da sessão n.° 13 d'este vol.

O sr. Pereira Garcez: — Sr. presidente, sempre que me aventuro a tomar a palavra sobre os graves assumptos que se debatem n'esta camara, faço-o unicamente no intuito de motivar o meu voto, que fallido como sou dos dotes da tribuna, impossivel me fôra ter a louca vaidade de poder esclarecer o debate, ou levar a convicção aos que me ouvem.

Sr. presidente, obscuro cidadão da India, possuindo Orna esphera intellectual bem limitada; mas que quando mesmo mui vasta fosse, mal pudera elevar-me ás alturas da sciencia, que o meu paiz, por falla de estudos universitários, por falla d'essas fontes de saber que a culta o feliz Europa offerece a seus filhos, me não proporcionava; (Vozes: — Muito —bem.) homem quasi selvático, vindo pela primeira vez de tão remotas regiões á Europa, ousando fazer ouvir a minha humilde voz diante de um publico tão illustrado, e na presença da sabedoria nacional, reunida n'esta augusta assembléa, (Vozes: — Muito bem.) já se vê pois quaes podem ser as minhas pretensões. Nenhumas por certo, sr. presidente, ou antes só posso ter uma, uma só', e essa lenho-a effectivamente, é a de ser ouvido com indulgencia pelos meus illustres collegas; (Vozes: — Muito bem, muito bem.) indulgencia a que aliás estou afeito, com a qual conto sempre, e de que nunca precisei tanto, como n'este momento, em que tenho de fallar, depois do brilhante discurso proferido hontem pelo meu amigo, o sr. Latino Coelho, depois que a camara ouviu a palavra eloquente do illustre relator da commissão de fazenda, o qual pela maneira magistral por que soube tratar a questão, justificou completamente o alto conceito de que gosa devido ao seu distincto merito (Apoiados.) depois de haverem fallado outros illustres oradores com a habitual proficiencia, segundo as suas idéas, pró ou contra a materia, e quando ainda estão inscriptos tantos outros distinctos cavalheiros entre os quaes se contam alguns dos primeiros ornamentos da tribuna portugueza: nunca precisei, Pois, repito, tanto como hoje d'essa indulgencia, da qual derivo a coragem, de que necessàriamente tenho de revestir-me, quando através da fraca luz das minhas curtas idéas, me parece haver comprehendido alguma das altas questões, de que frequentemente nos occupâmos.(Vozes: — Muito bem.)

Sr. presidente, permitta-me V. ex.ª, e a camara, que eu aproveite esta occasião para agradecer ao nobre deputado o sr. Mello Soares as expressões extremamente benevolas, que em duas sessões anteriores, se serviu proferir em relação á minha humilde pessoa, quando eu me achava fóra da sala, e por isso não lhe agradeci logo, como aliás fisera; expressões que muito me lisongeam, postoque as não mereça, por virem de pessoa tão auctorisada. Peço portanto ao nobre deputado, que aceite este testemunho do meu sincero reconhecimento (Vozes: — Muito bem.)

Sr. presidente, procurarei ser tão breve quanto me for possivel, na exposição das minhas idéas; pois não quero, nem desejo, nem devo abusar por muito tempo da benevolencia da camara. Fallarei, sr. presidente, com a placidez que o assumpto demanda, como devem ser tratadas todas as questões n'esta camara (Apoiados.) porque só de uma discussão serena e placida é que póde saír a luz da verdade. (Apoiados.)

Não serei eu, sr. presidente, que me resolva a fazer allusões que possam offender algum dos meus nobres collegas. (Vozes: — Muito bem.) nem volverei ao passado, em busca de erros ou fallas alheias, olhos curiosos e investigadores. (Vozes: — Muito bem.) E para que, sr. presidente? Porventura a nossa missão será a analyse severa do passado ou só lemos de olhar para os melhoramentos futuros d'esta terra? (Apoiados. — Vozes: — Muito bem, muito bem.).

Sr. presidente, o programma da situação actual é ornais) completo esquecimento do passado, (Muitos apoiados.) programma feliz de que essencialmente depende a prosperidade nacional. (Apoiados.) Os ceus afastem pois dos nossos debates recriminações odiosas, (Muitos apoiados.) pelas quaes com magua havemos observado abandonaram-se os assumptos submettidos á discussão, (Apoiados.) para se discutirem os-homens, os seus actos, as suas idéas, as suas palavras, as suas opiniões em diversos tempos, (Apoiados. — Vozes: — É verdade, muito bem.) o que só produz o triste effeito de excitar a luta das paixões, que devêra para sempre ser banida dos debates parlamentares; (Apoiados.) luta terrivel, luta perigosa, diante da qual a rasão emmudece, (Vozes: — Muito bem.) para reviverem odios e rivalidades antigas (Muitos apoiados.) que, segundo aqui tenho ouvido de bôcas de illustres oradores, se extinguiram de todo no amplexo fraterno dado em volta d'essa bandeira de paz, arvorada pelo acto addicional; (Apoiados.) como eu mesmo estou observando, sr. presidente, como a nação contempla n'este momento, vendo juntos, vendo unidos, vendo sentados naquellas cadeiras (Apontando para as cadeiras dos ministros.) o nobre visconde de Sá da Bandeira, o illustre marquez de Loulé e os distinctos cavalheiros os srs. Antonio José d'Avila e Carlos Bento; (Apoiados.) união altamente significativa, nobre triumpho da intelligencia e do verdadeiro patriotismo; (Apoiados.) sacrificio nobre, digno e elevado, (Vozes: — Muito bem.) feito no altar da patria por elles, e