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SESSÃO DE 10 DE JUNHO DE 1885 2211

(publicado em Francfort ser le Mein em 1878), calcula o prejuizo que a Allemanha soffreu por essa emigração, (contando naturalmente o valor do trabalho perdido) em parcellas consideradas, pelo minimo, em 300.000:000 de marcos annuaes, isto é, em 10.000.000:000 de marcos ao todo.»
Passando, sr. presidente, d'este capitulo onde se estuda como a camara viu, pela leitura que fiz, o prejuizo que a Allemanha soffre com a emigração, e aonde se apontam, os males sociaes deste paiz, recorramos ao capitulo 6.° aonde vem indicados os meios de que era mister lançar mão para remediar esses males.
Devo dizer primeiro, que como tive a occasião de referir, o dr. Fabri julgou dever antes de publicar esta obra viajar e observar, e que missionou alguns annos na Africa. E posto isto, leio a pag. 100:
«Muitas vezes tive occasião de observar como as annexações no sul da Africa se faziam, e as idéas do ministerio das colonias inglez, de fazer annexações no interior da Africa. O processo para realisar a posse era até agora muito simples e summario. Um navio do guerra inglez apparecia n'uma bahia apropriada e plantava ahi a bandeira ingleza. Creava-se uma alfandega e mandavam-se alguns funccionarios, acompanhados por alguns empregados, ao interior fazer com os chefes dos indigenas contratos de rendas annuaes e nos quaes promettiam submetter-se á corôa ingleza.»
Paro aqui. Aqui, estão descriptos os processos inglezes de acquisição de territorios na Africa, e n'elles vemos que entra o estabelecimento de alfandegas. Convem notar este ponto para que se não cuide que só nós, os portuguezes, é que estabelecemos alfandegas na costa de Africa. (Apoiados.) A Inglaterra faz o mesmo, e com rasão; se ella até na Australia, na livre colonia de Victoria, é proteccionista.
O auctor segue, dizendo que o interesse de todas as potencias commerciaes maritimas é impedir a continuação d'este procedimento por parte da Inglaterra, sobretudo com relação á Africa central, emquanto é tempo; tal é a phrase que elle escreve.
Mas, ainda mais; eu continuo a leitura da traducção de um ponto muito curioso:
«Por isso entre outras, é necessario que o rio Livingstone fique livre e sem encargos, e que todas as principaes saidas para a costa oriental fiquem abertas num futuro proximo.»
O rio Livingstone é, como a camara toda sabe perfeitamente, o rio Zaire. O plano indicado n'estas linhas é o resultado da recente conferencia de Berlim. A idéa primitiva d'este plano e da neutralisação da Africa central não é original do dr. Fabri. Elle aqui diz a pag. 102 quem primeiro estudou profundamente esta questão. Foi o fallecido consul geral Sturz n'um livro que publicou em Berlim em 1876, livro cujo titulo confesso que não sei traduzir (Der Wiedenconnene Weltteil, ein neues, gemeinsames Indien), e no qual este assumpto foi tratado e apresentado com um grande numero de propostas, muitas das quaes entende o dr. Fabri deverem merecer toda a attenção.
Creio que tenho provado que ha muito a Allemanha toda se preoccupava com a questão colonial: que a propria idéa da neutralisação do Zaire não veiu do congresso do instituto scientifico de Munich realisado em 1884, pois que essa idéa revestia já desde 1876 um caracter quasi official, visto que n'essa epocha a tinha apresentado um consul allemão n'um livro seu.
E, agora me lembro. Quando o meu nobre e illustre amigo o sr. Barros Gomes, tratou esta questão debaixo do ponto de vista diplomático, s. exa. sempre que tinha de e referir ao ministerio dos negocias estrangeiros, provandos que ali se desconhecia o que se passava na Europa e principalmente na Allemanha, chamava ao edificio em que funcciona esta secretaria d'estado pelo nome porque é conhecida como propriedade particular; parece que s. exa. queria assim, com uma pungente ironia, dizer que nem nas vastas salas do palacio do Calhariz, nem nas côrtes da Europa pairava, inspirando-nos ou protegendo-nos, a sombra do grande duque de Palmella! (Apoiados.)
Mas, sr. presidente, não eram necessários muitos factos e actos do governo para se concluir que o grande chanceller da Allemanha era fatalmente, num futuro mais ou menos próximo, levado a crear e a estabelecer colonias allemães. Bastava o simples conhecimento da orientação scientifica, e dos principios de governo do principe de Bismarck, para chegar facilmente a essa conclusão.
Quem pensar na sua grande obra politica, vê e comprehende a notavel unidade que ella tem. Até 1866, o chanceller, governa com os conservadores para completar o caracter militar da Prussia; faz alliança com os democratas e estabelece o suffragio universal, para ter á sua disposição a opinião nacional; em 1879 volta a governar com os conservadores e ultramontanos, para bater o socialismo, radical.
Até 1860 fez a unidade política do imperio, e desde então, trabalha em reconstituir o império economicamente. E quem estudar o pensamento das leis económicas que o chanceller tem feito promulgar, ou tentado legislar, reconhece n'elle um socialista conservador, ou cesarista, e um tanto cathedratico; e d'ahi a concluir que elle é em economia politica um proteccionista, e que, como proteccionista e socialista, o seu espirito se havia de entregar ás lucubrações de conseguir colonias para a Allemanha pouco vae.
Os seus esforços em proteger o trabalho nacional, a creação de caixas e de sociedades de soccorros, têem sido constantes, embora alterne estas e outras leis com medidas, justas e precisas, de repressão ás desordenadas e turbulentas theorias de um socialismo menos pratico.
É que na Allemanha, muito mais do que qualquer outro paiz da Europa, o socialismo reveste todas as formas. Ali existe o socialismo anarchico e democrata: o socialismo evangelista ou beato, que é differente do socialismo catholico; o socialismo conservador; e, finalmente, o socialismo cathedratico que fórma actualmente uma escola de sciencia muito próxima de ser universalmente acceita. (Apoiados.)
O recente livro do sr. Emilio de Laveleye, sem duvida um dos mais elegantes escriptores da actual geração, O Socialismo contemporaneo, estuda todas essas fórmas de socialismo, e faz a respeito das idéas do principe de Bismarck revelações curiosas, porque desce a factos particulares, tendentes a demonstrar não simplesmente quaes são os seus principios de governo, mas aponta episodios da sua vida particular.
A paginas 77 o sr. Laveleye transcreve um trecho de um discurso do chanceller, pronunciado na sessão de 17 de setembro de 1878. Eu leio o principio: «Conversei com effeito com Lassalle sobre o apoio a dar pelo governo ás sociedades cooperativas, e mesmo hoje creio que este assumpto não é para desprezar. Eu não sei se estas idéas me vem dos racciocinios de Lassalle, ou se são o resultado da minha propria experiencia...»
Esta declaração tem o valor do grande chanceller confessar officialmente as relações que teve, o estimou, com esse extraordinario philosopho agitador o amoroso, em cujo cerebro se illuminou brilhantemente a idéa da unidade allemã.
Outro facto narrado pelo mesmo auctor numa nota do ultimo capitulo. O congresso de socialistas cathedraticos, que se reuniu em Eisenach, em 1875, nomeou uma deputação para expor ao sr. de Bismarck as necessidades da sua universidade. Fazia parte d'esta deputação um professor notavel. O sr. de Bismarck convidou a jantar este professor, havendo entre os seus convidados muitas excellencias, como este professor se expressou relatando este facto ao sr. de Lave leve. Annunciado o jantar, o chanceller dirigiu-se aos convivas; Vous permettez qu'aujourd'hui la science passe