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2254 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

abril de 1882 na parte que se refere aos direitos de importação e exportação nas alfandegas.
c) de 1/2 por cento sobre exportação creado por lei de 18 de março de 1883.
Ora, eu tinha apresentado o seguinte additamento a este artigo:
"Bem como fica abolido o direito de tonelagem que se paga no porto de Villa Nova de Portimão, creado pela lei de 2 de junho de 1862, para melhoramentos do mesmo porto".
E ácerca d'este additamento tinha eu apresentado também, na sessão de 25 de junho, um projecto de lei, acompanhando-o de differentes considerações, que o justificavam plenamente, a meu ver.
O sr. ministro da fazenda teve a bondade de responder-me que em muito poucos dias me daria uma resposta ácerca d'este assumpto. Eu esperei resignado durante um mez com uma paciencia evangelica, mas a resposta não veiu, devido naturalmente aos muitos e variados afazeres que s. exa. tem, e por consequencia não estranhei a demora.
Receiando comtudo que o meu projecto estivesse condemnado a morrer no archivo da commissão, entendi eu que mandando aquelle additamento para a mesa, talvez conseguisse mais facilmente o meu fim, porque jogando por partidas dobradas podia ser que mais depressa alcançasse o que queria. Mas agora vejo que infelizmente perdi o meu tempo. Em todo o caso, resta-me a consolação de que fiz tudo quanto pude para salvar os interesses dos habitantes d'aquella parte da provincia do Algarve. O projecto ainda está na commissão. Se o sr. ministro da fazenda que me disse n'aquella occasião que lhe pareciam justas as minhas observações, é rasoavel o meu pedido; se s. exa. entender que deve dar uma demonstração de que no nosso paiz a justiça nem sempre deixa de triumphar, eu ficarei muito satisfeito; se não, continuarei a resignar-me.
Isto pelo que se refere ao additamento a respeito do porto de Villa Nova de Portimão.
A outra emenda que mandei para a mesa era concebida nos seguintes termos:
"Bem como a reduzir a 100 réis o direito sobre a manteiga que se importar da Gran-Bretanha, comtanto que o governo de Sua Magestade a Rainha de Inglaterra reduza o direito do figo nacional numa proporção equitativa.
Ora como v. exa. sabe, já tratei d'este assumpto numa sessão, antes da ordem do dia, estando presente o sr. ministro dos negocios estrangeiros.
V. exa. sabe, que na occasião em que se discutiu o projecto das pautas, os srs. deputados que entraram na discussão d'aquelle projecto procuraram defender, e fizeram-no brilhantemente, os interesses da agricultura da sua respectiva localidade.
Não se me deve, portanto, estranhar que eu procure igualmente defender os interesses da provincia do Algarve, visto ser um dos representantes da mesma provincia.
Como v. exa. e a camara muito bem sabem, a principal riqueza do Algarve consiste em figos; mas este fructo está hoje muitissimo depreciado, porque ha grandissima difficuldade em o vender.
Na occasião em que eu tratei pela primeira vez d'este assumpto aqui apresentei as causas que determinavam essa depreciação, não as repetirei.
O unico mercado que n'esta conjunctura podia render um serviço importante á provincia do Algarve, evitando-lhe talvez uma crise agricola, seria o mercado inglez; mas o figo paga um direito de 450 réis por 15 kilogrammas n'este mercado, o que impossibilita um consumo maior!
O que desejo, pois, é que o governo empregue todas as diligencias, envide todos os esforços para ver se consegue um tratado com a Inglaterra para que o figo do Algarve possa ter lá entrada em maior escala; de outro modo está, sujeito a vender-se por preço ridiculo, e o Algarve sujeito às contingencias de uma crise agricola muito seria.
Alem d'isso o Algarve soffre outra crise que tambem é para attender e que deve justificar quaesquer medidas que o governo tome a respeito dos figos.
Como v. exa. sabe, uma grande parte da população do Algarve vive do movimento maritimo, movimento que faz por cahiques é hiates, entre a provincia do Algarve, os portos estrangeiros vizinhos e o resto do paiz.
V. exa. sabe que hoje a concorrencia extraordinaria que os vapores fazem a estas embarcações é muito seria; o movimento que d'antes era feito por quinze ou vinte hiates e cahiques, em trinta o quarenta dias, empregando 150 a 200 pessoas, é feito hoje por um vapor empregando quinze a vinte pessoas, e em oito dias!
A deslocação é extraordinaria, e a perturbação economica resultante d'essa deslocação não se póde pôr em duvida.
Mas alem d'isso ha a perda de capital empregado n'essas embarcações que é enormissima! (Apoiados.)
E já que fallo da decadencia da marinha de vela mercante, permitta-me a camara que diga que quando ouço fallar em commissões de inquerito para estudar as causas que determinam a queda da marinha de vela, fico espantado, para não dizer que me dá vontade de rir!
Essas commissões de inquerito chegariam de certo ao mesmo resultado a que chegaria uma commissão de inquerito destinada a indagar as causas de decadencia das emprezas de mala-postas e diligencias que houve organisadas entre nós e em differentes paizes, e que foram desapparecendo gradualmente á medida que a machina a vapor avançava.
A marinha de vela desempenhou já um papel importante nos destinos e no progresso da humanidade.
V. exa. sabe que os factos mais gloriosos da nossa historia, os que mais abrilhantam as suas paginas; esses feitos que enchem de assombro o mundo, e que fazem com que ainda hoje este pequeno povo se levante perante a Europa, cheio de justo orgulho, esses feitos que contribuíram talvez para affirmar a nossa individualidade politica estão intimamente ligados á marinha de vela.
Mas por mais brilhantes e por mais sympathicas que sejam as tradições que ligam a nossa historia a essa marinho, nem por isso é menos certo que ella está fatalmente condemnada a desapparecer dentro em pouco porque não póde resistir á machina de vapor, cada vez mais poderosa e aperfeiçoada.
Mas deixemo-nos de rhetorica e vamos concluir com um pedido ao sr. ministro da fazenda, para que empregue todas as diligencias e todos os esforços para ver se consegue que a provincia do Algarve seja favorecida, procurando fazer um convénio com a Inglaterra, porque-me parece ser este o único paiz que póde livrar aquella provincia de uma crise agricola muito séria.
Vozes: - Muito bem.
O sr. Silva Cordeiro: - Desejava saber qual era a idéa do sr. ministro da fazenda ácerca da questão agricola.
Elle, orador, e todos os deputados que apoiavam o governo estavam convencidos de que s. exa. estava resolvido a trabalhar pela causa publica, e por isso mesmo o apoiavam; mas não bastava que o governo dissesse que estava disposto a proteger a agricultura, era preciso mais alguma cousa.
Elle, orador, apresentara algumas emendas, que eram apenas tendentes a manifestar as suas opiniões, e não a serem convertidas em lei, porque bem sabia que o paiz tinha a sua liberdade vinculada ao tratado de commercio com a França.
O fim, apresentando-as era mostrar aos seus constituintes que tinha pugnado pelos interesses da agricultura.
A proposta mais importante que fizera fôra a que ele-