O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

que ali se exigem , não achem emprego mais lucrativo que o do Ensino retribuído, como é no Projecto? Acreditar-se-ha que homens em laes circums-íancios se sujeitem a exercer um ministério tiaba-Ihoso, e que demanda assíduo, e conlinuo/lisvello, pela quantia de cem mil reis annuaes? Entendo que não e' possível, Sr. Presidente; entendo que homens com essas qualificações, e por esse preço, nào se, encontram na minha terra, pelo menos em, numero sumcienle para a realisaçâo do Syatema. Mas, dirá â Commisião qire nào e possível p.

E' preciso pois para que o Systema seja realisavel recorrer a uma de duas cousas: augmenlar os sala* rios aos Ministios da Instrucção, ou diminuir a exigência das qualificações: limitar e»tas exigências ao que por agora e de absoluta necessidade, Ler, Escrever, e Contar, pura e simplesmente, no -primeiro g'áo de Instrucção Primaria; estes conhecimentos são necessários, são indispensáveis ,a todoa os indivíduos do povo. Nào obteremos nos primeiros .tempos que «e. leia com perfeição, que se escreva tom a melhor orlhographia, e com os mais bem - formados caracteres; massaber-se-ha geralmente Ler, é Escrever de um modo tolerável, e quando se "houver chegado a este gráo de civtlisnçâo, que está ainda -distante, passaremos súcces-ivamenie a estados progressivos de aperfeiçoamento. A' primeira geração que Ler, e Escrever soffrivelmente, s?guir->e ha u segunda jamais aperfeiçoada, a esta a terceira, e. a quarta, etc., em perfrctibilidade , ascendente, e {fssi-m por íim'tnethodo analytico, gradual, e pralir t'o, e não por uma proposição synthetica ,. chega ré-fnos rnais seguramente ao resultado que lemos em -vista.

' 'Falta-nos alguma determinação.legal. para estabelecer , para multiplicar esta primeira Inslmcção, tão modesta, e tão simples, quanto e pouco com-inum ninda entre nós, e ao mesmo tempo tào indispensável? Nào, Senhores, Lei temos nós: (Lei, que estabelece muito maior desenvolvimento.) o que no» tem faltado é dinheiro, "e perseverança, é actividade, é vigilância , é zelo sincero pela Inslrucção, e isto, Sr. Presidente, não o dá, não o, cria a nova Lei, que se propõe.

Sr. Presidente,, não faço increpações ao actual Ministro encarregado do cuidado da Instrucção: dirijo a minha censura a todos os Ministios que, oc-cuparam aquelle logar, a rnim próprio, que, nos curtos intervallos em qvie tive o Ministério do Reino a meu cargo, não fiz dar um passo á Instrucção Publica. De isso teria eu remorsos, se realmente as minhas appariçôes no Ministério não livessjem sido sempre verdadeiramente ephemeras; rnas proporcione-se a culpa á extensão dó tempo, que a cada um coube, e eu não regeitarei a fracção de censura que me competir. .

'•'Sr. Presidente, a Lei existe : existe, estabelecendo para o Ensino tanta ou maior latitude que o actual Projecto. Não é por tanto Lei o que nos falta. Não seria' por ventura melhor ti acta r de ir executando gradualmente o Systema dessa Lei : confesso que o meíi parecer seria cslc. Ern vez de fazermos urna Lei nova, procuraria eu inserir no Orçamento uma som-

ma especial , applicavel aos melhoramentos da Instrucção Publica, c apezar de não ser eu partidista dos Votos do Confiança, poria eu esta só m m a á disposição do .Governo para que aconselhado por uma corporação ou corporações, que seria-fácil designar, fosse dando gradualmente á execução, e melhorando successivarnente, e generalisando sobre tudo pelo Reino os meios de Ensino. O Governo viria no fim de cada anno, dar conta desenvolvida do que .houvesse feito, das vantagens que houvesse obtido, dos inconvenientes que tivesse eliminado: votaria novas -sominas no anno seguinte, e assim por diante. Destes elementos assim realisados, destes elementos assim estabelecidos., successivá e analytica-mente nasceria a final um Systema, um Systema real, ,pratico, existente e fructifero, e não iria eu crear um Systema, bei Io-talvez em escripto, mas nullo quanto a ruim, na pratica.

> Eu creio, Sr. Presidente, que o Syslema consignado nesta Lei ha de ser hullo, por muito tempo, e . im de sê-lo pela insufficiencia dos meios da realisa-ção^ Sr. Presidente,''na opposição, .que eu faço ao Projecto, conto firmemente que os rneus concidadãos não verão de mancha alguma Uma opposição á propagação das Luzes: urn homem que trabalhou quanto nelle coube, para traçar com o seu arado, alguns regos na cultura do espirito, não pôde ser ave nocturna que se deleite nas trevas. Eu quero, no meu Paiz, Instrucçãa e Luzes; porque as quero sinceramente, e' que exijo realidades e não syslemas.

Sr. Presidente, vou accrescentar mais alguma cousa ao que tenho dicto, porque, por agora e salvo algum incidente imprevisto, esloti disposto a faliar esta vez somente sobre o Projecto ;-porque segundo p mcthodo de discussão quo foi adoptado, eu antevejo que o Projecto ha de passar corno se acha proposto, e por tanto fallo mais por descargo de minha consciência, do que com outro fim. Prevejo também, e aqui seja-me licito fazer de Profeta , apezar de. não ser aqui logar para profecias, que a Instrucção depois de passar o Projecto, ha de ficar no mesmo estado que antes de elle. Sr. Presidente, em quanto nós julgarmos que leformamos a Instrucção substituindo uma por outra Lei, havemos ficar sempre no rnesmo terreno/ O que é preciso é crear .um centro vivificante de 11nstrucção. íím quanto este senão crear, em quanto este ramo do Serviço Publico con-.tinuar a ser uma Secção do Ministério do Reino, de um desses nossos Ministérios exclusivamente occu-pados de Política, que não tem tempo ne:n meioj próprios para.desenvolver as suas variadas attribui-çôes, é impossível que a Instrucção Publica tenha vida.