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qudle solo, da qual todos, ricos e pobres, quasi exclusivamente vivem; daquclla de que o Thesouro Publico deriva o principal rendimento; daquolla, em uma palavra, que dá o precioso vinho ião eonhocido de todo o Mundo civilisado.

Essa praga, Senhores, a que a linguagem vulgar chama cimeiro ou mangra, e que ern toda a probabilidade e efifeito de alguma dessas parasitas crispto-garnicas, que a historia da sciencia agronómica nos ensina ter sido algumas vezes tão funesta; e digo com probabilidade, porque ainda não tive occasiâo de a examinar, lista praga digo, traz comsigo a completa destruição .das uvas cm qualquer estado que as ataque. Esperava-se ainda que as uvas que tivessem chegado indemnes a um estado mais adiantado de maturação, escapassem úquclles torriveis ef-' feitos: mas vãs esperanças! Essas mesmas caem pó-.dres ao pé das videiras, como as ern um estado anterior caíurn ern cinseiro. Notam-se também já alguns indícios de querer estender a doença ás próprias' vinhas.

Não ha um só ponto da ilha, aonde ella não tenha chegado; e parece que ate já entrou na ilha de Porto Santo. Ha muitas fazendas e .quintas que nào lerão um só cuxo de uvas que vindimar'. Não lia agora compradores a vinhos, porque ninguém se vai obrigar a dar dinheiro por aquillo que não sabe, se existirá, ou que qualidades lerá: nào ha suppridõe-; aos desgraçados cultivadores, porque não lia esperanças de ir.eios de pagamento. Os senhorios mais folgados ainda poderão por este anrio escapar aos horrores da fome, ou voltando-se para alguma reserva qnc tivessem, ou valendo-sc das outras pro-ducções, se bem que todas geralmente mu i s limitadas; mas os infelizes que viviam dos supprimeritos, que lhes faziam os negociantes cm géneros de primeira necessidade, como alimentos c como vestuário ele. ú custa do fundo da producção animal do vinho; e os que tiveram a subsistência dos trabalhos das vindimas, e do recolher dos vinhos novo?, éstão-levados ao ultimo gruo de desalento c de consternação. Já nem no tristíssimo e extremo recurso da emigração para -o Brasil, ou para u colónia ingleza do Demorara vêem um remédio, porque naquelle primeiro pá i 7. vão encontrar a morte causada pelas febres, que lá "grassam tão fortes aos que de novo chegam de fora; e para o segundo o aspecto de uru' grande numero de seus compatriotas, segundo sou informado, que recentemente de lá tom voltado corn a saneie em completa ruina, consequência das rno-Icslias endémicas duquello clima, o tão lastimoso, e as noticias que elles tem trazido a respeito de meios

Neste «ipuro de infortúnios, seus ânimos, como e natural a um povo religioso, se voltaram para a providencia do Ce'o, o sobre os auspícios delia ao mesmo tempo também se dirigiram por meio destas suppli-01 s á benevolência do Throno e dn Representação Nacional.

Eu* não me alargarei nesta occasiâo cm um quadro mais minucioso, por.jue isto seria fazer injustiça aos srntiinenlos desta Camará ; e qinmdo seja necessário descer a algumas outras particularidades, o desenvolvimento delias lein mais propriamente cabimento em outro estado do andamento deste negocio.

As Representações podem pimidonr-ia? em geral

contra aquella calamidade; e em especial desejam a liberdade da cultura, e fnhrir.o cio tabaco. A mais importante circumstanciu no seu pedido e' o, da urgência do tempo, porque se as providencias não forem expedidas com prornptidáo, não acharão já n quem aproveitem, porque ainda quando o mal não venha a ser ião grande e tão geral, como se lhes affi-gura, os dados que já existem são sufficientes, para nos mostrarem que infallivelrnente o ha de ser assaz para expOr á tome c á morte a milhares de pés-soas.

Quanto á cultura do tabaco, mesmo dando nós no negocio toda a pressa, muito duvido qnc as nossas decisões cheguem a tempo para este anno, porque a sasão própria para a sementeira passou, se t/ie não engano.

O que tenho pois por ora a propor ein taes cir-cumslancias, em .meu nome e dos meus Collegss, Deputados pela Madeira, e' que estas Representações sejam remettidas á Commissão dos Vinhos com toda a urgência; ou, o que rne parece ainda mais curial, que seja nomeada pelas Secções uma Coni-missão Especial para tomar na mais seria vonsidera-ção com igual urgência esto gravíssimo negocio; e que V. Ex.11 para'esse effeilo dê para ordem do dia de amanhã a reunião das Secções.

Estou certo que a Cornrnissão que for nomeadi não perderá um instante para entrar ern seus trabalhos, e vir com o seu Parecer, não só pela importância da matéria, e pelo muito que ella insta em tempo, mas porque a Sessão se aproxima ao seu termo.

Esperamos também da benevolência e zelo do Governo pelo bem de urna porção tão numerosa do Portuguozes ameaçados de tão assombrosa calamidade, que ha de cooperar corn o Corpo Legislativo, para lhes procurar todos os remédios, que estiverem no seu alcance.

Em uma conferencia que tivemos entre .nós Deputados da Madeira, r» que assistiu também o Sr. Ministro da Marinha'c Ultramar, e o nosso Gol lega Deputado por Coimbra, Justino António de l'1 rei t as, se tinha concordado que estas Representações fossem apresentadas a esta Camará pelo nosso illustro Col • lega o Sr. José Ferreira Pestana : S. Ex.(l nào podendo, por impedimento oíTicial, comparecer na Ca-rnara, á hora própria,, se dirigiu a mim, para

O Sr. J. jVí. (rrande :—'Sr. Presidente, • eu não posso deixar de apreciar a urgência do Requerimento que acaba de fazer a "esta Camará o Sr. Deputado pela Madeira,

Eu já tive conhecimento deste assumpto porque o Governo encarregou ú Academia das Sciencias, e esta á Secção das Sciencias Naturaes do exame da moléstia, que desgraçadamente aceomeltc uma parte dos vinhedos daquella ilha, a fonte mais opulenta da sua riqueza territorial.