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2248 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

sastre a formula obtida da sua valorisação e da sua effectividade, em 1885!
E tem se chegado a dizer, que tão só com elles e n'elles, haviamos de acceitar e resolver a questão diplomatica!
Não podia dizel-o, e não o disse, aquelle illustre estudioso e estadista.
Já então, como observei atraz, estava lançada a idéa da expedição portugueza á África central.
Á commissão official, naturalmente pertencera a primeira definição regular d'essa idéa, e determinando-a perante o governo, aquelle instituto punha com irrecusável clareza, a questão rio largo alcance dos seus termos fundamentaes, e nas condições evidentes da sua opportunidade.
Era uma expedição scientifica, fortemente organisada e dotada, como as melhores, que, lançando-se francamente no problema momentoso e capital do Zaire, e das grandes linhas da hydrographia central da Africa, nos pozesse de prompto a par e em concorrencia com o esforço alheio, reatando a nossa tradição, affirmando a nossa vitalidade, e acautelando a segurança, o prestigio e a expansão regular do nosso dominio para o interior.
Teria, - não podia deixar de ter, - uma intenção fundamentalmente politica, a expedição portugueza.
Nascia de uma ameaça e de um perigo.
Assim a comprehendinm os homens que a apostolaram e prepararam em 1876, os srs. Corvo, Bernardino Antonio Gomes, Barbosa du Bocage, Henrique de Barros Gomes, visconde de S. Januario, e... alguns outros.
Secundando este pensamento, com rasão receiosa de que elle não tardasse em ser apoucado e desviado, a sociedade de geographia de Lisboa determinada e positivamente affirmava tambem perante o governo, em 7 de julho d'aquelle anno, os termos e relações politicas e economicas do emprehendimento desejado.
Não quero agora intercalar, aqui, cansando a attenção da camara, e relembrando profundos desgostos pessoaes, a historia variada, curiosa, mais de uma vez exquisita, desta preparação infelizmente demorada de mais, historia que se prende, comtudo, aos nossos annaes parlamentares, por um facto que é uma verdadeira gloria para a politica portugueza: - a votação parlamentar, prompta, enthusiastica, da verba importante que havia de occorrer ás despezas da expedição.
Mas, em summa, perdeu-se um tempo consideravel; a idéa inicial, o empenho primeiro, até a primeira consulta dos que dia em dia seguiam, apprehensivos e vigilantes, o grande movimento africanista, foi reduzida a proporções que se diziam mais praticas e sizudas: - ao estudo do Quango nas suas relações com o Zaire e com os territorios portuguezes da costa occidental; - plano que era muito discutivel, que interpretasse fielmente a lei de 12 de abril de 1877, ou que exactamente correspondesse á situação e às necessidades de momento, embora podesse ser-nos muito útil, muito necessario até, como qualquer outro que procurasse tornar mais e melhor conhecidos os sertões do nosso dominio angolense.
E os nossos exploradores partiram finalmente de Lisboa, com umas instrucções muito scientificas, soffrivelmente bureaucraticas, cheias de recommendações muito precisas ácerca da colheita de specimens historico-naturaed, com modelos muito previdentes e minuciosos dos livros e notas das suas observações quotidianas, não para irromperem, rapidamente, Africa a dentro ou Zaire arriba, ao encontro d'aquelle grande problema que attrahia a Europa, que Vernett, e Cameron, traçaram entusiasticamente em Ujiji, e que um pouco mais cedo que partissem, teriam resolvido talvez, antes de Stanley, ou de collaboração com elle, mas, em todo o caso, para nos fazer reentrar na grande campanha, tão adiantada já. (Apoiados.)
Dizem-me, sr. presidente, que deu a hora, e que alguem tem ainda a palavra para antes de se encerrar a sessão.
Peço, pois, a v. exa., que me reserve a palavra.
O sr. Presidente: - Fica reservada a palavra ao sr. deputado. Vou agora concedel-a ao sr. Eduardo José Coelho, que a tinha pedido para um negocio urgente.
O sr. Eduardo José Coelho: - Mando para a mesa a seguinte proposta. (Leu.)
Não preciso justificar a apresentação d'esta proposta, porque o assumpto de que ella trata é de tal magnitude, que se impõe fatalmente á consideração da camara. (Apoiados.)
Parece-me até que, n'esta questão, não sou só interprete dos meus illustres collegas d'este lado da camara, porque alimento a esperança, bem fundada, de que ha de ser votada por acclamação. (Apoiados.)
Todos sabem que a discussão do orçamento é a intervenção directa na administração do estado.
Não discutir, pois, o orçamento é o mesmo que preterir o primeiro e o mais importante dever por parte dos eleitos do povo. (Apoiados.)
Por taes motivos pedia a v. exa., que consultasse a camara sobre se julga urgente esta proposta. E depois de ser admittida e declarada urgente, como espero, terei a honra de a justificar, se é preciso justificar o que pela natureza do assumpto se recommenda imperiosamente, como já disse. (Apoiados.)
Leu-se na mesa a seguinte:

Proposta

Proponho que, visto achar-se o actual anno economico quasi findo, ter-se só hoje distribuido o parecer ácerca da lei de receita e despeza, ordinárias e extraordinárias do estado na metrópole, para o exercício futuro, e visto que é absolutamente necessario habilitar o governo legal e parlamentarmente a administrar a fazenda publica do proximo dia 1.° de julho em diante, o referido parecer entre em discussão com preferencia a outro qualquer, nas sessões nocturnas da semana immediata e nas sessões diurnas, depois de terminada a discussão do Zaire.
Sala das sessões, 11 de junho de 1885. = Eduardo J. Coelho.
O sr. Presidente: - Antes de consultar a camara sobre a urgencia, vae verificar-se se ha numero na sala.
O sr. Carrilho: - Peço a palavra para antes de se encerrar a sessão.
O sr. Presidente: - Como não ha numero na sala, fica para ter segunda leitura na sessão de segunda feira.
O sr. Carrilho: - Na qualidade de relator do orçamento peço a v. exa. que dê para ordem do dia o orçamento do estado, visto que o parecer já foi distribuído. D'esta fórma fica satisfeito o desejo manifestado pelo sr. Eduardo José Coelho na sua proposta.
Parece-me que não ha inconveniente em se pôr em ordem do dia o orçamento para ser discutido em occasião opportuna; quando v. exa. entender, porque é quem dirige os trabalhos da camará. (Apoiados.)
O sr. Presidente: - Está a dar a hora.
Já tencionava por em ordem do dia o orçamento, antes do pedido feito pelo sr. Carrilho.
O sr. Eduardo José Coelho: - A minha proposta fica para a sessão da noite, ou para segunda feira?
O sr. Presidente: - Fica para ter segunda leitura na sessão de segunda feira.
Á noite ha sessão.
A ordem do dia para segunda feira é a mesma que estava dada, e mais os projectos n.ºs 106, 121, 115, 123 e o orçamento.
Está levantada a sessão.
Eram cinco horas â a tarde.

Redactor = Rodrigues Cordeiro.