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APPENDICE Á SESSÃO DE 7 DE JUNHO DE 1888 1898-C

sem revezes sobre revezes, foi a administração militar, que se verificou fornecer calçado com solas de papelão.

Pois cá o fornecedor de infanteria n.° 23 com quartel em Coimbra, e de que algumas praças figuraram, por enxertia, n'outro corpo, esse fornecedor, repito, foi ainda mais adiante. Reconheceu-se que as solas do calçado das praças d'esse regimento eram de cascas de arvores!

E diz se que nós não inventâmos; que imitâmos unicamente! (Apoiados.)

O sr. Abreu e Sousa: - Contra esse fornecedor adoptaram-se as devidas providencias.

O Orador: - É verdade, mas isso não impediu que o facto se desse. (Apoiados.)

E este fornecedor não é o unico, no genero.

Quando eu tratar mais desenvolvidamente de fornecimentos, e hei de tratar d'este assumpto com a largueza que elle merece, s. exa. verá que tem havido outros muitos fornecedores de cascas de arvores, ficando consignado desde já, que o illustre ministro, em lugar de proceder contra elles, os tem favorecido com moratorias injustificaveis e por outras fórmas, como eu ainda hoje patentearei.

Em compensação, o triste compensação, na verdade, mandou proceder a um inquerito, ácerca dos extraordinarios, para não dizer phantasticos acontecimentos, que se deram no Sabugo.

E o que se apurou d'esse inquerito? Determinaram se e estabeleceram-se as responsabilidades que cada um teve no malogro do exercicio? Houve punições para os que faltaram ao cumprimento dos seus deveres?

Não posso dizel-o, porque disposição alguma official se seguiu ao encerramento do inquerito, e já vão decorridos alguns mezes depois que isto aconteceu.

Dar-se-ha o caso de que o illustre ministro se desse por satisfeito com o resultado da investigação que se fez, e reconhecesse que a ninguem tinha que castigar, que não houvera uma unica falta, que tudo caminhára com regularidade, correctamente?

É possivel, em presença do procedimento de s. exa. (Apoiados.) No entanto não ouso affirmal o.

O que sei é que, tendo eu requerido, como era meu direito, ha bastante tempo, e com urgencia, copia do inquerito, o meu requerimento ainda até hoje não foi attendido. Esta recusa, por essencialmente significativa, dispensa-me do me alargar em commentarios, (Apoiados.) sem que por isso deixe de pôr em relevo, como merece, que este systema da negar documentos é inherente ao actual governo, sem excepção do sr. ministro da fazenda, que me está ou vindo. Que o digam os illustres deputados, os srs. Arroyo, Avellar Machado, João Pinto Rodrigues dos Santos e creio que quasi todos os outros representantes da nação, que têem assento n'este lado da camara. (Apoiados.)

É na verdade inadmissivel este expediente, retinta e caracteristicamente progressista, de furtar á publicidade documentos e actos graves e importantes da administração publica, cujo conhecimento poderia orientar convenientemente o paiz e indicar lhe a melhor linha de proceder a seguir. (Apoiados.)

Não foi seguramente ao estrangeiro que os actuaes ministros foram inspirar-se para tão rudemente atacarem as regalias parlamentares. (Apoiados.) Em Inglaterra, em França, em Italia e em todas as nações em que o systema parlamentar não é uma ficção, os homens mais eminentes, quer occupem ou não o poder, não vacillam em tornar publicas as verdades mais amargas, tanto pelo parlamento como pela imprensa, quando adquirem a convicção de que d'essa sua franqueza podem resultar geraes beneficios (Apoiados.)

Nós vemos, por exemplo, que á Inglaterra, nação pacata, mercantil, egoista e cuja situação geographíca a defende, como a nenhuma outra, de ser atacada, chegou tambem a persuasão de que não podia continuar no estado em que está hoje, relativamente á falta, de recursos militares de defeza. Dada esta convicção, o que fizeram os seus homens de guerra, de maior vulto, como lord Wolseley, lord Beresford e outros distinctos generaes? Expozeram francamente no parlamento e na imprensa o que entendiam que se devia fazer para o paiz estar a coberto de qualquer ataque contra a sua independencia e contra o seu poderio.

E se da Inglaterra passarmos a estudar e a rememorar o que se passou já este anno na camara dos deputados franceza, reconhecer-se-ha que em França tambem não prevalecem os processos mysteriosos de administração, que só encontram abrigo entre os governos fracos, entre os governos desauctorisados, entre os governos que antepõem os seus interesses e os dos seus parciaes aos interesses do paiz. (Apoiados.) São os factos que o vão comprovar.

Durante a gerência do almirante Aube, como ministro da marinha, foi grande o numero de torpedeiros construidos, descurando-se para esse fim a construcção de navios de combate de differente typo e os trabalhos de fortificação das praças maritimas de guerra. O almirante Aube, que ainda no anno passado exercia as funções de ministro, entendia que o torpedeiro tinha morto o couraçado, e tão convencido estava d'isso que, para provar a sua asserção, mandou proceder a evoluções de esquadras e a simulacros de combates entre barcos d'esta e d'aquella natureza.

Reconheceu-se, porém, que, quando esses simulacros se davam proximo da costa ou dos portos, a vantagem era dos torpedeiros; mas no alto mar, e mesmo sem muito mar, não podiam estes barcos sustentar se, ainda quando fossem acompanhados ou comboyados por navios de grande lotação, cabendo portanto a supremacia, sem discussão, aos couraçados.

N'estes termos, parece ter ficado reconhecido que os torpedeiros constituem apenas um elemento de defeza de portos, costas e rios, e que para o ataque e combate no alto mar, os grandes couraçados ainda hoje não lêem competidor.
E igualmente o que se deprehende do debate que houve na camara dos deputados, por occasião de se discutir o orçamento do ministerio da marinha, no dia 7 de fevereiro ultimo, - discussão que foi encetada pelo deputado conservador, o almirante Dompièrre d'Hornoy, e em que tambem tomaram parte o almirante Krantz, ministro da marinha, o deputado Menard-Dorian, relator da commissão, o deputado conservador Liais, o deputado republicano de Mahy, antecessor do almirante Krantz na gerencia d'aquella pasta, e outros membros da camara.

O almirante Dompièrre, emittindo a opinião de que era preciso refazer a esquadra couraçada, acrescentou que ella era, áquella data, inferior á de Inglaterra, Italia e Russia, e dentro em pouco seria excedida pela da Allemanha, cuja força naval augmentava de dia para dia.

Respondeu-lhe em poucas palavras o almirante Krantz, que, sem o contradizer, manteve a reserva que lhe impunham as funcções do seu cargo, e concordando plenamente em que era urgente proceder a melhoramentos na armada.

Mas quem consternou positivamente a camara foi o sr. de Mahy, antecessor do almirante Krantz, que fez na verdade revelações assombrosas, com respeito ao estado em que se encontravam algumas praças fortes maritimas e á maneira como se despendiam os creditos destinados a augmentar a força naval da França.

Ponderou mais o orador que o credito consignado no orçamento que se discutia era insufficiente, e acrescentou:

«Perante a situação em que se encontram os negocios da Europa, a França não pôde esperar que se façam economias. Pelo contrario, tem de despender avultadissimas sommas, ainda por alguns annos.»

Fazendo estas revelações, que não foram contradictadas, o sr. de Mahy declarou, que procedia assim por espirito de