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O fim do s. ex.ª foi provar que as illustres commissões de marinha antecessoras desta, e principalmente a de 1850, não mereciam a censura que s. ex. julgou que eu lhe tinha feito. Declaro que não tive a menor intenção de censurar essas commissões, e que se alguma palavra me escapou no calôr da discussão, que possa ler esse sentido, a retiro completamente. E pelo que diz respeito á de 1850, declaro que se houve perfeitamente, pois não tinha mais do que approvar as propostas do sr. ministro de então; e se a actual commissão se visse agora no mesmo caso, leria feito o que aquella fez.

S. ex.ª disse, que não era a primeira vez que se dizia no parlamento, que a nossa marinha estava em um estado decadente. Que em 1850 já aqui o disse

O sr. ministro da marinha de então, em um longo relatorio, e que por isso propuzera mais 1200 contos de reis, para o material do arsenal e machinas da cordoaria.

Eu peço licença a s. ex. para dizer, que nem os 72 contos que alli se pediam, e se votaram para madeiras, nem os 10 contos para machinas da cordoaria tiveram un) a lai applicação, nem no orçamento actual vem verba alguma para esse fim, e por isso a nossa marinha está agora em muito peor estado, do que estava nesse tempo, porque não ha novos navios, e uma grande parte dos que então figuravam como em estado de navegar ou precisando fabricos, teem sido condemnados pelo abandono em que os deixaram; sorte que de certo espera os que agora pedem fabrico, por não haver meios de fabricar no estado actual do arsenal.

S. ex.ª disse, que nunca viu na camara uma accusação mais formal a um governo, do que era este relatorio. Mas eu peço licença a s. ex.ª para lhe dizer que já veiu uma accusação mais forte, que era a que acaba de fazer o illustre deputado o sr. Palmeirim.

S. ex.ª não negou, nem uma das asserções da commissão em quanto ao estado da nossa marinha; unicamente quiz mostrar, que em 1850 houve um governo, que tinha proposto os meios de salvar a nossa marinha do seu abatimento, e uma commissão que os tinha approvado.

Sr. presidente, isto póde traduzir-se na seguinte accusação: — Em 1850 a nossa marinha estava em perigo; o ministro de então propoz os meios de a salvar: esses meios não foram aproveitados, este governo não os propõe, e por isso abandona a nossa marinha ao seu destino fatal. Tendo s. ex.ª visto neste relatorio uma accusação ao governo, devia propôr uma moção para destruir o effeito, que poderia produzir a votação do que s. ex.ª julga accusação contra um governo, que s. ex.ª diz que apoia.

Termino reflectindo que muito me admirei de vêr que s. ex.ª tractasse a commissão de visionaria por julgar que 200 contos por anno é uma cousa, que Portugal póde votar para salvar a nossa marinha, parecendo a s. ex. que o estado geral de Portugal em 1853 em que a receita e a despeza estão equilibradas, não é para votar 200 contos, em quanto em 1850 que havia um deficit de 2.000 contos, achou muito justo que se votasse essa quantia para o mesmo fim.

A commissão julga o contrario visto que o paiz póde muito mais agora do que em 1850; a marinha tem muito menos do que então da receita geral, não obstante estar muito mais precisada do que nesse anno. Por ultimo a commissão votou a força na certeza em que está de que o sr. ministro da marinha na proxima sessão apresentará á camara as propostas que a commissão ambiciona para salvarem a nossa marinha do seu abatimento, definindo por uma vez o destino da nossa marinha de guerra. Li este relatorio póde ser ainda tomado como um convite formal ao sr. ministro, a fim de que s. ex.ª se comprometta em publico a isto mesmo, e, se tal se conseguir, tem a commissão feito já um grande serviço ao seu paiz.

O sr. Pegado: — Sr. presidente, é sabido que, quando os ministerios veem pedir aos parlamentos quaesquer meios governativos, teem os parlamento, o direito, e até a obrigação, de inquirir quaes são os objectos e quaes os fins para que se querem os meios pedidos.

A commissão de marinha collocou-se logo, ao examinar a proposta do governo, inteiramente no mesmo terreno, em que se tinha collocado o nobre deputado que encetou a discussão, o benemerito primeiro magistrado, que foi ha pouco, da nossa boa ilha da Madeira.

A commissão subiu exactamente á mesma ali um, em que se postou o distincto administrador, e interrogar-se a si mesma. O que deve ser para Portugal uma marinha de guerra? Precisa Portugal, como nação maritima, de uma força naval? Precisa, como senhor dos muitos territorios no além dos mares, de armamento naval? Ou precisa desta força por uma e outra causa? Nenhum portuguez podia hesitar sobre a resposta.

Uma outra pergunta se seguiria, naturalmente, a estas perguntas. Portugal precisa mais de força terrestre, ou de força maritima. E desta decorreria, não menos naturalmente, est'outra. — Qual é a organisação que mais conviria ao exercito portuguez? Nem a primeira, nem a segunda destas duas questões foi considerada pela commissão; nem mesmo ahi proposta ou suscitada.

Mas passou logo a examinar, se a força naval, proposta pelo governo, seria bastante para todas as precisões de um reino, que é formado de uma orla de terra sobre o oceano entre o antigo e o novo mundo, e de muitos territorios fóra e longe dessa orla, disseminados por toda a parte, e mui separados uns dos outros. A solução não podia ser, nem menos facil, nem menos prompta.

A commissão de marinha, informada pela commissão de fazenda, de que para o proximo futuro anno economico não podia o thesouro publico concorrer com maiores sommas para o armamento naval do que aquellas que veem consignadas no respectivo orçamento, disse: este estado de cousas na nossa marinha de guerra deve reputar-se provisorio; e devemos dizendo ao parlamento e á nação, para que ninguem pense, fóra ou dentro do paiz, que nós não conhecemos o valor da nossa posição geografica, e a importancia de todas e cada uma das diversas partes integrantes da monarchia portugueza. Devemos, além disso, considerar este estado como provisorio, porque é forçoso organisar melhor, e harmonisar todas as diversas repartições da marinha.

Sr. presidente, em um dos mais recentes relatorios officiaes, publicados em França, lia-se — que a instrucção publica primaria reclama a mais séria attenção do governo, porque não corresponde o seu actual estado ás necessidades daquelle imperio.

Porque nos devemos admirar, pois, que as cousas