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effectiva de 1:100 cavallos porque nesse numero de vasos uns já estão em estado de saírem, o outros promptificam-se com aquelles fabricos proprios dos navios, que ainda tem vida, e que os classificam no estado de poderem navegar.

Cada navio tem um numero de annos de vida, que se calcula, que se determina mathematicamente, suppondo, já se intende, que tem tido sempre o que se chama conservação. Depois destes fabricos uteis, remoçam. A curveta íris acabara de remoçar, e já vem em caminho revêr Lisboa. Foi fabricada pelos nossos bons operarios indianos, com as nossas boas madeiras indianas, e debaixo das vistas de uma auctoridade intelligente, activa e energica; póde considerara como um navio novo. Mão me é possivel deixar de contribuir neste ponto para o elogio daquella auctoridade, e até mesmo juntar á voz da verdade a dos meus agradecimentos; porque apenas o governador geral da India recebeu ordem do ministerio para apromptar a curveta, de modo que podesse de novo accommetter os mares da China, desenvolveu tal actividade, que aquelle navio em pouco tempo se converteu em unia curveta nova. Foi sim com bastante sacrificio do cofre de Gôa, e por isso tambem agradeço aqui aos seus representantes.

Houve depois melhores rasões para se preferir a ida a Macáo da curveta D. João, que em breve estará tambem como uma nova curveta. Estou certo que ella deixará o Tejo para ir directamente á minha patria talvez d'aqui a um mez, porque ás ordens do sr. ministro da marinha sei que tem correspondido a maior actividade e zelo das respectivas auctoridades do arsenal. E peço licença a s. ex.ª para emittir aqui a minha opinião sobre todo o partido que se póde tirar desta proxima partida de uma curveta portugueza para Macáo.

A curveta irá sem duvida ao norte da China, onde está já o pavilhão portuguez, ainda que sobre um navio de muito menor porte. Poderá ir a Siam, onde até agora só tremula como estrangeira a nossa bandeira. Deverá apparecer no Japão, cujas portas estarão em breve abertas de novo para Portugal, e pela primeira vez ás demais nações do mundo; porque em abril deve sair da altura de Macáo para as ilhas do Japão tuna grande esquadra americana. Se a curveta depois da sua commissão na China vier á Oceania, ahi achará tambem dominios portuguezes. Póde descer á Australia, não levada pela séde do oiro, mas para mostrar em Sydney e na Victoria as lusas quinas. Póde, passando ao Pacifico, vir pelo Mexico e pelo Chile, e dobrando o cabo, mais tormentoso ainda, de Horn, navegar para o rio da Prata e o Brazil. Quando regressar ao Tejo, lerá corrido todos os oceanos, e feito mais do que uma volta inteira do mundo.

Depois de uma tal viagem, tem os seus officiaes e marinheiros adquirido muito saber na arte e sciencia de navegar, e muitos conhecimentos sobre os mais variados objectos.

Estas viagens de rasoavel duração, e de muitas escalas são a verdadeira escola dos officiaes de mar.

Tambem penso que os navios da estação de Angola devem cruzar-se com os da estação do Brazil.

Em todo o caso intendo que os nossos navios, onde quer que estejam, devem achar-se no melhor estado de armamento, de fornecimento, de sobrecellentes, e toda a sua guarnição paga em dia. Quando não pudermos ter 6 navios fóra nestas circumstancias, tenhamos 4; quando não pudermos ter 4, tenhamos 2; mas sempre de modo que nos acreditem.

Direi, sr. presidente, duas palavras sobre a curveta de instrucção dos guardas marinhas e aspirantes. Eu estivo alguns annos no primeiro porto militar da França, Brest. E ahi que está a escola naval franceza. Tinha uma curveta de instrucção, mas esta curveta não navegava senão na Rada. Só em 1838, quando o curso da escola passou a ser de dois annos, ordenou o governo, que nas ferias do 1.º para o 2.º saissem os aspirantes em navios de guerra, que viesse ao Tejo ou ao Mediterraneo.

O primeiro ensaio, que entre nós se fez de viagens do instrucção nas ferias, foi no ministerio do sr. visconde de Sá. Sairam alguns aspirantes n'uma escuna, e muito pouco tempo se demoraram fóra. Foi no verão do anno passado, e a bordo de uma curveta, a segunda vez que essa viagem de instrucção se emprehendeu. Permitta-se-me dizer tambem alguma cousa sobre este ponto. Assim como acabo de dizer, que o navio que fôr á China pelo Cabo da Boa Esperança, locando, já se intende, em diversos portos, volte pelo Cabo de Horn, locando igualmente em algumas paragens do novo mundo, fazendo assim o serviço da estação, o ao mesmo tempo apparecendo em muita parte, assim tambem me parece, que a curveta de instrucção, em logar de ir sómente á Madeira e Açôres todos os annos, poderia ir a Gibraltar, Cadiz, Mediterraneo, e locar em alguns portos da Hespanha, França, Italia, no Mediterraneo. Deste modo conseguir-se-ia certamente mais variada instrucção, e mais gosto de viajar, e a bandeira portugueza seria vista em muita parte.

Tambem se póde considerar como escola de instrucção para os nossos maquinistas do arsenal da marinha a officina de construcção das caldeiras de maquinas de vapor. É mui digno de louvor o pensamento de maudar vir um caldeireiro inglez para construir em Lisboa caldeiras tubulares; porque é construcção que tem sua difficuldade. O par das caldeiras tubulares, que se concluiu ha pouco, é digno de vêr-se. Foram as primeiras deste systema fabricadas em Portugal; e o mestre inglez já deixou alguns discipulos. Sempre me tem parecido, que em objectos scientifico-practicos é preferivel formar discipulos em Portugal com bons mestres estrangeiros que se ajustem, do que, em geral, mandar aprender e estudar fóra.

A respeito da nossa escola naval, e do corpo dos marinheiros militares, reservo-me para alguma cousa dizer pela occasião da discussão dos orçamentos.

Sr. presidente, tempo houve em Portugal, que eram os navios de guerra, que davam marinheiros aos navios mercantes, que os preferiam por mais peritos e intrépidos; mas, em geral, são os navios mercantes os viveiros dos marinheiros do estado. Tem havido, nestes ultimos tempos, bem recentes (porque se começou a pensar um pouco mais nas cousas do ultramar) diversos pensamentos, para augmentar a nossa navegação mercante para as possessões de álem-mar.

O conselho ultramarino fez subir ao ministerio, haverá 3 mezes, uma proposta, da qual, na minha opinião, devem provir os melhores effeitos. O ministerio da marinha remetteu logo este projecto para o da fazenda; e eu já representei ao sr. ministro da fazenda sobre a sua grande urgencia.

Pondero ao sr. ministro da marinha, que é de ab-