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gum desse tempo a visse, mas na qualidade de deputado nenhum a viu.

Portanto, façamos cousas serias. Se querem tractar da defeza de Lisboa, no intuito de obstar a um golpe de mão de uma potencia estrangeira, então faça-se um systema de defeza como deve ser feito; e, depois de passar por todas as estações militares, venha o negocio á camara.

Em quanto aos possuidores do papel-moeda, e outros credores que estão nas mesmas circumstancias, intendo que se deve recommendar ao governo que tracte de computar todos os creditos que ha sobre o estado, e tome depois uma medida que abranja a todos; porque do contrario o que acontece, é fazer-se justiça em especial a um credor, com damno de todos os outros.

Parece-me que chegou agora a vez ao papel-moeda. Mas note-se, que em quanto se attende a um credor, os outros recuam leguas e leguas; e com isto é que eu não concordo. O que eu desejo é que se faça uma computação de todos os creditos que pesam sobre o estado, para se poder tomar uma medida a respeito de todos: a fazer-se justiça a um faça-se a todos, porque todos estão nas mesmas circumstancias. Os creditos que pesam sobre o estado são immensos, não é só o papel-moeda; e quando alguem queira fazer justiça em especial a uma qualquer divida, engana-se a si mesmo, por esquecer-se de todas as outras, e cuidar que não devemos mais nada; porém o bilhete especial de entrada, que faz com que essa divida seja recommendada e attendida, passa a outro, e cada divida destas toma o caracter de uma pretenção particular, com padrinhos proprios. O que acontece, é que nós pensamos que não devemos mais nada senão esta divida que vamos pagar, porém resta ainda uma enfiada de credores por satisfazer, e elles ficam muito contentes vendo entrar o primeiro, porque o que fica á poria, conta dahi a pouco entrar tambem. Estas entradas não se fazem senão por bilhetes proprios de admissão, a maneira dos espectaculos publicos, uns são amarellos, outros azues, segundo a divida que se quiz considerar.

Voto portanto pelo parecer da commissão de fazenda; accrescentando, que não se dê indemnisação alguma, sem se satisfazerem todas as condições parlamentares, depois do governo vir dizer: — Eu quero que se faça uma linha de defeza sobre Lisboa, cujo traçado deve passar por tal ou lai sitio, seguir tal e tal direcção, e ser feito com taes e taes condições.

Como, porém, isto se não faz, a minha opinião é que se mande dar posse desses terrenos a seus donos. Mas sabem porque se não manda dar essa posse? E porque a repartição militar... E por isso eu desejava que muitos que são militares, fossem antes lavradores, a fim de se lhes darem muitos terrenos que por ahi ha incultos, para Os cultivarem: quasi todos elles teem tal apego ao terreno que uma vez occupam militarmente, que nunca mais o largam; por exemplo: escolheu-se um terreno onde se fez uma pequena bateria, em que se collocaram umas perinhas; e a repartição militar do ministerio da guerra defende isto depois, como se fosse uma cousa que lhe pertencesse por direito de conquista. Assim apparece, entre nós, um grande numero de edificios nacionaes occupados pela repartição militar, dos quaes se defende hoje a posse com o mesmo affinco com que se defendeu noutro tempo o reducto.

Eu concluo, portanto, votando pelo abandono de toda a linha, e que se entreguem todos os terrenos aos donos delles, porque, como já disse, não voto nem um real para se pagar a credor nenhum em especial; e quanto aos que forem designados para linha de defeza, que seja seriamente combinada, e approvado o plano do traçado pelo parlamento; que se determine previamente a expropriação, e que o seu pagamento se faça como a todos os outros. Agora quanto ao passado esperem por medidas geraes. Resolva-se essa questão, mas para todos de uma vez.

Eu pedia, por exemplo, ao sr. Avila, que tem tanto na ponta da lingua todos os esclarecimentos ácerca de todas as cifras do credito do estado, ou do que se deve, que nos dissesse em quanto computa s. ex.ª a importancia de uma certa divida a que se deu o nome de socegada, e que já o não é; pelo contrario é manhosa, que já não, dorme, mas está espreitando o momento para apparecer. Elle que diga. São milhões e milhões. Só o ajuste de contas dos soldados e officiaes inferiores mortos, dividas que se ficaram devendo de prets e que pertenciam a seus herdeiros, só isso é immenso. Mas ninguem dirá que estas dividas não são mais sagradas do que outras quaesquer, porque são dividas de prets, não em tempo de paz, senão em tempo de guerra. (Apoiado) Só esta divida, se bem estou informado, anda por 3:000 ou 4:000 contos. Ora agora, a viuvas, isso é uma divida avultadissima: eu perguntando o outro dia, se se poderia satisfazer ao pagamento de uma divida destas, procurando informar-me a este respeito, disseram-me que a ninguem se pode pagar; que é uma somma enormissima.

E acabo dizendo, que voto a favor do parecer da commissão, que se acha substancialmente sustentado; e quando não valessem as razões em que se funda, valia a auctoridade do sr. Avila, que tinha tractado esta questão, e dado o seu voto do mesmo modo que a commissão, como ao principio demonstrei. Voto, pois, pela auctoridade do sr. Avila.

O sr. Placido de Abreu — Sr. presidente, eu vou combater o parecer da illustre commissão de fazenda, e combate-lo-hei fundado nas mesmas razões que ella apresenta. Parece-me que depois de se conhecer, e de se acharem determinados os pontos por onde a linha de defeza tem de passar, e quaes os terrenos que devem ser conservados, e que tem de ser occupados por essa linha de defeza, e estabelecido igualmente o valor desses terrenos, parece-me, digo, que não póde haver duvida alguma da parte da camara em votar qual deve ser a indemnisação que se deve dar a seus donos, e que isto se consigne por um acto do poder legislativo. A commissão funda-se em seu parecer em primeiro logar, porque não está ainda feito o traçado definitivo da linha de defeza da capital; em segundo logar porque intende que era necessario satisfazer igualmente a todos os credores do estado.

Enquanto ao traçado para a linha de defeza — já está determinado em relação aos pontos principaes, e é em relação a esses pontos que os proprietarios donos dos terrenos pedem a indemnisação, por que quanto aos pontos intermedios, nada imporia designar por agora quaes serão aquelles que devem ocupar-se estão cultivados pelos proprietarios, e a respeito delles não se pede indemnisação. Agora os pontos que não tem sido desamparados, e que o não hão-de ser nunca, porque são para assim dizer os peões que marcam de algum modo o plano que deve seguir-se quando se fizer o traçado, a respeito desses