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1922 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

partido regenerador, mas só depois da morte do sr. Fontes.

Eu hei do demonstrar que ha uma cruzada que pretende destruir a cupula do edificio politico do sr. Fontes - a reforma de 1884 - e que essa cruzada parte dos que foram seus amigos politicos.

Sr. presidente, o partido progressista está vingado, porque os oradores que em 1885 discutiram o bill de indemnidade não condemnaram tanto a reforma como o têem feito depois os que n'essa occasião tão ardentemente a defendiam.

A reforma não foi boa, como nós todos progressistas mostrámos. (Apoiados.)

Uma voz: - Mas o sr. ministro da guerra fez parte da commissão que organisou o exercito?

O Orador: - Eu direi a v. exa. qual é a responsabilidade que o sr. ministro da guerra tem n'esse ponto.

O sr. Avellar Machado: - Mas o sr. ministro da guerra defendeu a organização na camara dos pares?

O Orador: - Fez o illustre ministro muito bem em defendel-a, e eu já vou provar como s. exa., defendendo uma cousa má a que tinha ligado o seu nome, cumpriu o seu dever, sem comtudo deixar de reconhecer que a reforma não satisfazia completamente.

O sr. Ministro da Guerra (Visconde de S. Januario): - Diga sempre que censurei as bases.

O Orador: - Exactamente.

O sr. ministro da guerra o que defendeu, foi o seu trabalho e o da commissão, e eu tambem defendo.

A commissão foi encarregada de organisar o exercito doutro de umas certas e determinadas bases, das quaes não podia afastar-se.

Não podia fazer melhor com os elementos que lhe deram e foi o que se fez que o illustre ministro defendeu, censurando comtudo as bases dentro das quaes apertaram a commissão.

Mas, quer isso dizer que as bases dentro das quaes se obrigou a commissão a fazer o seu trabalho foram boas? Já se tem dito que não, e foram as bases que principalmente mereceram as mais vehementes censuras.

Porém, como não desejo afastar-me da ordem de considerações que ía fazendo, voltarei outra vez ao ponto de que me occupuva e que tinha por fim provar a v. exa., sr. presidente, e á camara, que a reforma de 1884 tem levado os golpes mais crueis dos oradores e jornalistas amigos do sr. Fontes, e até se têem escripto livros pretendendo destruir por todos os modos e formas essa organisação. (Apoiados.)

Nenhum de nós, repito, nem como oradores n'esta casa, nem como jornalistas, temos vibrado golpes tão crueis á reforma, de 1884 como s. exas. (Apoiados.)

Vou proval-o.

Toda a gente sabe, principalmente quem é militar, que a organização do exercito de 1884 se baseou no alargamento dos quadros, de modo que n'um momento dado podesse conter maior numero de unidades e as diversas unidades podessem conter maior numero de soldados.

Foi esta principalmente a base da organisação.

Foi isto pelo menos o que disse e escreveu a commissão especial do bill em 1885.

Eu li todos os discursos que de um lado e outro se proferiram n'esta casa a respeito do bill, e encontro no relatorio o seguinte: «Podemos porém mencionar como facto de alta valia: - o alargamento e fixação dos quadros, de modo a permittir em qualquer eventualidade uma facil mobilisação de um forte, contingente, de tropas, a regularisação das promoções nos quadros de todas as armas por uma fórma equitativa (Quanto foi illusoria esta medida!) e a distribuição da força publica era mais numerosas fracções, o que, alem de concorrer para femiliarisar as populações, com o serviço militar deverá facilitar no futuro a adopção de uma lei de recrutamento regional».

Ora, toda a gente sabe, que a base do exercito é a infanteria; é em relação a esta arma que se fixam os quadros das outras armas, attendendo aos principios scientificos que se acham estabelecidos.

A creação de mais seis corpos de infanteria foi o que serviu de base para a organisação de 1884, augmentando tambem o numero de unidades das outras armas; é verdade que não de um modo proporcional. Pois é exactamante o augmento d'estes seis corpos de infanteria que se tenta destruir, e portanto toda a organisação.

O sr. Avellar Machado sustentou estes principios já perconisados nos jornaes politicos e militares.

(Interrupção do sr. Avellar Machado.)

Se não foi claramente o que s. exa. disse leva as mesmas voltas.

S. exa. disse, que não podia continuar o estado em que está o exercito sem soldados, e que, ou se devia reduzir o numero de unidades, ou augmentar o numero de soldados.

O que é pois reduzir o numero de unidades?

E nem mais nem menos que destruir a organisação de 1884, que se fundou exactamente no augmento d'esse numero de unidades. (Apoiados.)

Pois a organisação de 1884 em que se fundou?

(Interrupção do sr. Avellar Machado.)

Eu vou demonstrar a v. exa. que sem este numero de unidades não é possivel introduzir o numero de homens que está fixado para pé de guerra, que é para isso que temos exercito. V. exa. sabe que a organisação de 1884 fixou o effectivo de pé de guerra em 120:000 homens; d'estes 120:000 homens hão de pertencer 90:000 a infanteria, e como nós temos 36 regimentos d'esta arma, dá-nos 2:777 praças proximamente por cada regimento.

Se dividirmos estas 2:777 praças pelas 12 companhias, que tantas são as que constituem os 3 batalhões que cada regimento ha de ter em pé de guerra, dá-nos 231 por companhia, o que é alem de todo o limite fixado nos exercitos mais bem organisados.

V. exa. sabe muito bem que o maximo do effectivo das companhias é de 200 homens, e não póde ser maior pelas rasões que todos nós militares sabemos.

Percorrendo os livros de organisação militar, achei que na Allemanha, Russia e Belgica as companhias têem 200 homens.

Na Austria, cada companhia tem 180, fóra os graduados.

Na Italia, cada companhia tem 160, fóra os graduados.

Na Inglaterra, cada companhia tem 90, fóra os graduados.

Já vê v. exa. que entre nós as companhias ficam com um numero de homens superior ao que existe em todos os exercitos bem organisados. Se fossemos reduzir as unidades como querem os illustres deputados, ainda maior ficaria esse numero, o que é impossivel, alem de destruir pela base a organisação do sr. Fontes, que, diga-se a verdade, nunca mereceu as minhas sympathias, e antes pelo contrario lhe dirigi vigorosos ataques.

Hoje tenho de me conformar com o que está feito, e tratar de melhorar; não póde ser outro o caminho.

Mas, não são só os illustres deputados que dão golpes crueis na organisação do sr. Fontes; são tambem os escriptores do seu partido.

Li ha poucos dias um livro escripto por um distincto official de artilheria que tem grandes sympathias pelo partido regenerador e que tambem é de opinião que se supprimam os seis regimentos. Vê-se que é uma cruzada que fazem todos os cavalheiros regeneradores para destruir a obra do sr. Fontes.

Este livro pertence á biblioteca do Povo e das escolas, de David Corazzi, e diz respeito e Artilharia.

Na pagina 61 diz:

«E fazendo-se isto (a suppressão dos seis corpos), que se ha de fazer fatalmente mais tarde ou mais cedo, o effectivo dos demais corpos seria menos reduzido, porquanto