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SESSÃO NOCTURNA DE 9 DE JUNHO DE 1888 1923

já a distribuição dos recrutas que a nação póde annualmente chamar ao serviço, segundo as forças do seu orçamento, seria feita apenas por trinta regimentos em vez de o ser por trinta e seis, isto é, cada regimento poderia teimais um quinto da força que actualmente tem, o que é importante para as questões de instrucção e serviço.»

Mas ha mais e melhor.

Eu hei de provar que o partido progressista está vingado; porém o que não esperava é que fosse tão cedo.

Gazeta de Portugal, redigida por cavalheiros regeneradores e dos mais ferrenhos, tem publicado uns artigos referentes a artilheria em que diz no segundo d'elles o seguinte:

«Não chega, portanto, a haver dois terços da artilheria de campanha que devia haver no exercito portuguez, pois faltam dezoito baterias; - adiante provaremos que faltam mais, - para se guardarem os principios tacticos em que assenta a constituição de qualquer exercito. Se, porém, falta um terço da artilheria de campanha para se regular a constituição do exercito, em compensação sobeja um terço da actual infanteria, para tambem ser regular a sua constituição em referencia á divisão provavel do exercito em tres corpos de exercito.»

Como te vê ha uma harmonia completa e uma verdadeira uniformidade de pensar. (Apoiados.)

Mas quem tem a culpa de tudo isto? Quem organisou o exercito d'este modo e que tão grandes censuras merece aos illustres deputados e escriptores do partido regenerador?

Todos sabem que foi o sr. Fontes. (Apoiados.)

Ha mais e melhor.

No mesmo artigo ainda se lê:

«Ou conservando tres regimentos de caçadores para o serviço das ilhas adjacentes, ha de mais do que necessario parece, segundo a regular constituição dos exercitos, nove regimentos de caçadores!»

Este illustre escriptor, pelo que se vê, quer a suppressão de nove regimentos.

Os seus confrades não são tão exigentes, porque se contentam com seis.

Mas quem diria que a reforma do sr. Fontes havia de levar botes tão crueis?

Desejo explicar bem o meu pensamento, porque não quero falsear as minhas opiniões, nem esconder aquillo que penso. (Apoiados.)

O sr. Fontes entendeu que a base da sua organisação era augmentar os effectivos. Conservemos o que este illustre estadista apresentou, mas tratemos de melhorar, porque é necessario e muito.

Agora não temos outro remedio senão auguentarmo-nos com o que está.

Uma voz: - Mas por que se não ha de reformar?

O Orador: - Eu vou dizer a v. exa. porque não se póde reformar, e vou fazel-o com as proprias palavras do sr. Fontes.

Dizia o sr. Fontes que era muito grave estar a fazer reformas do exercito muito a miudo, que quando se fazia uma reforma era necessario esperar o tempo sufficiente para ver o seu resultado.

Que nenhuma nação tem reformado o seu exercito de um dia para o outro; e quando se faz uma reforma leva muito tempo a ver o resultado que produz.

Eu argumento com as proprias palavras do sr. Fontes, que devem ter valor para os illustres deputados.

É verdade que eu já provei que são os amigos do sr. Fontes que têem vibrado os golpes mais crueis á reforma.

Querem s. exas. ver mais umas linhas do livrinho que ha pouco citei?

Propondo uma organisação diz: «organisadas assim as tres armas combatentes e dando-se uma organisação tambem apropriada aos varios serviços accessorios, poder-se-ía dizer que o exercito portuguez tinha uma determinada organisação - emtanto que agora só se póde convictamente affirmar que a organisação actual do nosso exercito tem apenas o defeito capital de ser uma organisação que não organisou o exercito, e antes o desorganisou, porque concorreu poderosamente para difficultar toda e qualquer futura e inevitavel modificação.

Que tal acham?

Creio ter provado que são os amigos do sr. Fontes que mais têem censurado a sua reforma de 1884.

A nossa opinião está bem sabida, porque antes e depois da reforma dissemos por todas as formas o mesmo que dizem agora os que então a achavam uma maravilha.

Entendo que a reforma de 1884 tem defeitos, porque deixou o exercito no mesmo estado, não remediando nenhum dos males e antes os aggravou.

Ficou com a mesma falta de instrucção technica; a mesma lei do recrutamento, que produz as bellezas que os illustres deputados apontam; o mesmo systema de promoções; a mesmas insufficiencia da administração militar; os mesmos conselhos administrativos nos corpos, etc. (Apoiados.)

O sr. ministro da guerra e o governo têem já remediado muitos d'estes inconvenientes (Apoiados) e eu espero que os outros se hão de ir remediando successiva e gradualmente.

Tratemos de remediar os defeitos da organisação de 1884, tratemos do aperfeiçoar a reforma, porque não é possivel voltar atrás, e deixemo-nos de pensar em supprimir os seis ou nove corpos ou infanteria como v. exas. querem.

Entendo que, desde o momento que devemos ter em pé pé de guerra 120:000 homens, não é possivel reduzir os corpos de infanteria.

E não se imagine exagerado este numero de homens, porque na guerra peninsular tivemos em armas 110:000 homens, e todos babem que a população do paiz tem augmentado, assim como os recursos financeiros.

Em 1860, na receitas do estado foram de 4.500:000$000 réis, emquanto que para este anno estão orçadas em réis 38.273:000$000 proximamente.

Foi este tambem o numero de 120:000 homens de que o sr. Fontes partiu para fazer a sua organisação.

Este illustre estadista, respondendo em 1885 ao sr. José Luciano disse:

«Estabeleci que o exercito seria de 120:000 homens, porque é pouco mais ou menos a proporção, que quando eu estudei nas escolas, me diziam, e tenho depois na pratica visto que se confirma que podem sustentar as nações em relação ao computo da sua população.»

O sr. Fontes ainda dava outras rasões para justificar este numero de homens que o nosso exercito deve conter em pé de guerra.

O sr. Bocage, no seu livro sobre organisação do exercito, fixa a força em 138:000 homens para pé de guerra.

Creio ter demonstrado que não devem reduzir-se as unidades, porque se tal se fizesse, seria impossivel conter o numero de homens com que se conta.

O sr. ministro da guerra tem procurado por todos os modos melhorar e aperfeiçoar a organisação de 1884, mas tem procedido em harmonia com os recursos financeiros.

O sr. Dantas Baracho censurou o illustre ministro da guerra, porque, segundo a sua opinião, nada tem feito; censurou a commissão de guerra igualmente, porque pouco tem trabalhado; e eu devo dizer a s. exa. que o sr. ministro da guerra tem feito muito e a commissão de guerra tem cumprido o seu dever.

Não sei já o que havemos de fazer para agradar á opposição.

Se as commissões apresentam muitos pareceres, os illustres deputados censuram-as, porque abarrotam a camara