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SESSÃO NOCTURNA DE 9 DE JUNHO DE 1888 1929

que me tinha enganado, e pedir que se remediasse o mal. Isso sim, isso é que seria logico e coherente.

Agora querer attribuir a culpa do que está succedendo áquelles que tres annos antes disseram muito claramente isto mesmo, é que não é justo.

Admirou-se muito o sr. Baracho de que outro dia fosse uma bateria de artilheria a um funeral levando quatro officioes e só oito soldados da propria bateria.

Tenho de provar outra vez, que nada ha que admirar e que esse facto que tanta estranheza causa ao illustre deputado é uma consequencia da organisação de 1884.

Como s. exa. sabe, n'esta organisação foram destinadas 400 praças de pret para cada regimento de artilheria de campanha e tendo cada regimento 10 baterias, corresponde, o maximo, 45 a cada bateria.

Descontando:

1 primeiro sargento;
4 segundos sargentos;
6 primeiros cabos serventes;
4 primeiros cabos conductores;
6 segundos cabos serventes;
4 segundos cabos conductores;
1 ferrador;
1 aprendiz de ferrador;
2 clarins;
1 aprendiz de clarim;
4 impedidos dos officiaes;
3 quarteleiros;

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ficara exatamente os oito soldados que tanta admiração causaram ao meu illustre amigo.

S. exa. admirou se de que na bateria houvessem tão poucos soldados, e eu admiro-me de que houvessem tantos.

Provei de um modo irrecusavel, que oito é o maximo numero de soldados que fica na bateria.

É das baterias que se tiram os impedidos dos officiaes superiores, medicos, capellão, picador, veterinario, ajudante, casão, ranchos, limpeza, etc., etc., e portanto, nem esses oito podem existir. S. exa. foi mal informado.

N'essa tal bateria a que s. exa. se refere não era possivel levar oito soldados da propria bateria, porque os não tem.

E note v. exa., que eu não conto, com pelo menos doze conductores para guiarem as muares que pucham as peças; e que supponho, que nem um só soldado está no hospital, e nem um está de fachina, guarda etc., etc.

Já vê o meu illustre amigo que tudo isto dá um numero de soldados superior aos quarenta e cinco, que a organisação de 1884 destinou a cada bateria.

Marchar a bateria, levando oito soldados da propria bateria é caso digno de registar-se, e devemos felicitar o sr. ministro da guerra ou o commandante do regimento pelo milagre que fizeram.

E, ainda eu não entro em linha de conta com as passagens que constantemente se pedem.

(Interrupção do sr. Serpa Pinto.)

Talvez s. exa. já tenha pedido algumas.

Temos pedido todos nós, umas vezes pedimos para passarem de Lisboa para os corpos de fóra e outras vezes para passarem dos corpos de fóra para Lisboa.

O que é necessario é tratarmos todos de remediar o estado actual, em vez de estarmos a lançar a culpa do que succede ao sr. ministro da guerra que a não tem.

Tem-se dito aqui, que os effectivos do exercito são muito pequenos.

São; mas não temos nós culpa d'isso. (Apoiados.)

O numero de recrutas é muito pequeno.

É; mas não somos nós os culpados. (Apoiados.)

Vou ver se consigo proval-o, apesar da rapidez com que me vejo obrigado a fazer estas considerações para não tomar muito tempo á camara.

Eu tomei as minhas notas referidas ao anno de 1880; e a rasão da minha preferencia pelo periodo que decorre de 1880 para cá, é porque desde essa epocha tenho notado mais attentamente os factos da nossa politica.

Em 1880 a força do exercito de terra foi fixada em 30:000 praças de pret

Em 1881, em 30:000 »

Em 1882, em 30:000 »

Em 1883, em 30:000 »

Em 1884, em 30:000 »

Em 1885, em 24:000 »

Em 1886, em 24:000 »

Em 1887, em 30:000 »

Em 1888, em 30:000 »

Vê-se, pois, que sempre se pediram 30:000 praças de pret para o nosso exercito.

Mas, caso verdadeiramente notavel e phenomenal; em 1885, quando se augmentaram dez corpos, o numero de soldados em vez de augmentar tambem, diminuiu de 30:000 para 24:000, e isto no primeiro anno que seguia a organisação!

Que culpa temos nós de tudo isto? (Apoiados.)

Os illustres deputados confiaram pouco da nossa memoria e do nosso estudo para nos virem impor responsabilidades que não temos e que são exclusivamente suas. (Apoiados.)

Sr. presidente, necessito declarar a v. exa. e á camara, que o meu fim é simplesmente expor os factos como os encontro, e tirar as conclusões do que vi e estudei, sem idéa de censurar ninguem.

Se o sr. ministro da guerra d'aquella epocha pediu apenas 24:000 homens foi certamente porque entendeu que os recursos do thesouro não lhe permittiram pedir mais.

As circumstancias do thesouro são muito attendiveis, e prendem muito tambem os estadistas dos outros paizes, porque os exercitos custam hoje muito dinheiro.

Se eu quizesse ler documentos, havia provar que todas as nações, mesmo as que tomam a serio o seu exercito, e o consideram como a principal instituição, hesitam muitas vezes diante das despezas extraordinarias.

Por isso repito, não quero censurar ninguem, exponho os factos para mostrar, que o que está succedendo agora foi previsto, e é perfeitamente racional e regular e não podia mesmo deixar de acontecer.

Como vimos, em 1885 e 1886, exactamente nos dois annos que se seguiram á reforma do exercito e em que se augmentaram dez corpos, foi quando se pediram menos soldados.

Em 1887 e 1888 voltou-se outra vez aos 30:000 homens.

Estes ainda são poucos para preencher os effectivos e dar a devida instrucção.

Alem d'isso, parte d'esta força é licenciada e o orçamento não marca verba para pagar senão a um numero de homens muito inferior.

Assim as camaras só auctorisaram a pagar:

Em 1880 a 23:000 homens

Em 1881 a 23:000 »

Em 1882 a 23:000 »

Em 1883 a 23:000 »

Em 1884 a 21:000 »

Em 1885 a 21:000 »

Em 1886 a 21:900 »

Em 1887 a 21:000 »

Em 1888 a 21:000 »

Vê-se igualmente, que no anno em que se fez a reforma