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õouro, i|Utí pelo meio ha umas urnas pequenas para o Fundo de Amortisação, e V. Ex.tt acceite ura papel que não é nada deshonroso, figure a Nação Por-íugueza (Riso). Quer V. Ex.a saber em que se tern cifrado os grandes trabalhos financeiros, estas grandes lactas? É em que os Srs. Ministros vão áquella urna, que é o Thesouro, e vem a correr trazendo dinheiro para a outra, que c a Junta do Credito Publico, e outros tiram dinheiro daquella que é a Junta, e passam-no.para a que é o Thesouro; e a graça e que no caminho, quando se encontram, fazem uns olhos muito feios uns para os outros, e chamam-se espoliadores ( Riso). O Sr. Ministro da Fazenda agasta-se muito porque lhe dêem este nome; eu se fosse Ministro, e me encontrasse com outro n'uma destas viagens, respondia áquelle que passava por mim—-;i Espoliador foi você, e o outro que vier depois de mim ha de ser espoliador também. « — Ora V. Ex.% Sr. Presidente, que e a Nação Portugueza (Riso) está vendo tudo isto, e sabe que paga tanto para a urna direita, como para a urna esquerda. Ora o meu systema de Finanças consiste em habilitar a V. Ex.a a pagar para a urna do Thesouro tanto quanto baste para os Ministros não irem buscar dinheiro á urna da Junta dd Credito Publico; e pára este systema não preciso de cifras, nem de cálculos, nem de Doutor Pricôy nem de Roberto Peei, não preciso senão do bom senso, da practica commum, da economia domestica, e em uma palavra do juizo de toda a gente ; porque os Ministros, e o Sr. Ávila mesmo se applicassem ás Finanças do Estado as mesmas regras que applicam ás suas, deviam estar melhores do que ostão.

O Decreto de 3 de Dezembro foi um Decreto que od Srs. Ministros justificam com o interesse que eu chamaiGJ partidário; elles julgaram que era necessário para segurar a situação, fizeram bem ; mas eu queria que o Decreto tivesse mais alguma cousa que interesse partidário^ que tivesse interesse verdadeiramente económico e regenerador, porque queria não só a situação segura, mas as Finanças, de maneira que a ordem publica fique por uma vez tambern segura.

O Decreto de 3 de Dezembro não e de ninguém; é desta situação, e da Nação Portugueza, o é como muitos Decretos que tem havido; entretanto o Sr. Ministro da Fazenda não deixa de ter muito merecimento, e de merecer os maiores louvores pelo arrojo que cominetteu (Apoiados) ; mas o arrojo devia ir mais longe; e fallo a respeito de S. Ex.a, com rim certo amor paternal (será muito, vista a pouca differença das idades) mas com um certo bem-que-ver, que elle taltez tenha desconhecido.

Ò Sr. Ministro representou uma grande significação ao Paiz, e uma significação a respeito do Partido Setembrista ; S. Ex.% foi, e creio que e", não só bemquisto, mas amado e estimado por este Partido; imas poucas de mãos tribunicias deram o seu voto a favor de um moço novo na vida publica, cujo talento o abonava (Apoiados) mas que em fim não era cercado de todas as circumstancias próprias para deslocar do seu caminho ordinário um Partido muito tenaz nas suas idéas, e muito respeitador dos homens notáveis do seu grémio; fez-s,e urna excepção, e cha-

ao nível deòta houra, corno julgo. Porque foi S. Ex.' eleito por dois Circules, onde dominavam as opiniões Setembristas 1 Porque a opinião Setembrista quiz nessa eleição significar que neste Paiz é preciso respeitar os homens pelo que elles valem, e não pelos annos que têem, pelo seu préstimo, e não pelo tirocínio que lêem de vida publica, e que era preciso seguir uma Administração rasgada. Isto e que significam as duas eleições de S. Ex.% e algumas palavras que dei a favor da sua candidatura.
Sympathisei principalmente com S. Ex.a porque o vi em disposição de queimar a nossa esquadra (Riso) isso e que me encheu de enthusiasmo por elle; disse comigo: pelo que vejo ninguém e' capaz de acabar com a nossa esquadra, com aqueflas nãos matronas que tinham sido moças ha muitos annos ( Riso) senão o Sr. Fontes; mas não o disse quando recommendei a sua eleição.
Seguindo o Sr. Ministro em todos os seus actos estremeci de amor por elle (Riso) estremeci de amor, porque as paixões Políticas se não tomam a força, e a generosidade deste grande sentimento em todos os seus actos, não são bastante enérgicas; amei portanto o Sr. Ministro, e ainda o amo; segui com estremecimento todos os movimentos que elle fez, vi-o quando avançava sobre o Rubicon com o seu Decreto de 3 de Dezembro, que parecia que ia intimar a Roma da agiotagem ; mas que desaguisado que experimentei quando o predilecto dos meus votos voltou espavorido de quatro múmias de Senadores, que viu diante de si!... S. Ex.% senão capitalisa, era heroe completo; como capitalisou, ficou meio heroe (Riso).
O Decreto de 3 de Dezembro não é mais que uma deslocação de Fundos ; a questão que nos deve occu-par e que meios se hão de empregar para pagar a esses credores, a quem se tiraram .estes rendimentos.
Diz o Sr. Ministro da Fazenda — eu capitaliso — e eu digo — amortise-se. — A Com missão de Fazenda também diz, amortise-se; e é uma cousa ao mesmo tempo risível e lamentável ver estas luctas encarniçadas entre a Commissão de Fazenda e o Sr. Ministro: isto não acontece só com esta Cornmissão, e este Ministro, e' de todas as Commissões de í'azenda, e de todos os Ministros de Fazenda; o Sr. Manoel Passos era furioso contra a Commissão de Fazenda, quando foi Ministro, a qual até lhe negou o seu Parecer ; as Commissões de Fazenda são em todos os tempos um pouco difficeis de tractar; os Ministros pensam que ellas têsm o F~elocino, e as Commissões não querem ir com os Ministros. É risível e lamentável o ver andar ás bulhas o Ministro e a Commissão, porque isto tem logar n'um Paiz onde não ha Finanças, e não onde não ha nem motivo para haver Commissão de Fazenda, nem para haver Ministro de Fazenda.
Como deu a hora, fico com a palavra para continuar amanhã, se m'o permittem (Apoiados).
O Sr. Presidente; — A ordem do dia para árna-nhã e a continuação da de hoje. Está levantada a Sessão. ~ Era m quatro horas da tarde.
O REDACTOR,