O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

SESSÃO DE 26 DE JUNHO DE 1885 2645

unirmos apenas 13 navios em regulares condições, conhece quanto é urgente e necessario tratar com o devido criterio do desenvolvimento da força naval para que ella entre e se mantenha nos seus devidos termos. (Apoiados.)
Para a camara fazer uma idéa rapida dos meios navaes, tanto militares como mercantes que possuiamos ainda no principio deste seculo, vou ler a relação das forças expedicionarias que mandámos ao Brazil.
Em fevereiro de 1816 enviavamos ao Rio de Janeiro 1 nau, 1 fragata e 1 charrua, comboyando 18 navios mercantes dos quaes 4 estrangeiros, conduzindo 4:800 homens de tropa.
Em 1818 enviámos 1 fragata comboyando 25 navios mercantes conduzindo para a Bahia e Rio de Janeiro 3:630 homens dos quaes 165 officiaes.
Em julho de 1821 comboyavam para a Bahia, 2 charruas de guerra, oito navios mercantes dos quaes dois estrangeiros, conduzindo a legião lusitana.
Em 1822 uma esquadrilha de 1 nau, 1 fragata e 2 charruas protegiam 4 transportes mercantes que conduziam para o Rio de Janeiro os batalhões de infanteria l, 3 e 4 e artilheria; esta força não chegou a desembarcar, sendo aprezada a fragata de nome Real Carolina.
Em abril de 1822 enviámos a Pernambuco uma expedição de 2 corvetas e 1 escuna de guerra com dois transportes mercantes conduzindo infanteria 12.
No mesmo anno em junho seguia para a Bahia uma corveta acompanhando 4 navios mercantes com tropa: e ainda em setembro d'esse mesmo anno mandávamos ao Rio de Janeiro 1 nau, 2 corvetas e três charruas comboyando 4 navios mercantes com tropa, e logo a 15 de fevereiro 1823 enviavamos á Bahia 1 fragata protegendo um comboyo de 9 navios mercantes que conduziam infanteria 5 e 6 e caçadores l, 2 e 4.
No tempo em que dispunhamos d'estes meios de acção não hesitávamos em mandar os corpos do nosso exercito ao Brazil que não offerecia melhores condições climatericas do que offerece hoje a nossa Africa. (Apoiados.)
Hoje temos apenas um simulacro de tropas ultramarinas, uma imitação da infanteria de marinha franceza e dos marinheiros inglezes, sem nos resolvermos a mandar corpos do nosso exercito para fazer valer e manter o nosso dominio nas provindas ultramarinas. (Apoiados.)
A camara vê ainda n'este rapido esboço das forças navaes e do pessoal do exercito que mandavamos á America do Sul, que então tinhamos energia bastante, para aproveitar os meios de acção de que dispunhamos não só em relação ás forças navaes mas ás terrestres.
Agora - escusado é recordar, o que está na memoria de todos, as dificuldades, e pessimos elementos, que se reunem para enviar ao ultramar em caso urgente, e como têem sido deploraveis e lastimosos os resultados.
Já avancei aqui a proposição de que careciamos que a nossa força naval se mantivesse no numero de 32 navios, que o decreto do sr. Latino Coelho estabeleceu, e que tivessemos 4 navios dos chamados de primeira ordem, 2:500 a 3:000 toneladas de deslocamento, etc.
Esta opinião não é exclusivamente minha, mas, deduzida do parecer de distinctos officiaes da armada, como consta do famoso relatorio do inquerito ás repartições de marinha.
O barão de Lazarim queria 21 navios ao serviço e os indispensaveis para os render, o que podemos computar em 11, e, portanto, o seu total em numero de 32, como estabeleceu o sr. Latino Coelho, e devendo, pelo menos, 3 ser fragatas de vapor.
O sr. Carlos Testa, cuja auctoridade deve ser insuspeita por todos os titulos ao governo, pede para a nossa marinha 36 navios, dos quaes 6 fragatas.
O sr. Soares Franco queria que na força naval entassem, como navios de l.ª classe, 3 fragatas.
O sr. Cardoso pretendia 4 fragatas em 30 navios guerra propriamente ditos, pronunciando-se o sr. Paulo Centurini tambem por 4 grandes navios, mas da categoria de naus: finalmente, o sr. Marques Pereira queria 28 navios, dos quaes 8 naus e fragatas.
É subordinado a estas opiniões que eu propuz em meio dia que tivessemos 4 grandes navios de primeira ordem.
Sr. presidente, ainda em 1851 figuravam na lista naval 68 navios; verdade é que alguns se achavam em pessimo estado.
A categoria d'estes navios era: 2 naus, 6 fragatas, 10 corvetas, 3 charruas e 15 brigues.
Os mais eram escunas, hiates e cahiques, havendo apenas 4 vapores de pequena tonelagem.
Em 1862 este numero de navios estava reduzido a 33, sendo 1 nau, 1 fragata, 8 corvetas, das quaes 4 de vapor, 5 vapores menores, 4 brigues, e o restante escunas, hiates e cahiques.
Actualmente menciona a nossa lista naval 30 navios, comprehendendo 1 couraçado pequeno, 1 fragata de véla, 6 corvetas a vapor, 15 canhoneiras como navios de guerra propriamente ditos, sendo alguns dos ultimos de insignificante força.
Por aqui vê a camara rapidamente, as phases por que tem passado a força naval, e vê tambem, que as condições em que ella hoje está não são satisfactorias, ou as mais convenientes, para as condições de preponderancia politica e militar, que a metropole tem de exercer nas nossas possessões coloniaes.
Occupando me agora mais especialmente do projecto que está em discussão, chamo a attenção da camara para as condições em que se acha o pessoal, com relação ao material da força naval.
Acompanha o orçamento de 1885-1886 o mappa detalhado do numero de navios e pessoal correspondente á força naval, que se pede para este anno, e na lista da armada publicada este anno, referida a 31 de dezembro de 1884, vem mencionados todos os navios da nossa marinha de guerra, com o correspondente pessoal.
Com a força naval que vae votar-se dá-se o seguinte: que os 27 navios que a compõem absorvem quasi todo o pessoal que ha.
Uma marinha que tem 30 navios, ou deve ter 32, não é para todos estarem em serviço; e desde que esses navios tiverem de ser todos armados, o pessoal não chegará, e eu não sei onde o governo irá buscar pessoal para render o que regressa das estações.
O mais justo é que haja o pessoal correspondente para a força total dos navios, para assim poder ser rendido o que regressa das estações, como se faz com os navios.
Se os navios carecem de ser em numero sufficiente para serem rendidos, repararem e refrescarem, o pessoal não carece menos; e se não póde deixar de merecer a consideração do governo o material, tambem o pessoal a devo merecer.
Para a camara ver que a proposição que avancei de falta de pessoal é exacta vou ler algumas das sommas em relação ao pessoal.
Por exemplo, no corpo de engenheiros machinistas navaes.
As lotações dos nossos navios pedem 7 primeiros machinistas, e havendo 10 no quadro, dos quaes 2 em serviço indispensavel no arsenal, sobra 1.
Dos de 2.ª classe são precisos 16, sendo o quadro de 12; e de 3.ª são precisos 33, sendo o quadro de 20.
D'esta ultima classe nem sequer ha o pessoal preciso para a força naval que vamos votar, por quanto ali se pedem 24.
Na classe de fogueiros e chegadores pede-se quasi todo o pessoal das respectivas companhias, por quanto a parte que se menciona ficando no quartel, é a indispensavel para o tratamento e conservação das machinas dos navios desarmados, etc.