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2680 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

que não seja compensadora dos encargos, que não sei se são de 5, de 6, de 7 por cento.
(Interrupção.)
Eu e que escrevi o relatorio. Póde haver erro. S. exa. ha de admittir o principio de que tambem póde errar. Em todo o caso eu não declino sobre ninguem a responsabilidade do que está escripto no relatorio. (Apoiados).
E a proposito permitia-me s. exa. que lhe diga que eu não fui o portador da proposta. Se o fosse poderia talvez investigar de quantos projectos foi tambem portador o illustre deputado. (Vozes: - Muito bem.)
Teria de investigar se todos os ministros apresentam ao parlamento propostas elaboradas por elles, ou se encarregam alguem de elaboral-as. (Apoiados.)
Por consequencia, não fui aqui portador de um projecto ao digno par o sr. Mendonça Cortez, como s. exa. disse. Se acaso s. exa. examinasse um documento que vem junto á proposta que apresentei ás côrtes, veria que o sr. Mendonça Cortez n'esse documento declara que tinha combinado commigo em abril d'este anno diversas bases com as quaes voltou a Paris para tratar d'este negocio.
Se isto é dito para levantar o caracter, a competencia e a respeitabilidade d'aquelle cavalheiro, digno membro da outra camara, estou perfeitamente de accordo com o illustre deputado, e na o sou eu que o contrario, eu, que tratei com s. exa. seria o ultimo a duvidar da sua competencia e capacidade; (Apoiados.) mas se é para amesquinhar a minha capacidade, está s. exa. no seu direito de suppor que eu só seria capaz de trazer ao parlamento um projecto d'esta ordem como portador d'elle.
Porque saiu o sr. Antonio Augusto de Aguiar, perguntam s. exas? (Apoiados.)
Elle que lhes responda, e já respondeu na outra casa do parlamento, onde tem assento, e fallou dignamente. (Apoiados.)
Já os seus collegas responderam em uma e outra casa do parlamento. (Apoiados.)
E quantas vezes me perguntarem porque saiu o sr. Aguiar e tambem porque saiu o meu collega o sr. Lopo Vaz, outras tantas tenho de responder o mesmo.
Isto já está dito e mais do que dito. (Apoiados.) Saiu o sr. Aguiar porque n'essa occasião não se julgou conveniente levar por diante o projecto apresentado por s. exa. e s. exa. não quiz esperar. Estava no seu direito.
O sr. Antonio Augusto de Aguiar tem n'esta questão uma grandissima honra, que eu lhe não regateio. E eu declaro isso no meu relatorio, que não foi feito pelo sr. Cortez, fui eu que o fiz; não fui o portador, fui o auctor d'elle. (Riso.) Cito este direito de auctor porque não vale nada, se fosse cousa importante, minha modestia não me consentiria que eu fallasse em tal.
Mas, como dizia, não regateei, nem regateio essa honra ao sr. Aguiar, porque elle, quando outra cousa não tivesse feito, sacrificou-se pela questão. (Apoiados.)
Já v. exa. vê que faço honra aos que estão e aos que saíram.
O sr. Aguiar era um homem que tinha uma idéa e tinha essa idéa firmemente, e julgava que era opportuno pol-a em pratica; mas os seus collegas entendiam que não era opportuno pol-a então em pratica, e s. exa. retirou se.
Como a questão de opportunidade é uma questão de tempo, e como eu não trouxe esta proposta no dia seguinte, mas sim algum tempo depois, e como a opportunidade ficou salva sem haver contradicção da parte dos que ficaram, nem da parte dos que saíram, creio que estou no meu direito em apresentar ás côrtes esta proposta, embora o sr. Aguiar tivesse resolvido sair do ministerio.
Mas, sr. presidente, o illustre deputado a quem me estou referindo, disse que o sr. Aguiar tinha saído porque fôra infeliz
Se isto era infelicidade, elle foi infeliz.
E ao mesmo tempo observa que o sr. Cortez tinha sido mais feliz do que o sr. Aguiar, porque tinha achado perante o governo a melhor graça para este assumpto, porque tinha conseguido convencer os ministros a apresentara a proposta de que se trata.
A este respeito já disseo sufficiente; mas, se for preciso dizer-se mais alguma cousa, como isto se refere a um membro do parlamento que tem voz e lingua, e tem lingua como muito poucos, (Riso.) e eu tenho sido victima d'ella muitas vezes, (Riso.) elle tratará de defender-se, porque não precisa da minha defeza.
Diz tambem o illustre deputado, que este projecto traz um encargo grande e que este encargo muito grande significa um grande lucro para os contratadores, e evidentemente uma perda para o thesouro; e que esta perda e este lucro respectivamente se equilibram, porque nós perdemos o que outros ganham, ou elles ganham o que nós perde-mos.
Eu já ouvi aqui dizer, quando se tratou de um emprestimoo, que o thesouro perdia quando ganhavam os contratadores.
Então o calculo era outro, havia outros elementos.
(Interrupção do sr. Sarros Gomes.)
O illustre deputado póde ter a palavra duas vezes sobre materia.
Eu não estou accusando o illustre deputado, estou cintando um facto.
Isto é mesmo para mostrar como n'esta questão, os homens competentes divergem, e como n'esta região dos algarismos, sem haver apostatas, póde haver mais ou menos orthodoxia.
No fim de tudo, visto que todos ficam competentes, os competentes disseram que tinha havido lucros exorbitantes da parte dos contratadores.
Não ha nada mais certo do que a mathematica.
Eu tambem á falta de gente estudei mathematica, e não fui mau estudante de todo; permitta-se-me que diga isto sem vaidade, e aprendi uma cousa que têem aprendido todos, e é que a mathematica é certa desde que os principios sejam certos.
A questão toda está no modo de por o problema, em equação; mas desde que os principios sejam certos e o problema se põe em equação, a verdade é só uma e ha de apparecer.
Mas isto não acontece só na mathematica; isso acontece em todas as sciencias em que se dividem os conhecimentos humanos.
A verdade é uma só.
E isto não é em apologia da mathematica, mas é que na mathematica está tudo no modo de pôr a equação.
Desde que se trata de pôr a equação, a fórma é tudo e aquelles que muitas vezes julgam encontrar ahi a sua defeza, encontram a sua condemnação.
Repito, a questão está no modo de pôr o problema em equação.
E para completar a minha idéa direi ainda, que os calculos podem ser verdadeiros, os do illustre deputado, ou os meus, e quem ha de julgar não sou eu, nem o illustre deputado.
Ninguem julga definitivamente entre o que um diz, e o que diz a parte contraria; quem tem que julgar são os taes competentes, e o illustre deputado verá como os homens competentes em começando a preparar algarismos, deixam a questão em completa obscuridade, como a deixou para o meu espirito o calculo apresentado pelo illustre deputado.
Eu comprehendo bem que a camara, n'um momento em que os calculos que têem uma certa significação, apresentados pelo illustre deputado que estava de certo muito serenamente fallando, mas talvez agitado pela paixão politica, porque as suas reflexões não foram unicamente financeiras, tiveram laivos politicos muito accentuados, compreendo, digo, que a camara os não perceba á primeira vista,