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mento em que me parecia estar prestes a acabar, porque se assim acontecesse, demonstrava que pouco lhe restava mais que dizer sobre o orçamento.

A fallar a verdade, sr. presidente, sinto faltarem-me as forças para a prespectiva do debate que se apresenta sobre o orçamento. £ sem querer nisto fazer censura ao illustre deputado, ao qual intendo que assiste todo o direito de expender as suas opiniões, como bem lhe parecer, permitta-me elle, que como seu collega, como deputado, lhe diga, que o orçamento do estado discutido por esta maneira, trazendo para cada um dos seus artigos as leis da dictadura que formam, como se disse um volume de 235 decretos, importa pelo menos, uma discussão de 10 annos (Apoiados) assim é absolutamente impossivel. Digo-o ao nobre deputado como collega seu, como membro desta camara (O sr. Carlos Bento: — Póde dizel-o como ministro) como ministro não o quero dizer. (O sr. Carlos Bento: — Mas um ministro tambem argumenta e combale) Sr. presidente, eu tomo cuidado tanto quanto posso de quando nesta casa falla qualquer orador, soltar uma só expressão que sirva de interromper; mas eu nunca tomo a palavra, nunca, que não seja desde logo interrompido a cada momento. (Apoiados) É isto o que me acontece constantemente.

O sr. Carlos Bento: — Eu no que disse, longe de fazer offensa a v. ex., reconheci, o direito que tinha de dizer o que disse como ministro, porque nesta qualidade tem o direito de argumentar e combater.

O Orador: — O nobre deputado conhece-me ha muito tempo: eu tambem não tenho nunca no animo offendel-o, nem a ninguem, não é esse o meu genio; mas permitta-me dizer-lhe, que a rasão porque fallei como deputado e não como ministro, é porque não queria se persuadisse que eu fallando do modo como fallei, te o fizesse como ministro, como membro do ministerio, pertendia de alguma forma restringir lhe o uso do direito da tribuna na pessoa do nobre deputado ou doutro qualquer que fallasse sobre a materia, e foi por isto que como deputado emitti aquella minha opinião; parecendo-me que, como tal, não póde ser estranhavel o dizer — que deste modo não se discute o orçamento, que é absolutamente impossivel. (Apoiados) Sr. presidente, o illustre deputado obrigar-me-hia a fazer um longo discurso, para o que de certo não estava preparado; (mas já vejo que tenho de o estar todos os dias) digo, obrigar-me-hia a fazer um longo discurso em resposta ás suas observações sobre os motivos que o governo leve, ou podia ler, para publicar os diversos actos da dictadura, a respeito de materias de fazenda.

O illustre deputado a proposito da questão do pagamento do juro da divida externa, pagamento do juro que não póde ser contestado, nem de certo foi intenção do illustre deputado contesta-lo, que está exarado no orçamento na conformidade da lei vigente; a proposito, digo, desta verba, trouxe as tendencias do governo sobre materia de finanças, a escola pela qual elle se dirigia, os commentarios feitos ás razões porque se publicaram as medidas sobre finanças, os boatos que se espalharam por causa dessas mesmas medidas, os fados mais ou menos alterados que occorreram em relação a este objecto; e assim vejo-me collocado n'uma difficuldade grande para responder a Ião variados objectos.... e tão indefinidos que inclusivamente tenho de responder aos boatos que se espalharam!...

O illustre deputado que viu um perigo, que viu um mal, que viu um erro no systema de fazenda adoptado pelo actual ministerio, e creio que principalmente se referia ao decreto de 3 de dezembro de 1851, o acto mais importante sobre materia de finanças que viu da administração actual; o illustre deputado começou por ser pouco generoso comigo, e com os meus collegas, attribuindo sómente a mim aquillo que de certo foi opinião não só de todos os ministros, mas opinião de mais alguns amigos muito esclarecidos nestas materias, entre os quaes se contava o illustre deputado (Vozes: — Ouçam, ouçam) e parece-me até que eu tive a docilidade de entregar uma parte desses trabalhos a s. s.ª para os vêr e corrigir... (O sr. Carlos Bento: — Nisso não ha toda a exactidão: peço a palavra) Póde ser que não haja toda a exactidão, mas, hão-de ser infieis comigo todos os meus collegas do ministerio, assim como alguns cavalheiros que fazem parte das duas casas do parlamento.

Não quero com isto fazer insinuação alguma desairosa ao illustre deputado, nem allusões menos honrosas; não posso desauctorisa-lo a elle por opiniões que são minhas; mas o que quero é pedir-lhe, que seja menos severo para com um collega, para com o homem que tem sido seu amigo, que o tem ouvido em muitas cousas, que o ouviu neste ponto; e pedir-lhe tambem que não reprove tão formalmente um systema que naquella época não era combatido ião fortemente, como agora o é, pelo illustre deputado...

O sr. Carlos Bento: — Eu combali grande parte desse decreto: e devo notar ao illustre ministro, que o decreto de 3 de dezembro de 1851, leve depois outros decretos.

O Orador: — Já me contento que o illustre deputado não renegue a parte que teve de seu conselho importante no decreto de 3 de dezembro de 1851. Mas eu no lugar do illustre deputado, se não approvasse o pensamento d'um decreto, e se (não como official de secretaria que nessa qualidade não tem logar algum) fosse chamado como amigo a aconselhar o governo sobre uma medida daquella importancia, não tomava nenhuma responsabilidade moral, dizia — que não podia concorrer, que não podia aconselhar, e retirava-me, não entrava no debate (Apoiados) Repito ainda: que não desejo fazer insinuação alguma ao illustre deputado, não lh'a faço, não lh'a posso fazer porque são as minhas opiniões, não o posso desauctorisar a elle, com aquillo que intendo que me faz honra a mim.

Sr. presidente, eu sinto que o illustre deputado que tem examinado delida e circumspectamente esta questão pelo modo que a considera em todas as suas ramificações, insistisse em certos pontos que não vinham propriamente para o caso, e que tem o seu lugar de discussão em outra parte; mas insistiu, por assim dizer, antecipadamente nesses pontos, que peço licença ao illustre deputado para dizer — que não são exactos.

Já n'uma das sessões passadas e n'um discurso do illustre deputado a que não respondi... e por esta occasião permitta-se-me dizer, que apoiei uma idéa que emittiu, quando referindo-se ao caso de não ler respondido a um discurso pronunciado por outro illustre deputado, disse — que não era certo que quem caia, consente; que não lhe fallava a resposta apezar de não ter respondido; e que assim, posto não o tivesse feito desde logo, nem por isso consentiu in» observações que fez, nem no resultado dellas — Peço