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2812 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

duvidas ou mesmo opposição a alguma disposição do projecto os restantes, mesmo d'estes sete, concordaram com essa, disposição.
Assim, por exemplo, o sr. Matos não quer doca de fluctuação; pois o sr. Adolpho Loureiro julga a conveniente. Só o sr. Couceiro e o sr. Pimenta de Castro manifestaram a opinião da conveniencia da adopção das pontes-caes ; todos os restantes te pronunciaram sem a minha hesitação pela adopção de um cães fixo avançado. O sr. Matos manifesta a principio hesitação sobre a fundação em lodos, mas essas hesitações attenuam-se pelos seus proprios calculos sobre a estabilidade das obras, etc.
Nunca realmente n'uma questão d'esta natureza as opiniões foram mais geralmente concordes do que na questão actual.
Mas as opiniões foram manifestadas no seio da associação ; esta pesou-as e comparou-as. Da apreciação e comparação de todas as opiniões emittidas resultou o parecer que foi approvado pela associação e enviado ao governo.
Eu não quero contribuir para que se traga para o parlamento a discussão que se travou sobre este assumpto na associação dos engenheiros civis.
Não é porque eu tenha receio d'essa discussão, porque embora sejam muito insignificantes os meus recursos, comtudo, na resposta formulada por talentos realmente elevados e por auctoridades verdadeiramente respeitaveis de cavalheiros muito conhecedores d'estes assumptos, encontraria argumentos valiosos que me secundariam n'essa discussão e na defeza do plano geral da commissão de 1883. Mas para que o hei de fazer? Pois não me bastará responder com a auctoridado da opinião da associação dos engenheiros civis, que é incomparavelmente superior á minha e que resultou do estudo e comparação de todas as opiniões emittidas sobre este assumpto?
Eu quereria ler aqui todo o parecer da associação, mas só o não faço porque a hora da sessão está muito adiantada e esta discussão vá e já muito longa ; e eu não quero demorar-me porque vejo muitos oradores inscriptos que seguramente virão esclarecer o debate e a quem tenho muito desejo de ouvir.
Pois n'esse parecer diz-se que na associação foi approvada quasi unanimemente a generalidade do plano da commissão de 1883; e no projecto de lei diz se que o projecto definitivo do novo porto será elaborado tendo em attenção o plano geral d'aquella commissão. Que mais querem?
O illustre parlamentar apresentou algumas objecções que foram suscitadas durante a discussão na associação.
Fallou nos lodos e na difficuldade das fundações a grandes profundidades. Eu poderia citar exemplos como o das docas de reparação de Toulon, onde a fundação desceu á 18 metros abaixo do nível do mar, o da ponte de S. Luiz no Mississipi onde as fundações desceram a 33,7 metros abaixo do nivel da agua; podia citar as fundações da ponte do Coura e da alfandega do Porto ; as opiniões do sr. Matos e do sr. Nery Delgado, etc.
Mas para que o hei de fazer se o parecer da associação dos engenheiras civis, que resultou, repito, da apreciação e comparação de todas as opiniões emittidas, nos diz sem hesitação que a construcção do cães avançado é exequivel?
Fallou tambem s. exa. na doca de fluctuação. E realmente a questão que mais ventilada foi na associação dos engenheiros civis foi a da conveniencia ou não conveniencia do estabelecimento de uma doca de fluctuação entre os novos melhoramentos.
Foi realmente a respeito da doca de fluctuação que se manifestaram mais duvidas. Mas quem nos diz que no plano geral das obras está comprehendida a doca de fluctuação? O que o parecer diz é que o governo fica auctorisado a adjudicar a construcção das obras, segundo o plano geral proposto pela commissão nomeada em 1883, comprehendendo caes marginaes, pontes girantes, docas de abrigo, de carga, descarga e reparação. Mas não diz cousa alguma de docas de fluctuação. (Apoiados.)
As docas de carga e descarga tanto podem ser de marés como de fluctuação. Devem ser de uma ou outra especie ?
Que ha vantagens de uma doca de fluctuação sabre unia doca de marés, é fora de duvida. A desvantagem unica da doca de fluctuação a respeito da de marés é o preço.
Pois se no projecto se falia apenas no plano geral e se não especificam detalhes, sono projecto definitivo que tem de ser elaborado é que se especificará. O estudo das vantagens e dos preços relativos dos dois systemas é que decidirá a adopção ou rejeição da doca do fluctuação.
Esta questão que foi muito debatida na associação dos engenheiros, não tem realmente opportunidade alguma n'esta occasião.
Mas ha sobre tudo tres argumentos que pesaram muito no espirito do illustre deputado e que derivaram para s. exa. da leitura das actas da associação.
Um d'esses argumentos é o da salubridade. Diz o illustre deputado que tinha duvida ácerca da salubridade por ver que ninguém respondera na associação ao argumento adduzido pelo sr. Pimenta de Castro. O argumento é simples: "Os canos de esgoto da cidade vão desembocar nos muros de caes actuaes, e as bocas d'esses canos ficam agora a descoberto durante as baixa mares, embora em praia-mares fiquem cobertas pela agua. Ficando as bôcas dos canos descobertas, durante as baixa-mares, entra por ahi o ar que vae ventilar a canalisação da cidade; mas o que succederá, se, construídas as obras, as bocas dos canos ficarem sempre debaixo de agua? Não haverá ventilação nos canos da cidade, e portanto as obras ainda aggravarão mais a salubridade d'esta cidade."
Tal é a summula do argumento que tanto preoccupa s. exa., e que, se realmente tivesse verdadeiro fundamento me daria uma grande decepção, a mim, que sempre imaginei que as obras, diminuindo os enlodamentoá da margem direita do rio, e fazendo carrear com uma velocidade rasoavel os despejos que por esses canos são lançados ao Tejo, contribuiriam muito para o melhoramento das condições hygienicas d'esta cidade.
Mas, realmente, se o argumento fosse producente, todos os processos modernos de saneamento nas grandes cidades desappareciam!
Vão todos os canos parciaes desembocar em grandes collectores que levam os despejos a grandes distancias, a algumas leguas de distancia d'essas cidades. Como é que o ar que entra no extremo d'esses collectores de muitos kilometros de comprimento, póde influir na ventilação dos canos parciaes das cidades que elles servem?
Mas se algumas duvidas ainda subsistem a este respeito, eu lembro um processo muito simples que remedeia todo o mal. Perto dos sitios em que os canos começam a ser banhados pelas aguas do rio, abrem-se uns buracos que abram a communicação para o ar exterior. Já entra o ar na canalisação; fica tudo remediado !
Outro argumento que é realmente muito importante para o illustre parlamentar, é o que diz respeito á conveniencia do serviço das fragatas. S. exa. não foi de certo muito feliz no exemplo que tomou, quando nos disse que o sr. Adolpho Loureiro, que em verdade é um engenheiro distinctissimo, e que tem uma auctoridade muito levantada em assumptos d'esta natureza, notara, na visita que ultimamente fez a algumas portos do mundo, que em Calcutá e Bombaim não havia docas, mas havia caes com guindastes aperfeiçoados, e que muitas vezes as descargas se faziam por meio de barcos ou fragatas.
Em primeiro logar, o sr. Adolpho Loureiro estranhou que isso succedesse; achou isso excepcional. Pois o illustre parlamentar quer exactamente a excepção para o porto de Lisboa!
Por excepção não ha docas e ha o serviço de fragata nos