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SESSÃO NOCTURNA DE 6 DE JULHO DE 1885 2945

vel o que só torne urgentissimo abandonal-o do todo e mas o que eu não creio é que seja agora o momento de seguir outro.
O adiantado da hora não me permitte ler á camara os apontamentos que trazia e com os quaes provaria o augmento progressivo do commercio e um crescimento extraordinario do riqueza nas nossas provincias ultramarinas durante os ultimos annos.
A provincia do Angola indica particularmente nos seus orçamentos um incremento prodigioso na receita que traduz o incontestavel desenvolvimento de civilisação n'este periodo de cincoenta annos. Quintuplicou-se o orçamento e cresceu prodigiosamente a riqueza publica. Só nos ultimos dois annos cresceram as receitas do todas as provincias ultramarinas mais de 300:000$000 réis.
O systema que consegue isto, não é inteiramente mau.
Quantos annos decorreram desde que es ultimou libertos desappareceram de Angela?
Dez annos apenas; este simples facto realça prodigiosamente o valor do progresso que se vê e se traduz nas mais variadas manifestações.
O systema o que não é, nem póde ser, é correspondente ás necessidades de hoje, e sobretudo ás de ámanhã, porque as exigencias cresceram, porque hoje é preciso melhor; mas não quer isso dizer que devamos abandonar tudo que fizemos e por de parte com intransigente rigor homens, idéas e tradições.
Creio que o nosso systema social, applicado á raça negra é bom; e não me fundo na propria experiencia, que não tenho, nem na palavra d'aquelles que por o terem applicado poderiam ser accusados de parciaes; fundo-me na opinião insuspeita de numerosos viajantes que o elogiam e que dizem, como Johnston, que só fossem negros quereriam estar debaixo do nosso dominio.
Esta affirmação do viajante, do pensador e do naturalista, do homem que estudou a Africa, não debaixo do ponto de vista estreito de uma, exploração mercantil, mas que a percorreu e cruzou, examinando tudo desde o solo o as suas riquezas, até á parte mais perfeita dos seres animados, deve-nos encher de orgulho.
Quando se affirma que do todos que têem colonisado o continente negro, somos nós os que melhor temos comprehendido o indigena e os que mais temos sabido aproveital-o, não creio que o nosso systema social seja mau.
(Interrupção.)
Perfeitamente de accordo; dê-me v. exa. tempo e meios e creia que farei tudo isso. Só ponho por condição que o trabalho ha do ser livre, porque só pelo trabalho livre é que uma raça progride. Este axioma custou bastante ao nobre marquez de Sá da Bandeira a fazel-o acolitar; luctou por longos annos a fim de convencer d'elle os espiritos rebeldes, que se lhe levantavam a cada passo na frente, proclamando as excellencias do trabalho regulamentado.
Quando ainda hoje ha descrentes, apesar de uma experiencia de dez annos, que tem provado as vantagens do systema, quer-se agora que do um momento para outro se lhe tirem todos os defeitos, quer-se a Africa civilisada como não está a mesma Europa?
Quer-se porventura agora, que de um momento para o outro se façam milagres?! Não creio que se possam fazer.
Venha tempo e o capital necessario, que alguma cousa se conseguirá.
Vejo que me estou consideravelmente afastando da discussão propriamente do projecto, mas, por uma rasão até certo ponto natural, não posso furtar-me a estas considerações, porque eu mesmo tenho em varia s occasiões censurado muitos pontos da nossa administração colonial, e um dos que mais censuro é exactamente aquelle a que acaba de referir-se o sr. Consiglieri Pedroso, a nossa organisação militar africana.
Desejo que a organisação militar africana se melhore, mas o que eu não creio é que seja agora o momento de irmos, justamente para o Zaire, enviar tropa europêa.
(interrupção que não se percebeu.)
Mas, se s. exa. o não disse, o que e facto é que e indispensavel que no Zaire haja alguma força; essa força, se não for composta de europeus, ha de compor-se necessariamente de negros.
Uma voz: - Mas não dos batalhões de Loanda.
O Orador: - Creio que no projecto não está mencionado do onde hão de ser os batalhões, e não me parece que tratando se anonas do uma força com a organisação de um batalhão, se possa antecipadamente censurar essa força, accusar se de erros que não podem ainda ter-se praticado e de faltas de que não lhe podem caber responsabilidades. (Apoiados.)
O que é facto, repito, é que não sendo a força composta de brancos, creio que não será composta senão de pretos, assim como creio que não está nada escripto que diga que a força ha de ser mal equipada, mal armada e mal commandada.
Ha ainda um outro ponto a que não posso deixar de referir-me, e é á secretaria da marinha, á machina; e vou referir-me a ella, porque a julgo um auxiliar valioso do governo. (Apoiados.)
Creio que a machina, tal como existe, produz de uma maneira extraordinaria, relativamente aos meios de que dispõe.
Antes de conhecer do perto o que era o ministerio da marinha e ultramar, não julgava que nas repartições publicas de Portugal se podesse trabalhar tanto, com tanto zêlo, dedicação e desinteresse, como se trabalha ali; não creio que n'outra qualquer parte, em qualquer das outras repartições do estado se encontre pessoal com maior boa vontade, e que cumpra cada um mais rigorosamente o seu dever do que n'aquelle.
Quando ouço as terriveis accusações que se fazem á direcção geral do ultramar, não posso deixar de lembrar-me de um facto que ha poucos dias levantou grande celeuma n'ambas as casas do parlamento.
Pedia-se agua, clamava-se por immediatas providencias, implora vá-se o restabelecimento do Alviella, como se Lisboa morresse á sede, e comtudo estavamos nas mesmas, se não em melhores condições que ha poucos annos, quando o Alviella ainda não tinha chegado a Lisboa.
Pui a dá-se o mesmo com o ministerio da marinha que se deu com o consumo da agua; cresceram as necessidades prodigiosamente; as exigencias tornam-se agora insupportaveis e os antigos meios já não bastam.
(Interrupção.)
Peço o Alviella para o ministerio da marinha. É preciso dilatal-o, augmentar consideravelmente os seus recursos; as necessidades cresceram, impoem-nos o dever, não de o transformar completamente, mas de o melhorar e augmentar. Não peço petroleo, não quero que se queime ninguem ...
(Interrupção.)
V. exa. comprehende perfeitamente o sentido das minhas palavras. O que peço simplesmente é que se alargue a machina, porque não póde produzir o trabalho que as circumstancias actuaes exigem. Isto é fatal, não depende nem de aptidões, nem de condições pessoaes.
Os homens que são empregados n'aquelle ministerio são funccionarios habilissimos, muito zelosos e muito conhecedores das exigencias do serviço. (Apoiados.) O que não é desempenhar alem do expediente ordinario o serviço immensissimo que hoje se exige para realisar uma transformação colonial. É preciso para isso que o pessoal seja muito mais numeroso e completo.
Vou concluir, mas antes preciso dizer que estou plenamente de accordo com a opinião emittida pelo sr. Consiglieri, Pedroso sobre a necessidade de um conselho ultra-