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honra de ser seu collega na commissão da reforma do arsenal, ler visto terra em que o nitro abundava em proporção vantajosa, e que tinha vindo para ensaio depois que dois officiaes tinham visitado o antigo castello e convenio de Aloura. Leu-se na mesa o seguinte

Proposta: — «Proponho que a verba de 1:800$000 réis que no orçamento são destinados á exploração das nitreiras de Mouta, seja applicada para compra de salitre. II — Julio Pimentel.

Foi admittida.

O sr. Presidente: — A proposta que se acaba de lêr, não propõe augmento nem diminuição de despeza, mas sim diversidade de applicação quanto a uma verba. Não sei se a camara a quer discutir já, ou se quer que vá á commissão de fazenda. (Vozes: — Vá á commissão de fazenda)

O sr. José Estevão: — Sr. presidente, ha occasiões em que nem todo o bem é possivel, mas isso não inhibe que qualquer situação politica deixe de cogitar os meios de uma boa organisação para os diverso» ramos do serviço publico, com menos abuso que visivelmente se conhece estar inveterado em alguns desses. Eu sinto discordar radicalmente das observações do illustre deputado o sr. Palmeirim sobre o fabrico da polvora em Barcarena. Quando o governo se faz fabricante, digo quando manda fabricar por sua conta, não póde ser considerado senão como outro fabricante qualquer. Em geral não ha capitães, nem majores, nem brigadeiros, que constituidos em auctoridade possam administrar bem aquillo de que elles não intendem. O que é preciso saber, é se a polvora se fabrica com todas as condições. O illustre deputado disse que a fabrica da polvora não tinha bastante espaço para fazer a manipulação, depois que alli se acha estabelecida uma fabrica de seda. Posso dizer ao illustre deputado que não ha falla de espaço, o«que ha é falta de zelo; e não me refiro ao empregado que se acha á esta da repartição, debaixo de cujas ordens esta fabrica se acha; mas o que é certo o que não se tem procurado dar desenvolvimento a um ramo de industria que póde ser de grande proveito. Sr. presidente, eu concordo que alguns ensaios se tem feito para melhorar o fabrico da polvora, assim como confesso que hoje se faz melhor polvora do que antigamente, intendo comtudo que é preciso e possivel aperfeiçoal-a ainda mais: póde ser que os materiaes não sejam fornecidos em quantidade, nem tambem os mais appropriados, mas é isto o que convem averiguar a fim de que tiremos desta industria todos os resultados possiveis, e lhe demos o desenvolvimento que ella tanto carece. A nossa polvora ainda faz muita differença da de outras nações. Se nós hoje por exemplo tivessemos um conflicto com qualquer nação, e nos chegassemos a bater com o inimigo, estou persuadido que os nossos soldados haviam de ser feridos primeiro, porque a nossa polvora não tem o alcance da polvora estrangeira: e era um escrupulo de consciencia, era uma barbaridade obrigar os nossos soldados a serem feridos antes de poderem disparar um tiro, porque já se vê que era uma inutilidade atirar um tiro para um sitio, aonde a polvora não tinha alcance.

Sr. Presidente, parece-me desnecessario fazer reflexões sobre este ponto, é um ramo de industria que póde ser muito lucrativo para o estado, e logo que o governo faça polvora mais barata do que os particulares, o contrabando cessará, e não será necessario ir malar os bichos de seda que habitam ao pé da fabrica de Barcarena, como pertendeu inculcar o sr. deputado Palmeirim. Não me posso convencer, não é possivel que seja por causa da fabrica da seda que existe junta á fabrica da polvora, que esta não manipule melhor; estou convencido que as causas são outras, talvez aquellas que já mencionei. Eu peço ao nobre ministro da fazenda que tem o animo absolutamente desprendido pela sua novidade na vida publica, que quer o bem, assim como nós todos, e o deseja com toda a energia, que no intervallo das sessões mande fazer uma estatistica a respeito deste ramo de industria, para que conhecendo-se aonde está o mal, elle se possa remediar, e tirarmos ainda desta industria uma grande fonte de receita para o estado.

Sinto muitissimo que o illustre deputado que é um homem de armas e de letras, porque é preciso fazer esta distincção, e o illustre deputado tem estas duas qualificações sem as quaes os militares não são creaturas muito para aturar, sinto muito que o illustre deputado não podesse resolver o problema senão pela maneira que indicou, isto é, deixando de ser visinhas a fabrica da seda e a fabrica da polvora. Digo que o governo faria muito bem se no intervallo da sessão tomasse todas as medidas para que o fabrico da polvora fosso melhorado e augmentado: o official que tal está, tanto quanto eu posso julgar o seu serviço, tem muito zelo e effectivamente tem feito alguns adiantamentos; não ha duvida nenhuma que lá ha amostras de polvora; talvez 6 arrobas della.

Nós temos a escóla polytechnica, temos a escóla militar e esta é uma escóla de applicação; talvez fosse util juntar ao curso de cavallaria, infanteria, artilheria e engenheria, ao menos das armas scientificas, o curso desta especie, e que alguns officiaes fossem dar um passeio pela Europa para que vissem como se fazia polvora. Eu sei que isto offende; porque a maior parte da gente cuida que estamos adiantados em tudo, e que os estrangeiros se tem esquecido de vir aprender entre nós.

O sr. Castro e Lemos: — Sr. presidente, eu não costumo entrar nas discussões, deixo esse trabalho aos srs. deputados que com mais conhecimento e habilidade o podem fazer; porém nesta occasião, visto que se tracta de um objecto em que posso informar alguma cousa, darei algumas informações de facto em relação a um objecto que póde muito concorrer para a barateza e bom fabrico da polvora. Em Moura houve uma fabrica de salitre e alguem foi alli enviado para investigar a quantidade que podia produzir; e aquelle estabelecimento que podia prosperar se se fosse auxiliado, o facto é que se abandonou como tem acontecido a muitas outras cousas. Ha 2 annos consta-me que foi alli mandado um official de engenheiros para colher novas informações. Ouço agora dizer que o salitre que alli se fabrique, não poderá ficar mais barato do que aquelle que se compra. Quero mesmo admittir que assim fosse; ainda que nos ficasse pelo mesmo preço, em todo o caso intendo que grande vantagem se tiraria de ser fabricado dentro do paiz (Apoiados). Ora na villa de Aloura ha um antigo castello que tem proximas algumas terras, das quaes se póde tirar uma grande porção de salitre com muito pouco trabalho, o esta mesma terra depositada, passados annos, torna a servir outra vez com a mesma vantagem, e ainda ha