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Discurso que devia ter logar na sessão de 11 do corrente a pag. 2837, col. 1.ª, lin. 78

O sr. Gavicho: — Seguindo as praxes parlamentares e prescripções do regimento d'esta casa, tenho de começar o desalinhavado discurso que vou ter a honra de pronunciar hoje pela leitura da minha moção de ordem (leu).

Para sustentação d'esta proposta permitta-me a camara que eu siga, senão todas, ao menos as principaes considerações que um dos mais illustres oradores parlamentares d'esta epocha, o sr. Fontes Pereira de Mello, nos apresentou em tres excellentes discursos, ou n'um discurso de tres dias.

Nunca precisei tanto da benevolencia da camara. Nunca me vi em posição tão embaraçosa. Ainda soam as palavras eloquentes de um athleta da tribuna, laureado sempre nas lides do genio, e a elle me sigo eu o mais humilde dos membros do parlamento portuguez. Senão tivesse a verdade por minha banda, senão me escudasse com ella, não entraria na questão. A verdade porém desataviada de galas triumphará da eloquencia do meu illustre adversario. Apesar porém de estar profundamente convencido de que a verdade está do nosso lado, é sempre difficil a posição do deputado que pretende captar a attenção da camara depois d'ella ter acabado de ouvir um dos seus mais illustres oradores, como por certo é o sr. Fontes Pereira de Mello. Coube-me porém a palavra agora, e hei de deixar de dizer o que entendo sobre a novação do contrato do caminho de ferro do sul e sueste? Cumprirei como souber o meu dever.

Começou o nobre ministro da fazenda o seu discurso fazendo o elogio dos caminhos de ferro. Declarou-se enthusiasta por este poderosíssimo instrumento da civilisação e do progresso. Como s. ex.ª, tambem eu me enthusiasmo diante da locomotiva. Quando ouvi esta parte do discurso do nobre ministro ensoberbecime, porque n'este ponto ao menos corria parelhas com s. ex.ª, collocava-me hombro a hombro com s. ex.ª, e não lhe reconhecia primazia.

O caminho de ferro que dá impulso e vida ás industrias que estavam semi-mortas, que aviventa a producção, que augmenta a riqueza, que reduz á quinta parte a area do territorio, que distribue a população, que põe os poderes publicos em contacto com os administrador, que aperta as relações sociaes, que deita a terra as barreiras que separavam nações, é um grande instrumento de progresso e civilisação.

Eu, que sou um grande admirador de Michel Chevalier, acho-o mesquinho quando falla de caminhos de ferro. Debaixo do ponto de vista economico, financeiro, administrativo, politico, social, o caminho de ferro está acima dos elogios de Chevalier, de Depuit, de Lardiner, de toda essa plêiade de economistas, de financeiros, de publicistas, de pensadores, de estadistas, que se extasiam diante d'este invento que honra o seculo em que vivemos. Zombar do tempo e do espaço! Economisar o tempo, o tecido da vida, o primeiro dos capitães, encurtar o espaço! O caminho de ferre faz estes milagres. Mas para que veiu este elogio ao caminho de ferro? Quem ha hoje que duvide das suas grandes vantagens? Quem, sr. presidente, hoje, no anno de 1865,