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linha tenção de fallar segunda vez nesta materia, por que intendo que, depois do que tão brilhantemente disse o sr. Basilio Alberto, de certo a camara devia julgar a materia sufficientemente discutida; mas não posso deixar de responder no que disseram os srs. Justino de Freitas e Cazal Ribeiro, e como são passadas 41 horas, passou o fogo para mais quietamente me poder desaffrontar.

Respondendo primeiramente ao sr. Justino de Freitas, de quem sou amigo desde que o conheço, e em quem reconheço grandes qualidades, observarei, que o sr. deputado intendeu, que eu lhe queria fazer uma censura, quando, da primeira vez sustentei, que a verba de 9:500$000 réis, dada para os estabelecimentos da universidade, fosso elevada a 12:000$000; quando não fiz censura alguma, nem as desejo fazer, porque me esforço sempre por ter grande numero do amigos, e nunca para os perder.

Não poderia nunca fazer uma censura ao sr. deputado, porque sempre tem apparecido em campo defendendo a universidade, já na imprensa, já na camara, todas as vezes que tem tido nella assento; o, longe de lhe querer fazer censura, o meu unico fim, era chamal-o em meu apoio; e consegui-o; sendo o primeiro a reconhecer a justiça da minha proposta, dizendo até, que linha sustentado na commissão, não só que não eliminassem a verba, mas antes a augmentassem. Porém não posso deixar de notar que, tendo advogado tão bons principios, o sr. deputado não se assignasse vencido, no parecer da commissão, sem, com tudo, querer, com isto, dizer que o sr. deputado não seja o primeiro defensor da universidade.

Parece-me que o sr. deputado ficará satisfeito com esta minha declaração, que é franca e leal.

Allega o illustre deputado, que a commissão não sabia como supprir o deficit, augmentando-se a despeza, como eu pertendo; porém nunca esperei ouvir; que, porque ha deficit, não se dê o necessario para os estabelecimentos da universidade, entrando nestes os hospitaes, a que recorre a classe mais miseravel da sociedade. Se, por ventura, se querem economias, façam-nas no orçamento, na parte em que é possivel fazerem-se em grande, e até reclamadas ha muito pela opinião publica; porém o que vejo é, que algumas que foram apontadas por mim, e por outros deputados, não foram admittidas pela commissão; e sem economias nada se póde fazer, porque o povo não póde, nem deve, pagar mais.

Disse o sr. deputado por Coimbra, que as auctoridades nada tinham feito a respeito de uma portaria que lhe foi remettida do ministerio do reino, querendo assim tomar a culpa a essas auctoridades; porém não posso deixar de tomar a defeza da? dignas auctoridades a que s. ex.ª se refere, porque são os dignos e intelligentes vice-reitor da universidade de Coimbra, e governador civil, e tanto a uma como a outra são immerecidas essas censuras, porque estas auctoridades não tem ao seu dispor os cofies do districto, para que possam supprir a miseria, e as fallas que ha nos hospitaes.

Tambem se disse que o districto e a misericordia deviam concorrer para os hospitaes: mas em quanto não concorrerem, os doentes hão-de morrer á falta de soccorros. Quando a verdade é tão sabida, como no caso presente, o esperar pelas formulas é uma chicana

Accrescentarei ainda, que soube por um distincto estudante que frequenta a faculdade de medicina, que o numero de doentes é de 300 a 400, e se não ha mais é porque os não acceitam; e não os acceitam, porque não tem meios; chega a miseria a ponto lai, que nem ha camas, estando até dois doentes na mesma cama, e pouparem-se as bixas, quando se devem lançar tres duzias, deitam-se duas duzias, e assim nos mais remedios.

Queria que na camara estivesse o meu honrado amigo o sr. Antonio Joaquim Barjona, porque se estivesse, cederia da palavra para elle fallar, porque como membro, e digno membro da faculdade de medicina, levantaria a sua voz a favor daquelle estabelecimento, porque nem outra cousa se podia esperar de um cavalheiro tão honrado, intelligente e liberal, e de quem me preso de ser amigo verdadeiro.

Disse-se que se não tinham apresentado representações das auctoridades e da propria faculdade de medicina; mas de que valem representações, quando se não querem fazer as cousas? O actual governador civil tem feito tudo quanto tem podido a favor do hospital, e aqui lhe quero dar os mais sinceros e cordiaes agradecimentos pela maneira porque tem tractado dos expostos; porque nos tempos anteriores a elle entravam 50 expostos, e morriam 40 e muitas vezes mais.

Hoje apenas morrem 2 ou 3, e no mez passado nenhum, o que mostra o cuidado desta auctoridade.

Sr. presidente, eu disse que não havia livros modernos na livraria, e nem jornaes litterarios e scientificos, e não só o repito, mas ainda digo mais, que nem os nacionaes alli existem; e as obras do visconde de Santarem, se lá estão, é porque as pedi para a bibliotheca da universidade, e hoje recebi uma participação do digno prelado daquella corporação, em que me pede, não só que agradeça, em nome da universidade, ao ex.mo sr. ministro dos estrangeiros, que está presente, mas além disso, remettendo-me o recibo que acabo de entregar a s. ex.ª; e assim já vê a camara, que não existem alli os livros dos portuguezes, que o governo manda imprimir por sua conta; e como quer que existam obras estrangeiras, quando não ha real?

Sr. presidente, resta-me responder ao nobre deputado o sr. Cazal Ribeiro, o qual sinto que não esteja presente; e declarando que sou amigo deste cavalheiro ha muito tempo, admirando o seu talento, não do agora, más do tempo que o vi frequentar a faculdade de direito, na universidade de Coimbra; e vendo a maneira porque se apresentou no anno passado nesta camara, tractando todas as questões, em que fallou, o melhor possivel; e vejo como tem andado este anno.

Foi por todos estes motivo», que quando quiz sustentar as minha propostas relativas á guarda municipal de Lisboa, citei o nome deste talentoso cavalheiro, mas não citei só este; fallei no nome dos meus amigos os srs. Vaz Preto, José da Silva Passos, Holtreman, e Faustino da Gama; e seria isto insinuação? De certo não: foi para fortalecer a minha fraca e debil opinião; mas o sr. deputado, que estava talvez com algum ataque nervoso, espinhou-se ao ponto que a camara viu; e não estando disposto a ser reprehendido pelo nobre deputado, responderei ao que disse, que se bem me lembro, foi que — rejeito as suas insinuações, e tudo quanto possa vir do nobre deputado.